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O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 331

Celina transcorria em tranquilidade em sua mansão. O sol atravessava as janelas amplas da sala principal, onde ela permanecia sentada no imenso sofá de linho claro, com as pernas esticadas sobre as almofadas e o notebook apoiado nas coxas. O som das teclas preenchia o ambiente silencioso. Com o parto das gêmeas se aproximando, Celina tentava adiantar o máximo possível de seu novo livro. Estava imersa em uma cena emocional quando a campainha tocou.

A empregada, apressada, atravessou o hall de entrada e abriu a imponente porta de carvalho maciço. Ao vê-la, engoliu seco.

— Senhora Celina... a senhora Emma está aqui — anunciou, um tanto hesitante.

Celina parou de digitar. Os dedos suspensos no ar. Respirou fundo antes de erguer os olhos do notebook. Sua expressão endureceu.

— O que a senhora está fazendo aqui? — perguntou, a voz firme, o olhar frio.

Emma se aproximou, hesitante, mas com uma dignidade ferida nos olhos.

— Precisamos conversar, Celina. Eu não aguento mais esse silêncio, essa recusa em me ouvir. Por favor minha querida...

Celina se levantou devagar. O notebook foi deixado de lado no sofá. Ela cruzou os braços sobre a barriga proeminente.

— Conversar? A senhora quer conversar agora? Será que eu não fui clara em dizer que não temos nada para falar? — a voz dela ganhou uma carga de dor e fúria. — A senhora não teve nem a decência de me olhar nos olhos quando eu nasci. Me jogou fora como se eu fosse um objeto descartável. Uma boneca quebrada!

Emma levou a mão ao peito, emocionada.

— Minha filha, eu te amo tanto... Você não sabe o quanto foi difícil. O quanto eu sofro até hoje. Eu era só uma menina imatura, sem nada, com medo, sozinha...

— EU NÃO SOU SUA FILHA! — gritou Celina, em um rompante de dor. O som ecoou pelas paredes da mansão.

Thor, que estava no andar de cima, desceu correndo. Ao entrar na sala, olhou para as duas mulheres, confuso.

— O que está acontecendo aqui? — perguntou, tentando manter a calma. Cumprimentou Emma com um aceno de cabeça respeitoso. — Senhora Emma.

Celina apontou para a porta.

— Amor, tira essa mulher daqui. Agora.

Thor se aproximou dela, segurando suavemente os ombros da esposa.

— Minha vida, por favor... escuta. Dá uma oportunidade para a sua mãe. As nossas filhas estão quase chegando. Olha como vai ser bom você ter sua mãe ao seu lado, te ajudando...

Celina olhou para ele, ferida.

— Eu te proíbo de tentar forçar uma aproximação, amor. Você me prometeu que respeitaria meus limites.

Emma deu um passo à frente, com os olhos marejados.

— A menina que você viu no restaurante... ela é neta do James. É filha apenas dele. Eu só tive você, meu amor.

Celina a encarou com frieza.

— Então a senhora descartou sua única filha? Que tipo de ser humano é a senhora?

Emma abriu a boca, mas nenhuma palavra saiu. Celina continuou:

— Nem se eu estiver morrendo, eu vou conseguir perdoar o que fez. Nunca — disse Celina, com os olhos marejados, mas a voz firme. — Você não me perdeu agora, Emma... você me perdeu no dia em que me deixou sozinha no mundo como se eu fosse nada.

Ela soluçou.

— Eu não consigo, Thor... simplesmente não consigo — disse Celina, com a voz embargada. — Meus pais adotivos foram incríveis, me deram tudo, amor, cuidado... mas mesmo assim, sempre teve um vazio dentro de mim. Uma sensação de abandono que eu nunca soube explicar.

Ela respirou fundo, tentando conter as lágrimas.

— Agora eu entendo... era ela. Era a ausência dela. Saber que minha mãe biológica existia, mas escolheu viver sem mim... isso me dilacera por dentro. Eu sinto uma revolta dentro de mim incontrolável.

Ela balançou a cabeça, revoltada.

— Como se simplesmente não ter me criado a tornasse inocente. Mas não é só isso, Thor... é a escolha de não me querer. E isso... isso dói de um jeito que nem sei explicar.

— Eu te entendo. Mas tenta, meu amor. Com calma, no seu tempo. Agora vamos... tomar um banho de banheira. Com direito a massagem, carinho, tudo que você quiser...

Ela assentiu em silêncio, deixando-se embalar pelo cuidado de Thor.

Enquanto isso, no Brasil, Zoe descia do Uber com os olhos ardendo de ódio. O hospital diante dela parecia um campo de batalha. Respirou fundo, atravessou a recepção sem dizer uma palavra. Elevador. Corredor. Porta.

Entrou.

Arthur estava deitado na cama do hospital, o celular em mãos, tentando se distrair da dor que ia muito além do corpo. Quando a porta se abriu, ele ergueu os olhos com desinteresse — mas congelou ao reconhecê-la. O aparelho quase escorregou de seus dedos. Não esperava vê-la ali, não depois de tudo. A surpresa deu lugar a uma pontada de culpa, e os olhos, antes vazios, se encheram de um arrependimento mudo. Por um momento, ele sequer conseguiu respirar direito. Apenas a encarou, como se ainda duvidasse que ela estivesse mesmo ali.

— Linda?

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