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O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 332

Ela estava ali. Em pé, encostada na porta, como um furacão prestes a atingir o que restava dele. Mas, ao mesmo tempo, havia algo nos olhos dela — um traço de espanto.

Porque Zoe também congelou.

Ela havia vindo carregada de raiva, pronta para gritar, cobrar, ferir. Mas o que viu naquele quarto foi um homem quebrado. Um corpo frágil. Um rosto onde toda a felicidade havia sido apagada, substituída por um vazio profundo. O homem que ela amou um dia estava irreconhecível. E isso, de alguma forma, também a feria.

Ela respirou fundo, como se tentasse domar o vendaval dentro do peito. Mas seus olhos não perdoavam.

— Não me chama assim — ela disse, a voz fria. — Então é isso... — murmurou, com a voz baixa, mas carregada de mágoa. — Mesmo depois de tudo, ainda quer me controlar? Achou que eu ia me comover com isso?

Arthur olhou para o teto por um segundo, tentando respirar, tentando não gritar sua dor, não implorar perdão. Mas ele não podia recuar. Não depois de tudo que já tinha feito.

— Não é controle. É responsabilidade. Eu destruí muita coisa, Zoe. O mínimo que posso fazer é tentar deixar algo certo antes de te deixar livre.

Zoe cruzou os braços.

— Você não entendeu. Eu não quero o seu dinheiro. Eu não quero a sua culpa disfarçada de favor. Você tirou de mim o direito de escolher! De decidir se eu queria isso! Você me enganou, Arthur.

— Estou fazendo o que acho que é melhor...

— O melhor pra quem, Arthur?! Pra mim? — ela avançou um passo, os olhos em chamas. — Você acabou comigo! Você acabou com a minha vida, com tudo que eu era, com tudo que nós tínhamos!

Arthur fechou os olhos por um segundo. Aquilo era uma faca cravada no peito. A culpa era um fardo que ele carregava em silêncio.

— Eu sinto...

— Não sente! — gritou Zoe. — Se sentisse, você não teria feito! Se sentisse, não estaria impondo condições agora, me amarrando a mais uma decisão que você quer tomar por mim!

Ele respirou fundo, com esforço, a voz embargada:

— Zoe, a questão não é te amarrar a mais uma decisão.

Ela se aproximou da cama, os olhos cheios de uma fúria amarga, misturada com lágrimas que ela se recusava a derramar.

— Eu não quero o seu dinheiro. Não quero o seu arrependimento embrulhado em apartamento de luxo e pensão vitalícia. Não quero sua culpa, nem sua tentativa de redenção. Eu só quero uma coisa de você: o divórcio. E minha liberdade.

Arthur desviou o olhar por um segundo, tentando manter-se frio. Mas a dor nas palavras dela atravessava sua armadura.

— Eu não posso te dar isso... não assim. Não sem garantir que você vai sair dessa com algo.

— Algo? — Zoe sorriu com amargura. — Você acha que algum valor material compensa tudo o que você fez? Você destruiu a minha vida, Arthur! E agora acha que pode lavar as mãos com um acordo?

Ele respirou fundo, com esforço, a voz embargada:

— Eu sei o que fiz. E é por isso que estou tentando, de alguma forma...

— Reconhecer? — ela sorriu, amarga. — Você sequer teve a dignidade de me dar o direito de saber a verdade quando ainda havia tempo. Você destruiu tudo. Me traiu. Me fez de idiota. E agora quer posar de redentor? Estou lidando com um narcisista ou um bipolar?

Ela se aproximou mais da cama, os olhos fixos nele como se buscasse ali algum resquício do homem que um dia amou. Mas tudo o que via era ruína.

— Eu não quero sua pena. Não quero seu perdão. Quero distância. E você... — sua voz oscilou — você ainda quer decidir como eu devo sair da sua vida?

Arthur tentou controlar o tremor nas mãos.

— Zoe, eu nunca quis que terminássemos assim. Mas se você soubesse de tudo, teria ido embora do mesmo jeito. Eu tentei te poupar.

— Me poupar? — ela gritou. — Você me arrancou! Me arrancou de mim mesma! Você acha que me poupou? Você ME MATOU e deixou meu corpo respirando!

O silêncio caiu como um trovão entre eles. Arthur desviou os olhos. Não conseguia sustentar o olhar dela. Porque ela tinha razão.

— Quando você dormiu com ela... com a Sabrina… foi só sexo pra você? Ou foi ego? Ou foi a sua covardia tentando esconder quem você realmente é?

Arthur não respondeu.

Ela virou o rosto por um segundo, tentando conter o choro. Mas uma lágrima escapou. Apenas uma. E isso a fez se odiar.

— Você destruiu minha vida. Me tirou o chão, a fé no amor, em mim. E agora quer que eu aceite tudo isso? O que eu fiz pra merecer tudo isso, Arthur?

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