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O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 333

Arthur falou com esforço:

— Eu me odeio por tudo. Por cada mentira. Cada omissão. Por não ter te dado escolha. Mas, infelizmente, não tenho como voltar no passado e mudar tudo. Você vai encontrar um homem bom, Zoe, que vai te amar, te respeitar e te fazer feliz.

— Não adianta se odiar agora, Arthur. Você deveria ter pensado nisso quando deitou com ela. Quando achou que podia controlar tudo. Eu não sou mais aquela mulher cheia de sonhos, que acreditava no amor. Aquela mulher divertida que um dia você conheceu. Ela morreu. Você acabou com ela.

Ela virou as costas por um momento, ofegante, tentando se recompor. Mas então viu o envelope sobre a mesa lateral, com a descrição DNA. Seus olhos pousaram ali, quase como um ímã. Pegou com mãos trêmulas. Abriu.

Exames. Ultrassom. Nome de Sabrina no cabeçalho.

Seu corpo gelou.

Ela virou lentamente para Arthur, os olhos arregalados, a respiração presa no peito.

— É verdade, então? — a voz saiu como um sussurro rasgado. — Você vai mesmo ter um filho com ela? Ela não estava mentindo!

Arthur não respondeu. Apenas sustentou o olhar, como se pedisse desculpas com o silêncio.

Zoe sorriu, uma risada amarga, quebrada.

— Que ironia, não é? Você destrói o meu sonho de ter uma família, de ser mãe um dia... e dá um filho pra ela. — Ela abaixou o papel lentamente. — Parabéns, Arthur. Você superou qualquer dor que um ser humano poderia causar ao outro.

Ele apertou os olhos, tentando conter as lágrimas. Mas não disse nada.

— Me responde! — gritou. — É isso mesmo?! Vai assumir o filho dela enquanto me deixa em pedaços?

— É o mínimo que posso fazer — murmurou ele, com a voz embargada. — Não posso apagar o que fiz com você. Mas posso tentar ser melhor agora...

— Ser melhor?! Pra quem? Pra ela?! — os olhos de Zoe se encheram de lágrimas. — Eu fui tudo pra você! Eu te amei, me entreguei, confiei em suas promessas. E você me trocou, me enganou, me enganou como se eu fosse... descartável.

Arthur sentiu cada palavra como um golpe. Mas continuava ali, firme, como se suportar aquela dor fosse parte de sua penitência.

— Eu vou te dar o divórcio, Zoe. Mas nas minhas condições. Não por vingança. Por proteção. Porque eu preciso garantir que você não vai sair destruída disso. Mesmo que você me odeie pelo resto da vida.

— Vai me proteger me pagando pela minha dor?

Eu já odeio! — gritou ela, com a voz embargada. — E mesmo odiando, ainda dói. Você tem ideia do que é isso? De odiar alguém com todo o seu coração... e ainda assim sentir saudade? Sentir falta de quem ele foi um dia?

Ela caiu de joelhos, as lágrimas escorrendo livremente agora. Arthur tentou se mover, mas o corpo não respondia. Ele apenas observou, imóvel, como um prisioneiro do próprio erro.

— Eu queria tanto te esquecer — disse Zoe entre soluços. — Queria apagar cada lembrança. Mas elas voltam, Arthur. Elas sempre voltam...

Zoe soltou uma risada amarga, o olhar brilhando de mágoa e sarcasmo.

— Ah… entendi. Então é isso? Você destrói minha vida, quebra meu coração em mil pedaços, me arranca tudo o que eu era… e agora quer me proteger? Que cavaleiro nobre. — Ela balançou a cabeça devagar, o rosto tomado por dor. — Vai me proteger com o quê, Arthur? Com dinheiro? Um acordo recheado de zeros pra compensar as noites em que eu não estou conseguindo dormir, o vazio que você deixou, a humilhação?

Ela se aproximou da cama, os olhos fixos nele.

— Você quer me garantir uma saída “menos destrutiva”, mas já me destruiu inteira. E agora quer aliviar sua culpa com um acordo. Como se a sua consciência pudesse ser lavada com cifras. — Ela sorriu, trêmula. — Você realmente acha que consegue medir em dinheiro o que eu perdi? O que você tirou de mim?

Ela se afastou um passo, cruzando os braços.

— Sabe o que eu acho, Arthur? Que essa proteção toda não é por mim. É por você. Porque você não quer viver com o peso do que fez. Você quer uma saída elegante… pra não ter que encarar o estrago. Mas adivinha? Não existe saída limpa quando se j**a alguém no inferno.

Zoe ficou um pouco tonta, se apoiou na cama. Arthur, desesperado, disse:

— Zoe, senta um pouco. Vou pedir ajuda.

Zoe respirou fundo, o olhou e disse:

— Eu não quero sua ajuda. Eu não quero sua dignidade. Eu não quero sua culpa travestida de favor. Eu quero ficar livre. Eu quero me reconstruir longe do seu nome, do seu toque, da sua história.

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