Dois meses se passaram desde a manhã em que Zoe travou, incapaz de se entregar a Arthur. Naquele momento, Arthur compreendeu que só o amor não bastava: era preciso enfrentar os traumas que se acumularam entre eles com ajuda de um profissional. Foi então que sugeriu que fizessem terapia de casal. Zoe relutou no início, mas cedeu. E desde então, semanalmente, eles se sentavam diante da terapeuta, desnudando suas dores, mágoas e medos.
Desde então, todas as semanas, eles sentavam diante de uma terapeuta desnudando suas dores, mágoas e medos. Ali, cada sessão era como abrir feridas antigas, escancarar o que foi dito — e o que ficou engasgado. Choravam. Gritavam. Zoe dizia que queria matá-lo às vezes. Arthur tentava manter a calma, mas também chorava, se culpava, se defendia. Teve noites em que ele acordava com o som contido dos soluços de Zoe, chorando de costas para ele na cama. Ele a olhava em silêncio, dividido entre o medo de perdê-la de novo e a certeza de que estava fazendo tudo o que podia.
Foi numa dessas sessões mais intensas que Zoe finalmente contou sobre o dia em que Sabrina foi até seu trabalho. Contou entre gritos e lágrimas como se sentiu invadida, humilhada, atingida na sua dignidade. Arthur ficou em choque. Não sabia. Zoe não havia falado. Nem em casa, nem nas discussões, nem nos silêncios. Mas, naquele dia, Arthur percebeu algo diferente: a Zoe “doidinha”, aquela que não levava desaforo pra casa, começava a ressurgir das cinzas.
Enquanto seu coração ainda cicatrizava, Zoe percebeu que também precisava investir em algo que fosse só dela. Não abria mão da própria independência financeira. Depois de muita reflexão, tomou uma decisão: abriria seu próprio negócio — algo que Arthur sempre a incentivara a fazer, ainda antes do casamento. Ela conversou com Thor e deixou claro que, após a licença-maternidade, não retornaria ao antigo trabalho. Seu filho estava prestes a nascer, e Zoe queria estar presente, sem colocá-lo em creche, sem deixá-lo sozinho com babá, e sem sobrecarregar os avós. Com o apoio e a ajuda de Arthur, abriu sua própria empresa de consultoria contábil voltada para pequenas empresas. Já havia começado a trabalhar nos fins de semana, em home office, e se sentia mais viva por isso.
Naquela sexta-feira, Arthur chegou tarde do hospital. Estava exausto, os ombros tensos, o pescoço dolorido. Ele seguia atuando na parte administrativa da neurocirurgia do hospital, revezando com sessões de fisioterapia intensiva. Assim que entrou na cobertura recebeu uma mensagem de Zoe.
“Vou dormir na casa da minha mãe. Qualquer coisa me liga.”
Arthur foi direto para o quarto, deixou a mochila sobre a poltrona, e foi para o banheiro. Ficou um bom tempo sob a água quente do chuveiro, tentando aliviar o cansaço do corpo e a tensão dos últimos dias. Pensava em Zoe o tempo todo. Nas últimas semanas, ela parecia mais presente, mais sorridente. A barriga já estava bem visível, linda, como um lembrete silencioso de que a vida renascia ali dentro.
Ao sair do banho, vestiu uma calça de moletom leve e foi até a cozinha, pensando em preparar um lanche rápido. Mas, ao cruzar a sala de jantar, parou abruptamente.
Zoe estava ali.
Linda, Zoe vestia um vestido amarrado suavemente na cintura, que valorizava com graça sua barriga já arredondada. Os cabelos estavam soltos, caindo em ondas suaves sobre os ombros, e os olhos realçados com uma maquiagem leve, mas encantadora. A mesa estava posta com perfeição: louças brancas, guardanapos de tecido bem dobrados, duas taças com suco de uva espumante e, ao centro, duas velas acesas criando um clima acolhedor e romântico.
Quando Arthur entrou e a viu ali, parou no mesmo instante. Ficou alguns segundos apenas observando, como se tentasse entender se aquilo era real ou parte de um sonho.
— Amor...? — murmurou, surpreso. — Você não estava na sua mãe?
Zoe inclinou a cabeça levemente para o lado, franzindo o cenho e cruzando os braços com uma expressão falsamente ofendida.
— E você aceitou minha decisão sem nem ao menos questionar? Nossa, a coisa está feia pro meu lado... — disse, fazendo um bico teatral. — Pelo visto, você não sente mais minha falta. Tô igual arroz de micro-ondas: prático, mas facilmente substituível.
Arthur soltou uma risada baixa, aproximando-se.
— Não é isso, amor. Tive um dia tão exaustivo que, quando li sua mensagem, pensei em tomar um banho rápido pra depois te ligar com calma. E sim, sinto falta de você em todos os sentidos possíveis. — disse, com um olhar que misturava carinho e provocação
Zoe levou a mão ao peito e fingiu alívio, como uma atriz dramática.
— Ufa! Então minha situação não está tão crítica quanto eu imaginava. — sorriu. — Você aceita jantar comigo?
Zoe sorriu, meio sem graça, mas com os olhos brilhando de afeto e entrega. O toque dele, a voz baixa e cheia de intensidade, tudo nela reagiu. Um arrepio percorreu sua espinha, fazendo-a prender a respiração por um segundo. Tentou responder, mas a voz saiu entrecortada.
— E-eu... — pigarreou, ajeitando o cabelo atrás da orelha, tentando disfarçar o nervosismo que a tomava por completo. — A gente... a gente devia jantar antes que o suco esquente, né?
Arthur sorriu baixo, satisfeito com o efeito que ainda causava nela.
— Vamos, meu amor — disse, girando suavemente as rodas para se aproximar da mesa, os olhos ainda colados nela, cheios de ternura e desejo.
Sentaram-se para jantar. Havia risoto de camarão com toque de limão-siciliano, lascas de parmesão e aspargos grelhados. Ao lado, um cestinho com pães quentinhos e manteiga temperada. A sobremesa, coberta por uma cúpula de vidro, exibia taças de mousse de chocolate com pedaços generosos de morango fresco por cima.
A conversa fluiu suave, entre risadas e trocas de olhares intensos. Às vezes, pegavam o mesmo pão ou se encontravam tentando servir um ao outro ao mesmo tempo, fazendo os dedos se tocarem e, nesse toque, havia um carinho silencioso, uma eletricidade gostosa demais pra ser ignorada.
— Esse risoto... — disse Arthur, saboreando a garfada com prazer. — Está melhor do que muito restaurante por aí.
— A Cleide ajudou... — respondeu Zoe, tentando parecer modesta.
— Ajudou ou fez? — provocou ele, levando mais uma garfada à boca, sem tirar os olhos dela.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR
depois que começou a cobrar ficou ruim seguir com a leitura...
Desde quando esse site cobra? Já li inúmeros livros e é a primeira vez que vejo cobrar....
Pq não abre os capítulos? Mesmo pagando?...
Eu comprei os capítulos, mas eles não abrem. Continuam bloqueados, mesmo depois de pago...
Comprei os capítulos, mas não consigo ler. Só abrem depois de 23:00 horas. Não entendi...