Ela parou por um instante, e um suspiro profundo escapou de seus lábios. Um lamento silencioso por uma época que ainda doía ao tocar.
— Por isso, filha, eu não aconselho casamento ser a solução de uma gravidez inesperada. — Sua voz soou mais firme agora, quase como um aviso, uma lição passada com o coração.
Emma respirou fundo, tentando organizar os pensamentos enquanto lutava contra a emoção que queria transbordar.
— Depois que ela perdeu a segunda gestação, ele tentou se separar. Mas... — sua voz falhou por um breve momento — ela tentou suicídio. Por isso ele continuava naquela vida... o medo de ela tentar de novo e ele não conseguir conviver com a culpa.
O silêncio entre elas era denso, mas cheio de significado. As mãos de Celina se estenderam e seguraram as da mãe com firmeza, como se dissesse: Eu estou aqui. Pode continuar. Aquele toque deu forças a Emma, que sorriu com gratidão e prosseguiu.
— Quando completei dezessete anos, ele se declarou. Eu fiquei em choque... mas também, tão feliz. — A lembrança acendeu um brilho juvenil em seus olhos, como se pudesse reviver a emoção daquele momento. — Começamos a namorar escondido... por causa do meu pai e da esposa dele. Era tudo tão intenso, tão novo... tão nosso.
Ela soltou uma risada baixa, doce, carregada de saudade.
— Filha, foi a coisa mais maravilhosa. A adrenalina de fazer tudo escondido, de pensar em cada detalhe para meu pai não desconfiar. A sensação de estar fazendo algo errado, mas com o coração gritando que era certo... Era amor puro, inocente, forte. Depois de um tempo, me entreguei pra ele. De corpo, alma... e coração.
Emma fechou os olhos por um segundo. Quando os abriu, estavam marejados — não de arrependimento, mas de saudade de tudo o que foi e que, apesar de breve, marcou a mulher que ela se tornaria.
Celina, ainda em silêncio, sentia o peito apertado. Estava conhecendo outra versão da mãe — uma jovem corajosa, apaixonada, cheia de sonhos... e tragicamente interrompida pela vida.
Emma baixou os olhos, com um pequeno sorriso nostálgico, como se cada palavra que disseste a transportasse de volta a um tempo em que ainda era menina, ainda sonhava alto, ainda acreditava que o amor bastava. Sua voz saiu mais baixa, embargada, mas cheia de ternura.
— Seu pai... confesso que não queria. Queria resolver tudo primeiro, casar comigo virgem, fazer tudo certinho. Mas eu queria. — Ela sorriu, um sorriso melancólico, como quem reconhece a ingenuidade da própria juventude. — Na época, era o momento certo pra mim. E assim foi. Foi mágico nossa primeira vez. E eu... era bobinha... achava que estava vivendo um conto de fadas... parecia Alice no país das maravilhas.
— Quando descobri que estava grávida de você, eu fiquei radiante. Era jovem, sim. Mas você era o fruto do grande amor da minha vida. — Emma levou a mão ao peito, sentindo o coração acelerar só de lembrar. — Ele sempre conversava com você no meu ventre. Quando descobri, saí de casa. Tinha dezoito anos. Seu pai alugou um apartamento pequeno. Era simples, mas eu não me importei. Até estranhei o silêncio de seu avô, porque no dia que fiz minhas malas, ele não fez nada. Apenas silenciou... e esse é o verdadeiro perigo.
Celina respirava com dificuldade, lutando contra as lágrimas. Cada frase da mãe era como um espelho quebrado que revelava não só um passado desconhecido, mas o quão forte Emma precisou ser.
— Seu pai me ensinou tudo... cozinhar, lavar, passar, arrumar casa... Eu não sabia nada. Meu pai sempre foi muito rico, eu só estudava, fazia cursos, aulas de dança, saía com amigas. Mas não me arrependi de largar o luxo pra viver meu sonho. Estava com o amor da minha vida, gerando você. — Emma sorriu para a filha com um carinho que transbordava. — Mas a gravidez foi complicada. Seu pai trabalhava em três empregos pra me sustentar... e ainda ajudava a ex-esposa.
Emma mordeu o lábio inferior, tentando segurar a emoção que já escorria pelos olhos.
— Quando ele soube da gravidez, tentou se separar de vez. Queria casar comigo antes de você nascer. Mas ela tentou suicídio de novo. Sobreviveu por um milagre. Fui ao hospital com ele. Vendo o estado dela... e dele... decidimos esperar. — A dor no olhar de Emma parecia ainda viva. — Já estávamos juntos, felizes... mas nunca imaginamos o pior.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR
depois que começou a cobrar ficou ruim seguir com a leitura...
Desde quando esse site cobra? Já li inúmeros livros e é a primeira vez que vejo cobrar....
Pq não abre os capítulos? Mesmo pagando?...
Eu comprei os capítulos, mas eles não abrem. Continuam bloqueados, mesmo depois de pago...
Comprei os capítulos, mas não consigo ler. Só abrem depois de 23:00 horas. Não entendi...