Sabrina caminhava pelas ruas iluminadas de São Paulo, segurando a guia da pequena Mel, sua cachorrinha branca e agitada. Usava um vestido leve, que se movia com a brisa noturna, e acariciava a barriga já avançada de gestação.
Pensava nos últimos dias turbulentos, tentando encontrar algum tipo de paz na simplicidade daquele passeio. Mel farejava as calçadas, puxando-a de vez em quando, e Sabrina sorriu.
Foi então que, na esquina, o som de um motor acelerado fez seu coração disparar. Ela nem teve tempo de reagir.
O farol vermelho não conteve o carro preto que avançou descontrolado. O impacto a lançou contra o asfalto. Mel latiu desesperada. A dor explodiu pelo corpo, e a primeira reação de Sabrina foi proteger a barriga.
O carro freou a poucos metros adiante. O motorista, um rapaz que mal devia ter completado dezoito anos, saiu cambaleando, com o cheiro forte de álcool escapando junto com a respiração apressada.
— Meu Deus… o que eu fiz? — balbuciou, a voz trêmula. Os olhos dele corriam de Sabrina caída no asfalto para o próprio carro amassado. — Meu pai vai me matar… ele vai me matar… — repetia, quase sem ar, as mãos passando nervosas pelos cabelos enquanto o cheiro forte de álcool denunciava cada palavra.
Algumas pessoas na calçada, que até então estavam paralisadas pelo choque, começaram a se agitar, formando um círculo em volta da cena.
— Ela tá grávida! — gritou uma mulher, a voz embargada de raiva e horror. — Você bateu numa mulher grávida, seu desgraçado!
Um homem de boné, com o rosto vermelho de indignação, apontou para o rapaz cambaleante:
— Esses mauricinhos… filhinhos de papai que acham que podem fazer o que quiserem e sair impunes!
Outro, com o celular já erguido, falou com um sorriso cínico:
— Eu vou filmar isso e postar nas minhas redes. Vai me dar muita visualização… e muitos dólares. Quero ver o rostinho dele estampado na internet!
— Vamos linchar ele! — gritou alguém mais atrás, e o coro de revolta aumentou.
Um senhor, de punhos cerrados, avançou dois passos:
— Um cara desses não merece viver… pega ele! — o ódio vibrava em cada sílaba, a respiração acelerada como se estivesse pronto para atacar.
O jovem olhava ao redor, pálido, com o suor escorrendo pela testa, sentindo a pressão da multidão se fechar como um cerco.
Homens avançaram na direção dele, mas o pânico e o medo de ser linchado falaram mais alto. Ele correu de volta para o carro, entrou e acelerou. Os pneus cantaram, deixando o cheiro de borracha e indignação no ar.
Sabrina tentou inspirar, mas o ar parecia preso no peito. A dor se espalhou como fogo, e as lágrimas ardiam nos olhos.
— Calma, senhora… o socorro já está a caminho — disse um rapaz, se ajoelhando ao lado dela e tentando manter a voz firme. — Qual o seu nome?
— Sabrina… — ela conseguiu dizer entre dentes, a respiração trêmula. Seu olhar vacilou, indo para a própria barriga, como se tentasse protegê-la com as mãos. — Minha filha… por favor… salvem a minha filha… não deixe ela morrer…
A voz falhou, e um soluço rasgou-lhe o peito. Ela apertou os olhos com força, como se isso pudesse conter a dor.
— Eu não posso perder ela… não… não… — repetia, balançando a cabeça em negação, as lágrimas se misturando ao suor frio que escorria por seu rosto. — Ela é tudo que eu tenho… eu esperei tanto por ela…
A moça que estava ao lado falava com ela tentando transmitir alguma segurança.
— Calma… respira… pensa nela… vocês vão ficar bem… Não se mexe.
— Vamos fazer de tudo, doutora — respondeu a socorrista, reconhecendo-a. — Aguenta firme.
O hospital da rede Ferraz já estava em alerta antes mesmo da ambulância encostar na entrada de emergência. Assim que o advogado recebeu a notícia do atropelamento, ligou imediatamente para Otto e depois para Arthur. Ao saber que Sabrina estava ferida e prestes a dar à luz, Otto não hesitou: mobilizou pessoalmente a melhor equipe do hospital, ordenando que tudo ficasse pronto para recebê-la, afinal ela carregava sua neta.
— Quero obstetrícia, trauma e UTI preparados. Agora! — determinou Otto, falando ao celular no silêncio imponente de sua sala de estar. A voz grave e autoritária ecoava no ambiente, deixando claro que não havia espaço para hesitação.
Por isso, quando a ambulância chegou, uma equipe completa já aguardava na entrada: obstetras, cirurgiões, anestesistas, enfermeiros e auxiliares. Entre eles estava Mariana, obstetra que havia trabalhado lado a lado com Sabrina, antes de ela ser transferida para outro hospital.
As portas traseiras se abriram e Mariana se aproximou rapidamente. Ao ver Sabrina na maca, imobilizada, com o rosto pálido e o olhar aflito, sentiu um aperto no peito.
— Eu fui designada para atendê-la — disse Mariana, já assumindo a dianteira com firmeza. — Vamos levá-la direto para o atendimento.
— Atropelamento, gestante de nove meses — informou o paramédico.
— Minha filha… por favor… Mariana salve a minha filha… — murmurou Sabrina, as lágrimas misturando-se ao suor.
— Nós vamos salvar vocês duas — respondeu Mariana, apertando de leve sua mão. — Mas precisamos agir agora.
A maca foi retirada da ambulância e empurrada rapidamente para o pronto-socorro. Luzes fluorescentes passavam acima de sua cabeça enquanto os enfermeiros ajustavam o soro e conferiam os sinais vitais. O som das rodas ecoava pelo corredor junto às ordens rápidas:
— Sala de trauma pronta!
— Obstetrícia preparada para cesárea emergencial!
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR
depois que começou a cobrar ficou ruim seguir com a leitura...
Desde quando esse site cobra? Já li inúmeros livros e é a primeira vez que vejo cobrar....
Pq não abre os capítulos? Mesmo pagando?...
Eu comprei os capítulos, mas eles não abrem. Continuam bloqueados, mesmo depois de pago...
Comprei os capítulos, mas não consigo ler. Só abrem depois de 23:00 horas. Não entendi...