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O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 397

Foi Zoe quem o quebrou primeiro.

— Lindo… eu fui no hospital hoje. — começou, mantendo o tom calmo, mas firme. — Falei com a Sabrina.

Arthur lançou um olhar rápido, surpreso, sem tirar totalmente a atenção da rua.

— Como assim, Zoe?

— Não temos mentiras entre nós. — respondeu. — Eu fui lá, consegui passar pelos policiais com ajuda da Mariana.

Arthur soltou um suspiro pesado.

— Zoe… você tem noção do que está dizendo? Você podia ter se metido em um problema sério.

Ela olhou para ele, o rosto expressando mais determinação do que arrependimento.

— Eu precisava falar com ela, Arthur.

— E agora vocês vão virar melhores amigas? — rebateu, com um leve sarcasmo na voz.

O clima no carro esquentou.

— Não, Arthur. — disse Zoe, firme, mantendo o olhar cravado nele. — Mas tinha coisas que eu precisava dizer… olhando nos olhos dela. E eu disse.

— A Mariana merece ser demitida por justa causa. — ele rebateu, a voz carregada de irritação.

— Você não vai fazer isso, Arthur. Ela só quis me ajudar… por favor.

— Eu não sei qual das duas foi mais irresponsável. Será que esqueceram que o hospital tem câmeras? — retrucou, com sarcasmo. — Poxa, Zoe… o país inteiro está acompanhando esse caso. O hospital estava lotado de jornalistas quando saí. Você esqueceu que a Sabrina está sendo investigada por violência sexual, dopagem e lesão a paciente? E se tivesse um jornalista ali, filmando você entrando? Imagina a notícia: “Mulher do médico vítima de abuso sexual decide visitar a acusada para fazer caridade.”

— Não fala assim comigo, Arthur. Eu só fui falar sobre a Clarisse… tua filha.

— Filha que eu não queria, porra! — ele elevou a voz, cada palavra saindo mais dura do que talvez pretendesse.

— Não grita comigo, Arthur! — Zoe rebateu, o rosto já quente de raiva. — Eu só pensei na Clarisse! Só nela! Será que você não entende isso?

— Eu não estou gritando. E o que eu entendo é que você foi completamente imprudente! — a voz dele soou cortante. — Colocou a sua vida, a do nosso filho e a imagem do hospital em risco. Porque, caso você tenha esquecido, você é a nora do dono. E qualquer passo errado seu, ainda mais envolvendo uma ré por abuso sexual, respinga em todo mundo.

Zoe fechou os olhos por um instante, respirando fundo, como quem tenta segurar palavras que poderiam piorar tudo.

— Arthur… eu não vou brigar com você. — disse Zoe, com a voz mais baixa, mas firme. — Às vezes, parece que você é médico e esqueceu do seu próprio juramento… e eu estou falando isso por causa da Clarisse.

Ele balançou a cabeça e manteve o olhar fixo na estrada. Depois disso, nenhum dos dois disse mais nada. O silêncio se instalou no carro, pesado, cortado apenas pelo som do motor e pelo ritmo constante dos pneus no asfalto. Seguiram o restante do caminho calados, cada um imerso nos próprios pensamentos.

Quando chegaram em casa, o peso da discussão ainda pairava no ar. Cada um parecia imerso nos próprios pensamentos.

— Você não é uma pessoa ruim, Arthur. Eu me recuso a acreditar que seu coração não tenha se derretido ao ver aquele serzinho tão indefeso. Até eu, que não sou mãe de sangue, senti isso.

Ele desviou o olhar por um instante, mas Zoe continuou, a voz ganhando mais emoção.

— Um dia, quando você estiver velhinho e ela estiver cuidando de você, vai lembrar de cada atitude que teve agora. E, se tiver sido frio, vai se arrepender. Nós não vamos ter outro filho. Não vamos tentar uma menininha… e quase sempre é a filha que cuida dos pais. Não importa a fortuna, no fim das contas o que a gente precisa é de amor.

Arthur respirou fundo, a expressão suavizando.

— Quando vi a Clarisse… — disse, com a voz embargada — foi como se o tempo parasse. Eu senti medo, linda. Medo de não saber ser pai pra ela por conta do que passamos, medo de… pagar todos os meus pecados. Menina vem pra ensinar o pai, e acho que ela vai me ensinar muito mais do que imagino.

Zoe sorriu, enxugando discretamente o canto dos olhos.

— Você vai ser o melhor pai do mundo. E, olha… vai ser mais insuportável que o Thor, tenho certeza. — disse Zoe, com um sorriso maroto.

Arthur estreitou os olhos, desconfiado.

— Insuportável não… preventivo. — corrigiu, com um ar sério que não enganava ninguém. — Se o Thor já não deixa ninguém que não seja íntimo chegar a menos de dois metros das bebês dele, imagina eu… com uma menina que vai puxar a beleza do pai? Vou ter que instalar um detector de intenções na porta de casa.

— Detector de intenções? — Zoe arqueou a sobrancelha, esboçando um sorriso divertido. — Você vai acabar assustando até o carteiro. — riu, balançando a cabeça. — Eu sei que errei feio, amor, mas foi por uma boa causa. — disse, segurando a mão dele com carinho antes de, no seu jeito irreverente, mudar de assunto. — Agora me diz… você acha que a Isabela vai ser encontrada?

— É questão de tempo. — respondeu ele, firme.

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