Celina fechou os olhos, sentindo um nó no peito. Thor se aproximou e segurou suas mãos, como quem oferece apoio e também busca conforto.
— Eu sei… é pesado de ouvir. Mas você precisava saber.
Na mansão, o clima também estava tenso. Arthur estava na sala de estar, ao lado do pai. Zoe e Eloísa estavam juntas no sofá e Clarisse dormindo no carrinho. Otto pediu para desligarem a televisão; o assunto não era para ter distrações.
— Precisamos falar sobre a Isabela. — disse Otto, olhando para as duas mulheres.
Zoe, surpresa pelo tom sério, ajeitou-se na poltrona.
— O que aconteceu com ela sogro?
Arthur respirou fundo antes de responder, escolhendo o tom. — Hoje cedo ela foi deixada na porta de um batalhão, no Rio… está internada em estado crítico.
Eloísa levou a mão ao peito. — Meu Deus…
— Ficamos sabendo que ela estava escondida num morro. — continuou Otto, mantendo a voz firme, mas baixa. — O dono do lugar a manteve em cativeiro por uma semana… e… — olhou para Arthur, que completou a frase com dificuldade:
— … foi violentada por ele e, no último dia, por mais seis homens. Está com marcas pelo corpo todo, queimaduras de cigarro, parte do cabelo cortada… e perdeu três dentes.
Zoe arregalou os olhos, sem saber se o que sentia era choque, repulsa ou pena. Eloísa apertou a mão da nora, como se buscasse apoio também.
— Se sobreviver… — disse Arthur, num fio de voz — vai cumprir pena aqui, em São Paulo.
O silêncio que se seguiu foi denso. Zoe recostou-se, respirando fundo, e Eloísa apenas fechou os olhos por um momento, como quem tenta afastar a imagem criada pelas palavras.
Uma hora depois, Celina estava no quarto, conferindo pela terceira vez o que havia colocado na bolsa. O zíper fechou com um som seco, e ela soltou um suspiro breve. Do banheiro, o barulho da água havia cessado, e, pouco depois, Thor apareceu na porta, apenas com a toalha enrolada na cintura. O cabelo ainda pingava, e a pele quente contrastava com o ar fresco do ar.
Ele se aproximou devagar, os passos pesados no carpete, até envolvê-la por trás. O corpo dele colou-se ao dela, e o cheiro de sabonete e calor a envolveu. Seus braços passaram pela cintura dela, e o queixo encontrou o espaço entre o pescoço e o ombro.
— Você precisa mesmo dormir na Zoe hoje? — a voz meio rouca, arrastada, carregada de um falso desânimo. — Vai deixar esse maridão gostoso… carente… sozinho?
Celina mordeu o canto do lábio para não rir, fechando os olhos por um instante. Ainda sentia o peso protetor dos braços dele e a familiaridade do toque. Virou levemente o rosto, mas sem se soltar.
— Amor, para de drama. — disse num tom calmo, com um sorriso escondido. — Nós já vamos voltar para casa amanhã… e eu só tenho essa noite pra curtir um pouco com a minha amiga.
Ela pegou a bolsa da cama e se virou para encará-lo.
— Ela só conseguiu voltar hoje pra cobertura deles por causa do quarto da Clarisse, que finalmente ficou pronto. — suspirou, explicando com paciência. — E… fiquei sem graça de dormir na casa da Eloísa. Você sabe como a Safira é sentimental… e a Antonella, agitada.
Thor a observava em silêncio, como se gravasse cada palavra, mas o brilho no olhar revelava que não queria que ela fosse.
— Vou sentir falta da minha esposa… e das minhas filhas. — disse, e o tom dele era mais sincero do que provocador. — Mas tudo bem. Você também precisa se divertir.
O olhar de Celina suavizou, e ela inclinou a cabeça.
— E por que você não vai também?
Ele passou a mão pelo cabelo molhado, jogando-o para trás, e deu um meio sorriso sem humor.
Ele arqueou as sobrancelhas, com um sorriso que misturava desafio e desejo.
— Celina, Celina… você só está fugindo. Quando eu te pegar…
Ela soltou uma risada suave, já caminhando para a porta.
— Vai me levar à loucura… eu sei. Agora anda, coloca uma roupa e vem se despedir das meninas.
Thor ficou olhando enquanto ela se afastava, sabendo que ela sabia exatamente como deixá-lo no limite certo entre a saudade e a provocação.
Era meia-noite. Na cobertura, o único som vinha das teclas sendo pressionadas com firmeza. Thor estava no escritório, iluminado apenas pela luz quente da luminária de mesa. Usava óculos de grau; o maxilar, levemente tenso, revelava a concentração. Lia atentamente a tela e digitava sem pausa.
O ar estava frio, e o silêncio absoluto o ajudava a manter a concentração.
Então, um ruído suave quebrou a monotonia: o clique abafado da porta se fechando. Os olhos dele se ergueram imediatamente, acompanhando o movimento.
— Amor? — perguntou, a voz carregando surpresa e uma ponta de expectativa. — Você não estava na Zoe?
Perto da porta, estava Celina. Um sorriso misterioso curvava-lhe os lábios, e o olhar brilhava com um propósito que ele ainda não compreendia. Vestia um sobretudo elegante, ajustado ao corpo, e sapatos de salto alto que marcavam cada passo no piso.
— Feliz aniversário, amor. — disse ela, com a voz baixa e carregada de intenção.
O sobretudo deslizou lentamente por seus ombros, caindo ao chão. A lingerie verde, da cor exata dos olhos dela, parecia ter sido feita para provocar. O tecido rendado abraçava suas curvas com perfeição, o contraste com a pele clara realçava sua beleza, e o salto completava um quadro irresistível.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR
depois que começou a cobrar ficou ruim seguir com a leitura...
Desde quando esse site cobra? Já li inúmeros livros e é a primeira vez que vejo cobrar....
Pq não abre os capítulos? Mesmo pagando?...
Eu comprei os capítulos, mas eles não abrem. Continuam bloqueados, mesmo depois de pago...
Comprei os capítulos, mas não consigo ler. Só abrem depois de 23:00 horas. Não entendi...