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O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 403

Celina fechou os olhos, sentindo um nó no peito. Thor se aproximou e segurou suas mãos, como quem oferece apoio e também busca conforto.

— Eu sei… é pesado de ouvir. Mas você precisava saber.

Na mansão, o clima também estava tenso. Arthur estava na sala de estar, ao lado do pai. Zoe e Eloísa estavam juntas no sofá e Clarisse dormindo no carrinho. Otto pediu para desligarem a televisão; o assunto não era para ter distrações.

— Precisamos falar sobre a Isabela. — disse Otto, olhando para as duas mulheres.

Zoe, surpresa pelo tom sério, ajeitou-se na poltrona.

— O que aconteceu com ela sogro?

Arthur respirou fundo antes de responder, escolhendo o tom. — Hoje cedo ela foi deixada na porta de um batalhão, no Rio… está internada em estado crítico.

Eloísa levou a mão ao peito. — Meu Deus…

— Ficamos sabendo que ela estava escondida num morro. — continuou Otto, mantendo a voz firme, mas baixa. — O dono do lugar a manteve em cativeiro por uma semana… e… — olhou para Arthur, que completou a frase com dificuldade:

— … foi violentada por ele e, no último dia, por mais seis homens. Está com marcas pelo corpo todo, queimaduras de cigarro, parte do cabelo cortada… e perdeu três dentes.

Zoe arregalou os olhos, sem saber se o que sentia era choque, repulsa ou pena. Eloísa apertou a mão da nora, como se buscasse apoio também.

— Se sobreviver… — disse Arthur, num fio de voz — vai cumprir pena aqui, em São Paulo.

O silêncio que se seguiu foi denso. Zoe recostou-se, respirando fundo, e Eloísa apenas fechou os olhos por um momento, como quem tenta afastar a imagem criada pelas palavras.

Uma hora depois, Celina estava no quarto, conferindo pela terceira vez o que havia colocado na bolsa. O zíper fechou com um som seco, e ela soltou um suspiro breve. Do banheiro, o barulho da água havia cessado, e, pouco depois, Thor apareceu na porta, apenas com a toalha enrolada na cintura. O cabelo ainda pingava, e a pele quente contrastava com o ar fresco do ar.

Ele se aproximou devagar, os passos pesados no carpete, até envolvê-la por trás. O corpo dele colou-se ao dela, e o cheiro de sabonete e calor a envolveu. Seus braços passaram pela cintura dela, e o queixo encontrou o espaço entre o pescoço e o ombro.

— Você precisa mesmo dormir na Zoe hoje? — a voz meio rouca, arrastada, carregada de um falso desânimo. — Vai deixar esse maridão gostoso… carente… sozinho?

Celina mordeu o canto do lábio para não rir, fechando os olhos por um instante. Ainda sentia o peso protetor dos braços dele e a familiaridade do toque. Virou levemente o rosto, mas sem se soltar.

— Amor, para de drama. — disse num tom calmo, com um sorriso escondido. — Nós já vamos voltar para casa amanhã… e eu só tenho essa noite pra curtir um pouco com a minha amiga.

Ela pegou a bolsa da cama e se virou para encará-lo.

— Ela só conseguiu voltar hoje pra cobertura deles por causa do quarto da Clarisse, que finalmente ficou pronto. — suspirou, explicando com paciência. — E… fiquei sem graça de dormir na casa da Eloísa. Você sabe como a Safira é sentimental… e a Antonella, agitada.

Thor a observava em silêncio, como se gravasse cada palavra, mas o brilho no olhar revelava que não queria que ela fosse.

— Vou sentir falta da minha esposa… e das minhas filhas. — disse, e o tom dele era mais sincero do que provocador. — Mas tudo bem. Você também precisa se divertir.

O olhar de Celina suavizou, e ela inclinou a cabeça.

— E por que você não vai também?

Ele passou a mão pelo cabelo molhado, jogando-o para trás, e deu um meio sorriso sem humor.

Ele arqueou as sobrancelhas, com um sorriso que misturava desafio e desejo.

— Celina, Celina… você só está fugindo. Quando eu te pegar…

Ela soltou uma risada suave, já caminhando para a porta.

— Vai me levar à loucura… eu sei. Agora anda, coloca uma roupa e vem se despedir das meninas.

Thor ficou olhando enquanto ela se afastava, sabendo que ela sabia exatamente como deixá-lo no limite certo entre a saudade e a provocação.

Era meia-noite. Na cobertura, o único som vinha das teclas sendo pressionadas com firmeza. Thor estava no escritório, iluminado apenas pela luz quente da luminária de mesa. Usava óculos de grau; o maxilar, levemente tenso, revelava a concentração. Lia atentamente a tela e digitava sem pausa.

O ar estava frio, e o silêncio absoluto o ajudava a manter a concentração.

Então, um ruído suave quebrou a monotonia: o clique abafado da porta se fechando. Os olhos dele se ergueram imediatamente, acompanhando o movimento.

— Amor? — perguntou, a voz carregando surpresa e uma ponta de expectativa. — Você não estava na Zoe?

Perto da porta, estava Celina. Um sorriso misterioso curvava-lhe os lábios, e o olhar brilhava com um propósito que ele ainda não compreendia. Vestia um sobretudo elegante, ajustado ao corpo, e sapatos de salto alto que marcavam cada passo no piso.

— Feliz aniversário, amor. — disse ela, com a voz baixa e carregada de intenção.

O sobretudo deslizou lentamente por seus ombros, caindo ao chão. A lingerie verde, da cor exata dos olhos dela, parecia ter sido feita para provocar. O tecido rendado abraçava suas curvas com perfeição, o contraste com a pele clara realçava sua beleza, e o salto completava um quadro irresistível.

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