Entrar Via

O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 412

A noite caía serena sobre a mansão, espalhando sombras delicadas pelos corredores. Do lado de fora, o jardim permanecia iluminado pela lua cheia, que se erguia majestosamente no céu, enquanto o canto dos grilos e o farfalhar das árvores compunham a trilha sonora daquela hora tardia. No andar de cima, tudo já estava em silêncio. As crianças dormiam em seus quartos, embaladas em sonhos inocentes. Cada respiração suave que Zoe escutava ao beijá-los antes de descer parecia confirmar que o mundo estava em paz.

Para Zoe, no entanto, o descanso parecia sempre distante. Desde que Arthur aceitou o convite para trabalhar na Universidade, algo dentro dela mudou. Nos dias que lecionava, ele saía cedo e voltava apenas à noite, muitas vezes cansado. Porém realizado. Ela se orgulhava dele, do homem que não deixava que a cadeira de rodas definisse os limites da sua vida. E, ainda assim, um hábito se enraizou em sua rotina: ela simplesmente não conseguia dormir antes de vê-lo chegar.

No início, dizia a si mesma que era apenas saudade. Depois, que era costume. Mas no fundo sabia a verdade, precisava sentir o alívio de ouvir sua voz, de vê-lo entrar pela porta, de ter certeza de que ele estava bem. Só então conseguia fechar os olhos e repousar.

Foi por isso que, naquela noite, Zoe encontrava-se novamente na biblioteca. Era seu refúgio noturno. Assim que colocava as crianças na cama, descia as escadas em silêncio e se acomodava ali, entre as paredes forradas de livros que traziam consigo o cheiro doce de madeira envelhecida e papel antigo. A biblioteca havia se tornado o lugar onde passava as últimas horas do dia: estudando, trabalhando, organizando anotações… mas, na prática, era apenas uma forma de esperar por ele.

A ampla mesa de carvalho estava tomada por papéis, um notebook aberto e uma xícara de café já fria, esquecida no canto. Zoe inclinou-se sobre os documentos, tentando se concentrar. Mas seus olhos constantemente buscavam o relógio sobre a parede. Já passava das onze.

— Estranho… — murmurou, franzindo a testa.

Normalmente Arthur chegava às dez, pouco depois disso no máximo. Ela ainda não tinha recebido nenhuma mensagem. Talvez uma aula tivesse se estendido, talvez estivesse preso em uma reunião com professores mais antigos, talvez simplesmente tivesse perdido a noção da hora. Mesmo assim, uma inquietação crescia dentro dela.

Suspirou, empurrando uma mecha solta de cabelo para trás da orelha, e levantou o olhar em direção à estante mais alta. Faltava um livro específico para concluir a pesquisa daquela noite.

— Só mais esse… — disse para si mesma, erguendo-se.

Arrastou a pequena escada de madeira até a estante. Subiu devagar, degrau por degrau, apoiando-se com cuidado. Esticou o corpo para alcançar a prateleira mais alta, os dedos quase roçando na lombada do livro quando um som repentino interrompeu o silêncio: a maçaneta girando.

Zoe congelou. O coração deu um salto no peito.

A porta se abriu devagar, e a voz que ela tanto esperava ecoou no ambiente:

— Linda?

Ela se virou rápido demais, tomada pelo susto e pelo alívio simultâneo. Nesse movimento brusco, o pé escorregou no degrau. Sentiu o mundo inclinar-se sob si. Um grito curto escapou de seus lábios quando perdeu o equilíbrio.

Mas não chegou a cair.

Braços firmes e conhecidos a envolveram pela cintura, impedindo a queda. Braços que ela reconheceria em qualquer circunstância.

O tempo parou.

Zoe piscou várias vezes, tentando entender. Seu olhar encontrou o dele, e o choque foi tão intenso que lhe roubou o ar. Arthur estava ali, diante dela. Mas não estava sentado em sua cadeira. Estava de pé. Segurava-a com a força que ela tantas vezes recordara nas lembranças.

— Meu Deus… — a voz de Zoe saiu trêmula, quase um sussurro.

— Eu tenho tanto orgulho de você, lindo… — sussurrou. — Do homem que você é, da sua força de vontade, da sua resiliência. Você nunca desistiu depois que soube do Miguel, mesmo quando tudo parecia impossível. Você me ensinou o verdadeiro significado de superar.

Arthur afastou-se só o suficiente para ver os olhos dela, marejados, mas cheios de brilho.

— Eu queria que esse momento fosse perfeito… mas acho que, no fundo, não existe jeito mais verdadeiro do que esse. Eu me levantei porque precisava proteger você.

Ela ergueu o rosto, encontrando os olhos dele.

— E esse é o Arthur que eu amo. O homem que me faz sentir segura.

Zoe roçou os lábios nos dele, a voz baixa e carregada de malícia.

Ele sorriu de lado, os olhos intensos.

— Vem cá… — murmurou, antes de colar os lábios nos dela.

O beijo veio urgente, carregado de sentimentos que pareciam transbordar de meses de espera. Era como se as almas deles tivessem se fundido naquele instante. Arthur a puxou com força, e num gesto cheio de paixão, ergueu Zoe no colo. Ela instintivamente enroscou as pernas na cintura dele, sem parar de beijá-lo, as mãos agarrando-lhe os cabelos, o corpo colado ao dele como se não houvesse espaço para nada mais.

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR