Amber
O ar na sala parecia mais pesado, carregado de tensão e desconfiança. Meu coração martelava no peito enquanto tentava encontrar a melhor forma de responder à pergunta de Bella. A forma como meus filhos olhavam para Uria, como se tentassem decifrar quem ela era, me dava um mau pressentimento. Eu sabia que cada palavra dita naquele momento poderia moldar a forma como eles a enxergariam.
Engoli em seco antes de falar, mantendo a voz o mais firme possível.
"Essa é minha mãe", respondi, sentindo um nó na garganta ao dizer aquilo em voz alta.
Louis franziu a testa, a pequena sobrancelha arqueada em confusão.
"Então ela é nossa Nonna também?", perguntou, a inocência transbordando de sua voz.
Abri a boca para responder, mas Uria foi mais rápida. Seu sorriso era doce demais, seu tom exageradamente gentil.
"Sim, sou sua avó. E estou muito feliz em finalmente conhecer vocês", disse, como se já fosse parte da nossa família, como se tudo fosse simples.
Meu corpo inteiro se retesou.
Bella e Louis se entreolharam. Nenhum dos dois correu para abraçá-la, como fariam com Nonna Rosa ou Eleonora. Ao invés disso, Louis apertou a mãozinha de Bella, os dois instintivamente procurando apoio um no outro.
Meu peito se apertou.
Eles sentiram.
Mesmo sendo tão pequenos, meus filhos sentiram que algo estava errado.
Uria percebeu a hesitação deles e rapidamente se ajustou, como se estivesse acostumada a manobrar situações ao seu favor.
"Eu trouxe presentes para vocês", disse, sorrindo ao pegar uma sacola ao lado da poltrona. "Espero que gostem. Logo poderemos ser uma família novamente."
Eu vi quando Bella e Louis olharam para a sacola, mas ao invés de ficarem animados, suas expressões se fecharam ainda mais. Louis foi o primeiro a dar um passo para trás, se escondendo levemente atrás da irmã. Bella, por sua vez, me olhou, os lábios franzidos, e voltou a olhar para Uria.
"Não quelo presente", murmurou, olhando de relance para mim, como se esperasse minha aprovação para negar.
"Nem eu", completou Louis.
"Não podemos aceitar nada de estranhos."
Meu peito inflou com orgulho e alívio ao mesmo tempo. Meus filhos podiam ser pequenos, mas eram inteligentes. Eles não eram fáceis de manipular. Depois de tudo que passamos com Peter e Martina, eles sabiam que tudo que era fácil demais, deveríamos desconfiar.
A expressão de Uria vacilou por um breve instante. O brilho de irritação cruzou seus olhos, mas logo foi substituído por um olhar magoado, como se ela fosse a vítima naquela cena.
"Mas, crianças..." começou, mantendo o tom doce. "São só presentes para vocês. Não querem ao menos ver o que tem dentro?"
"Não", Bella insistiu, segurando o pulso de Louis.
Leonardo deu um passo à frente, sua presença dominando o ambiente como uma muralha intransponível. Seus olhos escuros estavam cravados em Uria, frios, calculistas.
"Isso já foi longe demais", disse, sua voz carregada de autoridade. "Vamos."

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