Amber
A manhã estava tranquila, e eu estava sentada na cama do hospital, olhando pela janela enquanto tomava um chá quente. O aroma suave preenchia o ambiente, mas minha mente estava longe dali. Meu coração ainda estava dividido entre a felicidade de estar viva e a ansiedade de ter deixado minhas filhas naquela UTI, pequenas e vulneráveis.
O café da manhã estava diante de mim, mas meu apetite era quase inexistente. O som suave do monitor cardíaco, que já nem era necessário, preenchia o silêncio do quarto. Foi então que a porta se abriu, e o médico entrou com um sorriso leve no rosto.
"Bom dia, senhora Martinucci," ele cumprimentou, puxando a prancheta e olhando os registros. "Tenho boas notícias para você."
Minha coluna se retesou automaticamente, e Leonardo, que estava sentado ao meu lado, segurou minha mão como se pudesse sentir minha tensão.
"O que foi, doutor?" perguntei, minha voz carregada de expectativa.
"Você já pode ir para casa hoje," ele anunciou.
Meu peito se aqueceu com a notícia. Eu estava pronta para sair daquele lugar. Eu queria voltar para minha casa, para minha cama, para os meus filhos. Mas, então, lembrei-me das duas pequenas vidas que ainda estavam aqui.
"E as minhas filhas?" Minha voz saiu fraca, carregada de medo.
O médico respirou fundo, suavizando o tom. "Francesca e Sophie ainda não podem ir, Amber. Elas precisam ganhar mais peso e fortalecer a imunidade. Mas posso garantir que estarão muito bem assistidas pela equipe médica. A evolução delas tem sido impressionante."
Minha garganta se apertou. Eu não queria sair sem elas. Meu instinto materno gritava, dizendo que eu deveria ficar até que pudesse carregá-las para casa comigo.
Leonardo percebeu minha hesitação e apertou minha mão. "Nós vamos voltar todos os dias para vê-las, amor," ele disse com firmeza. "Não importa o que aconteça, nós estaremos aqui com elas. E qualquer coisa, os médicos vão nos avisar imediatamente."
Olhei para ele, e o amor e a segurança nos olhos dele foram a única coisa que me impediram de desmoronar ali mesmo.
"Eu sei," murmurei, respirando fundo.
O médico me olhou com compreensão. "Sei que é difícil, mas suas filhas estão em boas mãos. Agora, você precisa se recuperar completamente. Elas precisarão de uma mãe forte quando forem para casa."
Assenti, ainda sentindo um peso no coração, mas sabendo que era o melhor para elas.
Leonardo começou a arrumar nossas coisas enquanto eu me levantava lentamente, indo até o banheiro. A dor da cesárea ainda estava lá, um lembrete de tudo que aconteceu. Eu me apoiei na pia por um momento, respirando fundo. Meu corpo estava diferente, cansado, mas ao mesmo tempo forte. Eu sobrevivi. E minhas filhas também.
"Os gêmeos vão ficar animados quando te virem," Leonardo falou do lado de fora. "Eles estão morrendo de saudades depois de um mês sem você."
Sorri, limpando as lágrimas teimosas que insistiam em cair. "Eu também estou morrendo de saudades deles," confessei.
O caminho para casa parecia uma viagem para outro mundo. O hospital tinha sido minha realidade por tanto tempo que ver a cidade em movimento, as ruas que eu conhecia tão bem, fez meu peito se apertar. Eu precisava estar em casa.


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