Laura ajeitou os cabelos atrás da orelha, nervosa, enquanto Bianca abria a porta. A amiga a observou com um olhar aflito, surpreso — e logo atrás dela, os olhos se estreitaram ao ver o homem alto, elegante, com a expressão carregada de tensão.
— Laura...? — Bianca franziu a testa, confusa.
— Heitor ... O que ele faz aqui ?
— Depois eu te explico tudo — respondeu Laura, a voz embargada.
— O Joaquim está acordado?
Bianca assentiu, suavizando a expressão.
— Está. Acordou faz pouco tempo. Estava chorando... sentindo sua falta. Eu fiz o que pude pra acalmá-lo.
Laura sentiu o coração apertar. Sentiu Heitor paralisar atrás dela.
Ele não disse nada. Mas o nome do filho, dito em voz alta por outra pessoa
, pareceu atingir seu peito como um soco. Até aquele momento, tudo ainda era abstrato. Um susto. Uma revolta. Uma notícia inesperada. Mas ouvir outra pessoa mencionar o menino com aquele tom carinhoso tornou tudo concreto, visceral.
— Posso... — ele pigarreou, tentando manter a voz firme.
— Posso vê-lo?
Bianca deu espaço.
— Claro. Ele está no quarto de hóspedes.
Laura tocou o braço de Heitor e o puxou suavemente pelo corredor. Ao chegar à porta, respirou fundo e olhou para ele.
— Ele é muito esperto, Heitor. Inteligente. Observador. Mas ainda é um menino de três anos... então, por favor... vá com calma.
Heitor assentiu, mas sua expressão era um campo de batalha. Cada passo parecia mais difícil que o anterior.
A porta estava semiaberta. Do quarto, saía uma luz suave, dourada, que refletia no chão de madeira. Dentro, Joaquim estava sentado na cama, com as perninhas cruzadas, vidrado na televisão. O som dos desenhos animados preenchia o ar com vozes engraçadas e musiquinhas infantis. Ao ouvir o rangido da porta, o menino virou-se.
Assim que viu a mãe, seus olhos brilharam.
— Mamãe! — gritou, com os bracinhos estendidos.
— Você voltou!
Laura correu até ele e se ajoelhou ao lado da cama. O abraçou com força, aspirando o cheirinho de shampoo e cobertor infantil, como quem precisava confirmar que ele estava ali, bem.
— Ai, meu amor... eu senti tanto a sua falta.
— Eu também... — disse ele, com os olhos marejados.
— Chorei um pouquinho, sabia?
— Eu sei, meu filho... mas agora mamãe está aqui. E trouxe alguém muito importante pra conhecer você.
O menino se virou curioso, e só então percebeu o homem parado perto da porta. Seus olhinhos se estreitaram um pouco, intrigados.
Heitor permaneceu onde estava. Estático. Cada centímetro do seu corpo parecia travado entre o medo e a emoção. Os olhos se fixaram naquela criança pequena, de cabelos escuros e olhar intenso... um espelho dele mesmo, só que inocente, puro, intacto.
Laura o chamou com um gesto sutil.
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