Do outro lado da cidade em um bairro nobre de São Paulo ,Patrícia caminhava de um lado para o outro pela sala luxuosa da casa onde vivia com Heitor. O celular colado ao ouvido, a expressão transtornada.
— Atende, desgraçado... — ela rosnou entre os dentes, apertando o aparelho com tanta força que parecia prestes a quebrá-lo.
O telefone chamava, chamava, e caía na caixa postal. De novo.
Ela bufou com raiva, jogando o celular no sofá. O salto alto ecoou pelo piso de mármore conforme ela caminhava furiosa até a janela.
Pedro, seu filho de três anos, chorava no quarto ao lado, mas Patrícia sequer se deu ao trabalho de ver o que era. Tinha perdido a paciência. Para ele, para Heitor, para o mundo.
— Cala a boca, moleque! gritou com frieza e depois chamou pela babá.
___Marisa, por que diabos você ainda não descobriu o que esse moleque quer? Faça ele calar a boca antes que eu perca a paciência de vez!
___Desculpe senhora, mas eu já fiz de tudo e ele não para de chorar e chamar pelo senhor Heitor .
__Pois de seu jeito ,ou você será mais uma na fila do desemprego._Ameaçou ela com raiva.
Ela nunca teve realmente afeto por aquela criança. Tê-lo fora apenas parte do plano. O problema é que o plano falhou. Heitor descobriu que não era o pai e, mesmo assim, continuava vivendo com ela. Não por amor. Mas por causa de Pedro. Porque para sua sorte ele acreditava que era irmão do menino, pois o exame que ele fez dizia apenas que ele era não era o pai ,e ele acreditou que seu pai era o verdeiro pai do menino.
E assim, Patrícia mantinha sua última cartada segura. O pai verdadeiro? Nunca saberia. Se ela tivesse que morrer com esse segredo, morreria.
O som da porta batendo a tirou de seus pensamentos. Ela correu até a entrada e o viu. Heitor. Voltando.
— Onde você estava?! — ela disparou, antes mesmo de ele fechar a porta.
Heitor passou por ela sem dizer uma palavra. Deixou as chaves no aparador, o paletó pendurado no antebraço, o rosto cansado. Mas ainda assim... diferente. Havia algo novo em seu olhar. Um brilho.
Patrícia o seguiu até a sala.
— Vai me ignorar, agora?! Ficou o dia inteiro fora! Não atendeu uma única chamada! Acho que ao menos eu mereço uma explicação depois de me deixar plantada naquele restaurante.
Heitor se virou devagar. E sua voz saiu firme, cortante:
— Quero deixar claro ,Patrícia que eu não te devo satisfações da minha vida ,estou nessa casa apenas pelo meu irmãoz se não fosse por ele ,eu não estaria aqui.
— Como se atreve a me tratar assim?! Eu estava aqui quando você mais precisou, Heitor! Quando aquela vadia da Laura te deixou preso!
Ele se aproximou com passos lentos. O olhar firme.
— Primeiro: eu nunca te pedi nada . Segundo: Você sabe melhor do que ninguém porque a Laura foi embora .E terceiro: Como eu disse só estou aqui foi pelo Pedro. Porque sei que você não é a mãe que amorosa que fingi ser.
Patrícia arqueou as sobrancelhas, indignada.
___Quantas vezes vou ter que repetir que o que faço da minha vida não é da sua conta .Respondeu ele de forma firme e cortante. Se quer saber até minha convivência nessa casa em breve terá um fim.
— Fim?— Ela deu uma risada nervosa, cruzando os braços.
— E o Pedro? Vai jogar ele no lixo também? Da mesma forma que está fazendo comigo que sempre estive ao seu lado?
— Desculpa por isso. Eu nunca quis te deixar triste.
Patrícia, encostada à parede, mordeu o lábio com força. Aquela cena deveria aquecê-la. Era seu filho nos braços do homem que amava. Mas tudo que sentia era um ódio frio crescendo por dentro. Porque ela sabia: Heitor nunca a olhara com aquela doçura. Aquilo que ele dava a Pedro... era genuíno. Algo que ela jamais soubera cultivar. Nem com o menino, nem com homem algum.
— Ele passou o dia chorando — comentou ela com um tom cínico.
— Mas claro...agora que você apareceu ele com certeza irá parar com o drama.Disse Patrícia com desdém esquecendo de seu papel de boa mãe .
— Não fale como se ele não fosse seu filho. — Heitor a cortou com um olhar duro.
— Porque, se você tivesse dado metade da atenção que ele merece, talvez ele não tivesse chorado tanto assim.
___Eu sempre dei atenção demais para esse menino ,não tenho culpa se ele gosta mais de você só que mim que sou sua mãe.
Patrícia desviou o olhar. Pela primeira vez, sentiu-se acuada.
— Um dia, esse teatro vai acabar, Patrícia. E você vai se ver sozinha com as consequências do que plantou.
— Se você pensa que vai conseguir arrancar o Pedro de mim, está muito enganado — ela rosnou.
— Eu não preciso. Você mesma está fazendo isso. Aos poucos, ele vai crescer e entender quem realmente o ama e você vai ficar sozinha que é o que merece por ser tão egoísta.
Dizendo isso ele saiu com Pedrinho no colo deixando Patrícia sozinha se remoendo de raiva.

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