— Eu já disse que não quero falar sobre isso — ele respondeu, levantando-se.
— Eu não confio nela. Depois do que descobri…
— O que você pensa que descobriu! Porque se parasse para ouvir ao invés de julgar, saberia que está jogando fora a sua felicidade fora.
— Ah, então agora você resolveu vir aqui inventar desculpas para o que ela e seu marido fez ? Foi ela quem te mandou?
Bianca ignorou a provocação e se dirigiu ao sofá à frente da mesa dele. Sentou-se com autoridade, sem esperar ser convidada, e encarou o empresário com frieza.
— Será que pode calar a boca por dois minutos e me ouvir?
Heitor arqueou a sobrancelha, surpreso com a audácia dela. Não gostava de receber ordens de ninguém — muito menos de Bianca, a quem sempre viu como uma extensão da própria Laura. Mas havia algo no tom dela, na firmeza do olhar, que o fez respirar fundo e ceder.
— Seja breve. Tenho uma reunião importante daqui a alguns minutos.
— Ótimo. Então vou direto ao ponto. Sim, houve uma traição.... — ela começou, sem rodeios
—... mas não foi da Laura. Foi do meu marido. Fernando me traiu com a ex-namorada dele, uma prima obsessiva que ele deveria ter cortado da vida há muito tempo.
Heitor a olhou com desconfiança, mas não interrompeu.
— E foi isso que você ouviu. Uma conversa entre Fernando e Laura, onde ele admitia a traição. Só que você entendeu tudo errado. Acha mesmo que a Laura, que me ama como uma irmã e te ama tanto como ela ama , teria coragem de nós trair ? E pior ,com meu próprio marido?
Heitor permaneceu em silêncio por um momento, mas então franziu o cenho.
___Ele se referia ao fato dela ter contado a mãe dele ,ele não queria que ela soubesse disso e contasse a irmã o que a filha dela fez ,porque sabia que ela seria severamente punida por sua falta de caráter e o desgraçado do Fernando ficou com peninha dela.
Heitor desviou o olhar, claramente abalado, como se por um segundo estivesse reconsiderando tudo. Mas o orgulho falou mais alto. Ele cruzou os braços e disse, num tom frio:
— Se era isso que você tinha pra falar, já falou. Agora, se me der licença, tenho uma reunião pra comparecer.
Nesse exato instante, a porta da sala se abriu com força. Laura estava ali, os olhos vermelhos, o rosto pálido, o ventre evidente sob o vestido justo. Seu olhar passou por Bianca e se cravou em Heitor.
— Eu te disse — falou com a voz embargada
—. Eu te disse que seria inútil. Você não iria acreditar nela assim como não acreditou em mim.
Heitor a fitou com raiva contida.
— Que surpresa… Então veio conferir se a mentira ia colar? A presença da sua amiga aqui só confirma minhas suspeitas. Foi você quem mandou ela vir aqui me convencer, achando que eu sou um idiota.
Quando a porta se fechou atrás das duas, o silêncio na sala pareceu mais ensurdecedor do que qualquer grito. Heitor ficou imóvel, a mão trêmula repousando sobre a mesa, os olhos fixos no vazio — e pela primeira vez, a dúvida que ele tanto negava pareceu finalmente alcançá-lo.
Mas agora… talvez fosse tarde demais.
O silêncio que tomou conta da sala após a saída de Laura e Bianca era como um eco ensurdecedor dentro da cabeça de Heitor. As palavras dela continuavam martelando em sua mente, atravessando sua armadura de orgulho como uma faca afiada.
"Você pode fazer o que quiser da sua vida…"
"Não vou mais implorar por amor "
Eu e minha filha não precisamos disso."
A mão que antes repousava firme sobre a mesa agora tremia, os dedos apertando os cantos do tampo como se aquilo fosse a única coisa que o impedia de desmoronar.
Ele fechou os olhos por um instante, tentando afastar a imagem de Laura com os olhos marejados, protegendo o ventre com as mãos como se pudesse blindar aquela criança do mundo — inclusive dele.
Uma batida na porta o trouxe de volta à realidade. Era a secretária, lembrando da reunião que ele havia agendado.
— Cancele. Tudo. Agora — ele ordenou, seco.

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