Bianca cruzou os braços, encarando as duas com frieza. Havia algo de teatral naquelas palavras, e ela não era boba. Ainda assim, respirou fundo e conteve a vontade de retrucar com mais acidez. Seu tom, apesar de firme, soou controlado — mas carregado de ressentimento.
— Olha, eu admito que perdi o controle, dona Célia, — disse, voltando-se para a sogra, tentando manter a calma diante da tensão no ar.
— E peço perdão por ter desrespeitado sua casa. Não foi certo, eu reconheço. Mas também não sou de ferro. Sou humana. E se eu for provocada mais uma vez... não sei se conseguirei manter a compostura como agora.
Ela lançou um olhar cortante para Alice, que abaixou os olhos, fingindo submissão.
Bianca então se voltou para Célia, com o olhar mais suave, porém decidido:
— Hoje mesmo vou pedir ao Fernando que alugue um apartamento para nós ficarmos até nossa casa ficar pronta, — anunciou, com serenidade.
— Ele já tinha sugerido isso antes, e eu recusei porque sei que queria ficar perto do pai dele. Mas... eu me conheço. E se essa garota continuar me provocando sob o mesmo teto, cedo ou tarde... algo pior pode acontecer.
Ela suspirou fundo, sentindo o peito pesar com tudo o que vinha engolindo calada nos últimos dias. Não era só sobre Alice, era sobre respeito. Sobre limites.
— Prefiro me afastar enquanto ainda consigo escolher sair por vontade própria. Quero preservar minha sanidade... e evitar que isso se torne uma guerra. Porque, se virar guerra, com certeza não serei eu a perde -la. Você não faz ideia garota de quantas batalhas nessa vida eu tive que lutar e vencer e quantas garotas que saíram de uma briga comigo em estado bem pior que o seu. Disse Bianca olhando com um olhar firme e de advertência para Alice.
Ela então ergueu o queixo com firmeza, o orgulho ferido ainda latejando, mas também com a força de quem sabe o próprio valor. Não seria manipulada por choros fingidos ou fingida inocência. E, se Fernando quisesse que ela o respeitasse de verdade ,, teria que fazer muito mais do que enviar flores.
— Bianca, minha filha ....— disse dona Célia com um olhar maternal
—... se tomou a decisão de ficar aqui pelo Fernando e pelo pai dele, não volte atrás agora. A presença do filho tem feito bem ao Lúcio, ele está mais animado, se recuperando com mais força. Fique, pelo menos até a casa de vocês ficar pronta. Por favor.
Bianca respirou fundo. As mãos ainda tremiam de raiva, mas sua voz saiu firme:
— Tudo bem, dona Célia. Farei isso por vocês... e por Fernando. Mas, por favor, convença sua sobrinha a manter distância de mim.
Sem esperar mais respostas, Bianca virou-se e subiu as escadas, sentindo os olhares cravados em suas costas. Assim que chegou ao quarto, trancou a porta, encostou-se nela e deslizou até o chão. Lágrimas silenciosas caíram por seu rosto.
Ouvir as palavras de Alice ecoando em sua mente fez Bianca questionar tudo. Será que tinha feito bem em perdoar Fernando? Será que realmente o havia perdoado… ou só tinha dito isso para não desmoronar de vez?
Ela fechou os olhos com força, sentindo a dor latejar em seu peito como se fosse física. A traição ainda era uma ferida aberta. E a presença constante de Alice, desfilando sua falsa inocência e seu teatro barato, era como sal sendo esfregado nesse machucado.
Ali, sozinha no chão do quarto, com as costas contra a porta e os joelhos encolhidos contra o peito, Bianca chorava silenciosamente. Não queria que ninguém ouvisse. Não queria ser fraca. Mas também não sabia mais como ser forte.
“Será que estou me enganando?”, pensou. “Será que estou apenas adiando o inevitável?”
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