Paola observava o corredor com a calma de quem sabe exatamente para onde vai, mas por dentro o sangue pulsava como um tambor de guerra. Desde o instante em que vira Fernando saindo da sala de Bianca com aquele sorriso satisfeito — o mesmo que ela conhecia bem demais —, algo se quebrou dentro dela. Não precisava de mais provas. Somado aos gemidos abafados que ouvira minutos antes, aquilo era a confirmação de que estavam mais unidos do que nunca.
Se continuasse assim, ela jamais conseguiria separá-los. E Paola não era mulher de aceitar derrotas.
Caminhou decidida até o elevador, cada passo ecoando como um golpe seco no piso de mármore. O destino estava claro: a sala de Raul. Se alguém podia ser manipulado para servir aos seus planos, era ele.
Quando a porta se abriu no andar da diretoria, ela se recompôs, ajeitando os cabelos e assumindo um sorriso calculado. Bateu duas vezes, breves e firmes, antes de empurrar a porta.
Raul estava sentado atrás da mesa, lendo um relatório, mas ergueu os olhos assim que ela entrou. Um misto de surpresa e desconfiança passou pelo rosto dele.
— Paola… — disse lentamente, recostando-se na cadeira.
— O que devo à honra?
Ela fechou a porta com cuidado, girando a chave, e caminhou até a poltrona diante dele. Cruzou as pernas com a elegância de quem nunca perde o controle, mesmo que o coração estivesse queimando.
— Eu sei que você nunca gostou do seu primo — começou sem rodeios, o tom baixo, mas afiado.
— Sempre houve… como posso dizer… uma pontinha de inveja, certo?
Raul arqueou uma sobrancelha, um meio sorriso surgindo.
— Cuidado, Paola. Está pisando em território perigoso.
Ela inclinou o corpo para a frente, apoiando os cotovelos nos braços da poltrona.
— E se eu disser que podemos nos ajudar? Que juntos podemos separá-los.
Raul soltou uma risada curta, sem humor.
— Já tentei me meter entre eles antes. Me aliei à Alice, minha própria irmã, e veja no que deu. Me queimei bonito. Não vou repetir o erro.
O olhar de Paola estreitou, mas o sorriso não desapareceu.
— Alice foi impulsiva, cometeu erros primários. Ela agiu movida pela raiva, não pela estratégia. Eu não sou Alice.
Raul franziu o cenho, mas não respondeu. Paola interpretou o silêncio como um convite para continuar.
— O problema dela foi tentar atacar diretamente. Isso só fortaleceu os dois. Mas se fizermos diferente… se Fernando acreditar que a aproximação partiu de Bianca… ele não terá como culpá-lo. Nem a mim.
Raul inclinou a cabeça, avaliando-a com mais atenção.
— E como pretende fazer isso?
— Com sutileza — respondeu Paola, a voz quase um sussurro. — Pequenos gestos, situações cuidadosamente montadas. Fernando verá Bianca como a responsável, como a traidora. E quando isso acontecer, a confiança entre eles vai ruir.
Raul ficou em silêncio por alguns segundos, tamborilando os dedos na mesa.
— E o que eu ganho com isso? — perguntou por fim.
Era a deixa que Paola esperava.
— Você sabe que, sem Bianca, Fernando vai ficar… desestruturado. Fragilizado. Incapaz de tomar decisões importantes com clareza. E quem você acha que o seu tio vai preferir no comando do estaleiro? Um homem arrasado… ou você, preparado, responsável , pronto para assumir?
Os olhos de Raul brilharam por um instante.
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