Raul arqueou a sobrancelha.
— Você acha que Fernando é do tipo que engole insinuação?
— Não no início — respondeu ela, firme.
— Mas quando for ele mesmo a ver, quando estiver diante dos próprios olhos, a dúvida vai ser inevitável.
Raul ficou pensativo, tamborilando os dedos na borda da mesa.
— E depois?
— Depois… — Paola sorriu, um sorriso frio —, deixamos que a dúvida cresça. E quando o momento certo chegar, damos o empurrão final.
Raul se recostou novamente, agora com um brilho perigoso no olhar.
— Você é mesmo venenosa, Paola.
— Eu prefiro “estrategista” — corrigiu ela, levantando-se e ajeitando a saia.
— E, se me permite dizer, nós dois podemos ser imbatíveis juntos.
Ele não respondeu de imediato, mas a expressão era de quem já estava saboreando a possibilidade.
Quando Paola se virou para sair, Raul disse:
— Vou pensar no seu plano… mas saiba de uma coisa: se der errado, eu não vou hesitar em te derrubar junto.
Paola olhou por cima do ombro, o sorriso intacto.
— Vai dar certo.Eu nunca entrou em uma disputa para perder.Tenha certeza disso.
E saiu, com o salto ecoando pelo corredor, certa de que havia acabado de plantar a primeira semente de uma aliança perigosa.
Bianca estava concentrada em alguns papéis quando ouviu batidas suaves na porta.
— Entra — disse, sem levantar os olhos.
Paola surgiu na entrada, com uma expressão mansa e quase envergonhada. Trazia as mãos entrelaçadas diante do corpo, como se estivesse carregando um peso emocional.
— Bianca .... será que a gente pode conversar? — pediu, com a voz baixa.
Bianca hesitou por um instante, mas assentiu. Paola entrou, fechou a porta devagar e se aproximou, parando a poucos passos dela.
— Eu queria… te pedir perdão — começou, olhando para o chão.
— Se, de alguma forma, eu te dei a impressão errada… de que estou interessada no Fernando. Não é verdade. — Respirou fundo, como se a própria confissão fosse dolorosa.
— Mas… preciso admitir que é difícil… olhar pra ele e não ver o Victor. Eles eram gêmeos idênticos… às vezes é como se ele estivesse vivo de novo, e isso… mexe comigo.
Sua voz vacilou, e, como uma atriz experiente, Paola deixou uma lágrima escorrer no momento exato, sem pressa para enxugá-la.
— Eu não quero que você pense mal de mim — continuou, dando um pequeno passo à frente.
— E não quero que esses mal entendidos me façam perder meu emprego,porque trabalhar no estaleiro para mim é que me ajuda a comriuar a viver ,mesmo sem o Victor ,mas cuidando de alguma forma da empresa que ele adorava zelar.
Bianca, com seu coração sempre disposto a acreditar na bondade alheia, sentiu o peito amolecer. A expressão sincera — ou pelo menos convincente — de Paola, misturada às lágrimas, fez com que sua desconfiança começasse a se dissipar.
— Eu… entendo, Paola — disse, com um sorriso gentil.
— Acho que qualquer pessoa no seu lugar sentiria o mesmo.
Paola abaixou a cabeça, como se estivesse aliviada, mas por dentro um sorriso satisfeito começava a se formar.
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