Ela ficou ali por mais alguns minutos, brincando suavemente com Valentina, fazendo caretas, sorrindo para os olhinhos curiosos que a observavam com tanta inocência
O coração dela se aquietava sempre que estava com a filha, e isso lhe dava forças para seguir.
Quando Valentina adormeceu, a babá voltou para pegá-la. Bianca depositou um último beijo na testa da filha e saiu do quarto, deixando para trás aquela pequena ilha de paz. O motorista já a aguardava na porta da mansão a levando para o estaleiro.
O carro deslizou silencioso até o portão do estaleiro. Bianca observava a paisagem pela janela, mas sua mente estava distante, ainda envolta no calor suave do momento que tivera com Valentina. O coração lhe parecia mais leve sempre que passava alguns minutos com a filha, como se cada sorriso da menina fosse capaz de dissolver as incertezas que a cercavam. Ao descer do carro, respirou fundo o ar levemente salgado vindo do mar, misturado ao cheiro de metal e madeira impregnado no local.
O estaleiro era um reflexo perfeito de Fernando: imponente, meticulosamente organizado, com cada detalhe planejado para transmitir força e controle. Bianca atravessou o corredor amplo, os saltos discretos ecoando pelo piso de cimento polido, e como sempre, seguiu direto para a sala dele. Era o seu hábito. Fernando costumava esperá-la ali, de braços cruzados ou encostado à mesa, com aquele olhar possessivo que a fazia sentir-se ao mesmo tempo amada e prisioneira.
Mas, ao empurrar a porta, encontrou algo inesperado.
Não havia sinal de Fernando. Em vez disso, um homem, sentado confortavelmente na poltrona de couro, ergueu o rosto para ela. Os olhos — de um azul tão intenso que pareciam cortantes — a percorreram de cima a baixo sem a menor cerimônia. Bianca estacou, sentindo imediatamente um arrepio desconfortável subir por sua nuca.
Ele se levantou devagar, com a naturalidade de quem sabia o efeito que causava. Tinha porte atlético, cabelos castanhos levemente bagunçados e uma presença tão marcante que enchia o espaço. Ao se aproximar, o ar pareceu ficar mais denso.
— Ora… — a voz grave e arrastada carregava um charme estudado.
— se eu soubesse que o Nando tinha funcionarias tão belas eu teria vindo aqui na primeira vez que estive no Rio.
Antes que Bianca pudesse reagir, ele segurou sua mão com firmeza, levando-a aos lábios num gesto antiquado e, para ela, excessivamente íntimo. Aquele toque, longe de ser cortês, pareceu invasivo. A pele dela se arrepiou, não de prazer, mas de incômodo.
— Alex Monteiro — apresentou-se, os olhos azuis ainda presos nos dela, como se quisesse atravessá-la por completo
Bianca forçou um sorriso contido, mas seu corpo denunciava o incômodo. Afastou-se discretamente, tentando puxar a mão de volta, mas Alex prolongou o contato por alguns segundos a mais do que o aceitável. Foi nesse exato momento que a porta atrás deles se abriu.
Fernando entrou.
O instante congelou. Seus olhos captaram a cena: a mão de Alex segurando a de Bianca, os lábios perigosamente próximos dela, e a expressão da esposa rígida, desconfortável. Em segundos, a fisionomia de Fernando se fechou, como se uma sombra tivesse atravessado seu rosto. O calor que costumava emanar dele deu lugar a uma frieza cortante, mas seus olhos ardiam de um ciúme feroz.
— Ora, ora… — disse Alex, erguendo o rosto, mas sem largar a mão de Bianca de imediato.
— Se eu soubesse que você tinha funcionárias tão lindas, Nando, teria vindo te visitar muito antes e mais vezes ,é claro.
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