Um peso saiu dos ombros de Bianca e, ao mesmo tempo, outro, mais pesado, se instalou. Sabia que aceitar aquele emprego significava se colocar diretamente contra a vontade de Fernando. Mas, olhando para Walter, percebeu que ele não tinha medo do marido — pelo contrário, parecia saborear a ideia de enfrentá-lo.
Isso seria péssimo, afinal, ela ia trabalhar para um homem que com certeza guardava muita mágoa do marido, mas não podia deixar escapar a chance de ter um emprego, pagar a rescisão de contrato a Fernando e não depender financeiramente dele.
E ia apenas trabalhar para Walter, não se aliar a ele contra seu marido. Isso ela nunca iria fazer. Podia estar magoada com Fernando, mas ela ainda o amava muito e nunca faria nenhum mal a ele.
Ela se levantou, agradeceu e saiu da sala com o coração disparado. O futuro ainda era incerto, mas agora tinha uma chance de mostrar a Fernando que, mesmo com toda a proibição dele para que lhe dessem um emprego, ela arrumou um.
Quando a porta se fechou atrás dela, Walter permaneceu sentado por alguns instantes, imóvel, até que um sorriso lento e perverso se formou em seus lábios. O olhar endureceu, e a respiração, antes controlada, ficou mais profunda.
— Finalmente… — murmurou para si mesmo, a voz carregada de um prazer obscuro. — O destino me deu a oportunidade perfeita.
Seus pensamentos viajaram até Olívia, a mulher que um dia dissera amar. Casara-se com ela de olho na fortuna herdada pelo pai dela, uma herança generosa que lhe abrira todas as portas para se tornar o empresário que era hoje. Sabia que ela não valia nada, que era infiel e vazia, mas mesmo assim a levou ao altar. E, como uma jogada final, livrou-se dela com suas próprias mãos.
Lembrou-se do passeio de lancha durante a lua de mel, do sol brilhando alto, das ondas batendo contra o casco e de como empurrara Olívia, que não sabia nadar, no mar revolto, observando-a se debater até ser engolida pelas águas. Tudo feito com perfeição, tudo parecendo um acidente trágico. Ninguém jamais desconfiara e, quando o corpo dela foi encontrado, todos acreditaram no que ele disse: a mulher caiu da lancha quando houve uma tempestade, e ele não pôde salvá-la, apesar de todos os seus esforços.
Walter apoiou os cotovelos na mesa e passou as mãos lentamente sobre o queixo, saboreando a lembrança.
— Olívia já pagou pelos seus pecados… pagou por ser a vadia que era. — murmurou, os olhos fixos no nada, como se visse o fantasma dela diante de si.
— Agora falta o maldito do Fernando.
Ele recordou o acidente que provocara anos atrás. O plano era simples: uma droga alucinógena, colocada por ele em sua bebida para mandar Venturini direto para o inferno. Mas o destino, cruel e irônico, levou o irmão gêmeo de Fernando no lugar dele. Odiava a lembrança daquele erro. Odiava ainda mais a sensação de que a vida lhe roubara a chance de vingança.
A sua consolação foi saber que Fernando sofreu muito, tanto com a perda do irmão como com a culpa que deve carregar até hoje pela morte dele. Na época, compareceu ao enterro, fingindo-se de amigo, mesmo depois da canalhice que Fernando lhe aprontou, ele deixou de ser seu amigo há muito tempo .
Walter se recordou que até chorou ao lado dele, mas, na verdade, queria era sorrir do sofrimento dele. Não tinha nada contra Victor, que nem era de sair de casa, só vivia para o trabalho, mas a morte dele pelo menos serviu para fazer Fernando se corroer de dor e culpa pela perda do irmão.
Claro que a droga que ele usou não deixava vestígios, senão aquilo podia levantar suspeitas, e ele fez tudo muito bem pensado. Mas não conseguiu seu objetivo: acabar com Fernando.
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