Fernando fechou os olhos por um instante, sentindo a raiva crescer como um fogo incontrolável dentro dele. Um peso esmagador caiu sobre seus ombros. Aquela mulher ousou, em plena desobediência, se aproximar de um inimigo antigo, alguém que carregava mais que rancor — alguém que queria usá-lo como instrumento de vingança.
— Está dispensado. — murmurou com voz gelada.
— Não quero mais ouvir nada sobre minha esposa.
O segurança assentiu, aliviado, e saiu rapidamente.
Fernando ficou sozinho. O estalo da porta batendo reverberou no silêncio pesado da sala, e ele deixou a fúria explodir. Derrubou tudo da mesa: pastas, canetas, documentos. Um soco certeiro na parede fez a tinta lascar, e seus dentes rangeram de raiva.
— Maldito!— gritou, a voz ecoando pelo estaleiro.
— De todas as pessoa com quem Bianca foi procurar emprego! Ela teve que ir logo até o Walter.
Recordou, de repente, aquele episódio da faculdade: a noiva dele, Olívia, oferecendo-se em uma camisola, se atirando para cima dele, provocando sua resistência. Ele tentou afastá-la, mas ela insistiu. E foi assim que Walter chegou naquele apartamento que Fernando dividia com ele e Alex, próximo à faculdade.
Ele lhe deu a sua palavra que nunca transou com Olívia. Ela vivia dando em cima dele, assim como fazia com Alex, mas nenhum deles dois traiu a amizade. Walter, porém, preferiu acreditar na noiva mentirosa e, por raiva, julgou Fernando culpado.
Agora era claro: Walter tentaria usar Bianca como instrumento de vingança. E Fernando sabia disso.
Respirou fundo, tentando conter a fúria, enquanto mandava alguém da limpeza recolher os destroços de sua mesa. Ligou para Paola, avisando que iria para casa e cancelaria todos os compromissos do dia.
Ao chegar em casa, o silêncio o recebeu. Dirigiu-se diretamente ao quarto, mas não encontrou Bianca lá. Seus passos o levaram ao quarto de Valentina.
Ela estava sentada no chão, brincando com a filha, e ao vê-lo, ergueu os olhos com uma expressão fechada.
Fernando se aproximou, pegou a filha nos braços e a beijou na testa. Brincou com Valentina, tentando controlar a raiva que ainda queimava dentro dele. Mas, assim que se voltou para Bianca, a intensidade do olhar azul cortou o ambiente.
— Precisamos conversar — disse, a voz baixa, carregada de ameaça e emoção contida.
— Ótimo — respondeu ela, erguendo o queixo, firme.
— Também quero conversar com você.
O ar entre os dois parecia vibrar, cada respiração carregada de tensão. A batalha estava prestes a começar, e nenhum dos dois sairia ileso.
Com um suspiro pesado, entregou a menina à babá, que a recebeu com um sorriso tranquilo, ignorando a tensão que se instalara no apartamento. Valentina sorriu para ele, e Fernando tentou corresponder, mas sua mente estava tomada por pensamentos que não lhe davam paz.
Quando a porta do quarto se fechou atrás dele e de Bianca, o ambiente se transformou. Ali, o quarto parecia um campo de batalha, a atmosfera carregada de frustração, desejo reprimido e orgulho ferido. Fernando bateu a porta com força, como se aquele gesto pudesse expulsar todo o calor da fúria que sentia.
— Eu já sei o que você vai dizer — começou, a voz baixa, grave, mas carregada de uma tensão quase palpável.
— Você arrumou um emprego na Mendes Cosméticos, na empresa de Walter Mendes.
Bianca ergueu as sobrancelhas, cruzando os braços, mantendo a postura firme.
— É verdade ... — disse ela, deixando a frase suspensa, provocando-o deliberadamente.
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