Walter ajeitou o paletó, mantendo o olhar firme sobre Bianca. A voz saiu controlada, quase doce, mas carregada de intenção:
— Eu não preciso de amor, Bianca. — fez uma breve pausa, como se calculasse cada palavra.
— A proposta que eu te fiz não é apenas por você… não é só para evitar que perca sua filha.
Ele caminhou até a janela da sala e abriu um sorriso discreto, o reflexo do vidro lhe devolvendo a própria imagem. Por dentro, sentia o gosto amargo da lembrança de Fernando, o homem que havia roubado a noiva que um dia fora sua.
— Ela também vai me beneficiar. — completou, voltando o olhar para Bianca, como se quisesse transmitir segurança
. — Ambos vamos nos ajudar.
Walter então se aproximou da mesa, apoiando as mãos no tampo de madeira. O tom de sua voz se revestiu de racionalidade, como quem apresenta um argumento irrefutável:
— Eu tenho perdido contratos importantes com clientes porque não sou casado, não tenho uma família estável. Muitos deles acreditam que homens assim…
— fez uma pausa, estreitando os olhos.
— São mais confiáveis.
Bianca o observava em silêncio, e ele aproveitou o momento para suavizar a expressão, mascarando a satisfação que queimava em seu íntimo. Era ali, diante dela, que ele via a chance perfeita: tomar de Fernando a mulher que um dia lhe havia pertencido e, de quebra, feri-lo onde mais doía.
Walter deu um passo em direção a ela, a voz baixa, envolvente:
— Então, se aceitar minha proposta, será apenas um casamento de conveniência. Nada além disso, seremos casados apenas no papel e eu nunca vou exigir nada de você ,a não ser ,que seja minha esposa apenas perante a sociedade.
Ele sorriu, dessa vez com a frieza calculada de quem vê todas as peças do tabuleiro se encaixando.
— E, como eu já disse, ambos sairemos ganhando.
Bianca respirou fundo, tentando controlar a fúria que ainda queimava dentro dela por causa da intimação. Quando abriu a boca, a voz saiu mais firme do que esperava:
— Casamento não é brincadeira, Walter. — disse, olhando-o nos olhos. — É algo muito sério. Eu não sei se conseguiria viver um casamento de aparência, sem amor, sem verdade.
Ela apertou os lábios, como se cada palavra custasse a sair. Por dentro, o coração estava em guerra. Parte dela gritava que precisava pensar em Valentina, que qualquer sacrifício seria válido para não perder a filha. Mas outra parte, a que ainda sangrava por Fernando, resistia à ideia de transformar sua vida em uma farsa calculada.
Walter a observou em silêncio, os olhos atentos, perscrutando cada detalhe do rosto dela. Bianca sentiu-se exposta, como se ele fosse capaz de enxergar suas contradições mais profundas.
Ela desviou o olhar, a respiração trêmula.
— Eu não sei se teria forças para encenar todos os dias… fingir diante dos outros que existe um lar perfeito quando, na verdade, tudo não passa de conveniência.
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