Laura se despediu de Heitor com um beijo rápido e um sorriso ainda preso aos lábios. Seu corpo ainda vibrava com a lembrança do que haviam feito no sofá do escritório dele. A conversa sobre o jantar com o pai mexia com ela de um jeito estranho — uma mistura de tensão e... expectativa , mesmo sabendo que eles não tinham nenhuma compromisso sério.
Desceu até o estacionamento e dirigiu de volta para casa, com o coração mais leve. Estava animada com o jantar, ainda que um pouco nervosa. E curiosa para ver como Heitor se comportaria diante do próprio pai.
Mas assim que abriu a porta de seu apartamento, o clima mudou abruptamente.
o cheiro forte de fritura invadiu suas narinas. Ao entrar, deu de cara com Bianca no sofá, sentada ao lado de um homem que Laura já tinha visto uma vez ou outra — o tal Rodrigo, com quem a amiga estava “tentando alguma coisa”. Só que o entusiasmo parecia ter ficado no primeiro encontro. Bianca tinha uma expressão entediada, as pernas cruzadas e o olhar perdido na tela da TV.
Na poltrona, Augusto, de roupão e cerveja na mão, completava o trio desconfortável. O volume da TV estava alto, e os risos de um programa idiota preenchiam a sala com um barulho irritante.
Laura fechou a porta devagar, mas nem isso chamou atenção. Só quando ela pigarreou é que Bianca a notou.
— Oi, amiga ! — disse, forçando um sorriso e apontando com o queixo para o homem ao lado. — Esse é o Rodrigo... você lembra dele, né?
Laura assentiu, olhando de relance para o rapaz, que fez um aceno preguiçoso com a cabeça enquanto abria mais uma cerveja.
— A gente resolveu assistir alguma coisa aqui... mas, sinceramente, acho que vou dar um tempo — murmurou Bianca, inclinando-se na direção de Laura e sussurrando:
— Ele é um porre. Só fala de academia e da ex-namorada...
Augusto soltou uma gargalhada do outro lado da sala, como se estivesse totalmente entrosado no momento.
— Ah, para, Bianca, o cara é legal. Gente boa. Trouxe cerveja, pô! Isso já é meio caminho andado — disse, brindando no ar com Rodrigo, que respondeu com um "tamo junto" preguiçoso.
Laura ficou parada por um segundo, observando a cena. Era o primeiro dia de Augusto ali. Um só. E ele já estava tão confortável quanto se morasse ali há anos.
— Amiga , vocês querem transformar nossa sala em boteco agora? O que deu em você Bia ?Para permitir isso ?— disparou ela, tirando os sapatos e colocando-os no canto.
Bianca encolheu os ombros, constrangida. Rodrigo nem respondeu. Augusto só sorriu e levantou a garrafa de cerveja.
— Relaxa, Laurinha... é sexta-feira. Ambiente descontraído, lembra? Você que sempre foi certinha demais.
Laura apenas passou direto por todos, engolindo a irritação. Aquela decisão de ajudar Augusto estava se transformando logo no primeiro dia em um grande arrependimento.
Ela entrou no quarto e fechou a porta atrás de si com mais força do que pretendia.
Definitivamente, essa convivência seria um desafio.
Minutos depois, ainda tentando se acalmar, Laura estava sentada na beirada da cama, tirando os brincos com movimentos mecânicos, quando ouviu uma batidinha suave na porta.
— Entra — disse, sem muita energia.
A porta se abriu devagar, revelando Bianca com uma expressão meio culpada, meio curiosa. Ela entrou com cuidado, fechando a porta atrás de si.
— Ei... tá tudo bem? — perguntou, se aproximando.
Laura suspirou fundo e assentiu.
— Desculpa, Bia. Eu não devia ter falado daquele jeito com você. — Ela passou a mão pelo rosto, cansada.
— Você também paga metade desse apartamento. Tem todo o direito de trazer quem quiser pra cá,até o traste do Augusto você deixou morar aqui porque eu pedi.
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