Um arrepio percorreu o corpo dela dos pés à cabeça. Antes que pudesse reagir, Fernando abriu a porta e saiu, deixando-a ali, com o coração em chamas e os pensamentos em desordem.
Bianca encostou-se à parede, o corpo ainda trêmulo. O gosto dele permanecia em seus lábios, a lembrança dele em sua pele. Era impossível negar: Fernando a dominava de uma forma que nenhum outro homem jamais conseguiria.
Ela suspirou, rindo de si mesma, enquanto caminhava lentamente de volta para o quarto. Sabia que aquela noite seria longa, e que o fogo que ele reacendera em seu corpo não se apagaria facilmente.
A noite parecia infinita. Bianca, deitada em sua cama, olhava para o teto escuro, incapaz de adormecer. A lembrança de Fernando ainda queimava em sua pele. O beijo, o toque, a força dele… tudo pulsava nela como uma chama insaciável.
Mas junto com o desejo, havia a dor. Cada palavra dura, cada acusação, ecoava dentro de sua cabeça como marteladas. Queria odiá-lo, queria gritar que não merecia tamanha desconfiança. Mas, por mais que tentasse, o amor era maior que a mágoa.
Virava-se de um lado para o outro, os lençóis amassados denunciando sua inquietação, até que um som inesperado cortou o silêncio: a campainha.
Seu coração disparou. Olhou para o relógio: duas da madrugada. Um sorriso iluminou seu rosto. Só podia ser Fernando. Tinha certeza de que, assim como ela, ele não resistira e viera procurá-la.
Levantou-se rapidamente, jogou um robe sobre a camisola, ajeitou os cabelos longos com os dedos e correu para a porta. Mas, ao abri-la, a expectativa transformou-se em decepção.
Não era Fernando. Era Walter.
Ele estava de olhos vermelhos, o rosto molhado de lágrimas e o corpo ligeiramente curvado, como se carregasse um peso insuportável. O cheiro de álcool chegava até ela, mas seus passos não eram descoordenados.
— Bianca… — disse, a voz embargada, quase um soluço. — Me desculpa… me desculpa vir a essa hora. Mas… eu não aguentava mais ficar sozinho.
Bianca sentiu o coração apertar. Seu primeiro impulso foi fechar a porta, lembrar-se das palavras de Fernando e manter distância. Mas, diante daquela figura aparentemente despedaçada, seu lado humano falou mais alto.
Walter levou as mãos ao rosto, chorando abertamente.
— Eu tentei… juro que tentei passar a noite sozinho. Mas essa data… essa maldita data… — sua voz falhou. — É o dia em que eu perdi a Olívia.
O nome soou pesado no ar. Bianca respirou fundo, hesitante.
— Walter, eu… eu sinto muito. Mas… não sei se é certo você estar aqui.
Ele ergueu os olhos marejados para ela. A dor que mostrava era tão convincente que Bianca sentiu um nó na garganta.
— Eu não vim aqui para te incomodar, nem para… — a voz falhou de novo, e ele levou uma das mãos ao peito, teatral. — Eu só precisava… precisava de alguém que me escutasse. Por favor, Bianca. Eu não tenho ninguém.
O coração bom de Bianca a traiu. Mesmo com todos os alertas dentro de si, abriu espaço e deixou-o entrar.
Walter entrou devagar, cambaleando apenas o suficiente para parecer vulnerável. Sentou-se no sofá como se suas forças o abandonassem. Bianca fechou a porta, insegura.
— O que você precisa é de um café — disse, já se levantando.
Mas ele segurou seu pulso. As lágrimas brilhavam em seus olhos.
— Não. Café não. — A voz estava mais firme do que antes, mas Bianca não percebeu. — O que eu preciso é… é de alguém que me ouça.
Ela hesitou, mas acabou sentando-se no sofá em frente, puxando a faixa do robe, tentando manter distância.
Walter baixou a cabeça, respirou fundo e deixou escapar uma confissão envenenada:
— Eu sei que Olívia não prestava. Sei que me traía… mas eu a amava. Deus, como eu a amava.
Bianca sentiu o estômago revirar. A imagem daquela mulher, morta e ainda capaz de separar pessoas, era sufocante.
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