O hall da Holding Arantes
parecia mais frio naquela manhã.
Os saltos de Laura ecoaram pelo piso de mármore, firmes, decididos — ou pelo menos tentando parecer. Cada passo que ela dava era um esforço contra o cansaço, contra a dor que ainda latejava entre as pernas, contra a lembrança do corpo de Heitor dominando o seu como se tivesse direito sobre cada centímetro.
Mas o que realmente a enfraquecia era o silêncio dele.
Nenhuma mensagem. Nenhuma ligação. Nenhuma palavra sequer desde a noite em que ela se entregou por inteiro.
E agora, ali, entre os elevadores e os olhares formais dos funcionários, Laura tentava se recompor. O blazer preto, a blusa de seda clara, o rabo de cavalo bem preso — tudo nela gritava controle. Mas por dentro, o caos rugia.
Assim que o elevador chegou ao andar executivo, ela expirou devagar e saiu com passos contidos.
E então o impacto veio.
Patrícia.
A loira saiu da sala de Heitor justamente naquele instante. Estava ajeitando a blusa com movimentos rápidos, o batom levemente borrado, os cabelos mais soltos que o habitual. O olhar dela encontrou o de Laura, e o sorriso que se formou foi puro veneno.
A expressão de Patrícia dizia tudo.
Como se estivesse marcando território.
Laura parou por um segundo, sentindo o sangue gelar. A cena era clara demais para ser ignorada. E cruel demais para ser coincidência.
Patrícia fez questão de passar por ela devagar, e soltou, em tom provocativo:
— Bom dia, querida.Espero que tenha um ótimo dia ,porque o meu começou maravilhosamente bem.
A provocação ficou no ar como o perfume caro e um tanto enjoativo que ela usava.
E Laura… sentiu o ciúme e a dor queimarem como fogo sob a pele marcada da noite anterior.
Laura ainda estava parada, braços cruzados, tentando manter a compostura. Mas diante de Heitor Arantes, nada nela era estável. Principalmente agora, com o cheiro dele tão próximo, o olhar firme, o paletó ainda amarrotado e o silêncio dele queimando como castigo.
— Você está diferente — ele disse, com a voz baixa, quase um aviso.
— Está me olhando como se eu tivesse te traído.
— E você está me olhando como se não devesse explicações — rebateu ela, mantendo a postura, embora por dentro estivesse despedaçada.
Heitor deu um passo à frente. Estava tão próximo que ela conseguia ouvir a respiração dele.
— Talvez eu não deva. — A voz dele era firme, implacável.
— Mas ainda assim... estou aqui. Tentando me conter. Porque se você continuar com esse olhar de desafio, Laura... eu vou acabar te mostrando que só existe uma verdade entre nós dois.
Ela ergueu o queixo, desafiadora, os olhos faiscando.
— E qual seria?
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