Heitor bufou, irritado, passando as mãos nos cabelos com força.
— Não distorce o que eu estou dizendo.
— Estou tentando entender! — ela rebateu, a voz falhando.
— Porque quando você diz que eu sou sua, que meu corpo te pertence… e depois desaparece como se nada tivesse acontecido, eu fico me perguntando se sou só uma peça na sua coleção de submissas obedientes.
Heitor a encarou com raiva. Mas não era uma raiva dela. Era dele mesmo. Por sentir. Por não saber lidar com o que sentia.
— Eu gosto de você, Laura. Gosto muito.
Ela respirou fundo, o peito apertado.
— Gosta de mim… ou da Laura submissa? Da secretária competente?
Ele a olhou nos olhos, firme. Sem hesitar.
— Gosto da Laura que obedece. Da Laura que se entrega. Que confia em mim de olhos fechados. Da mulher que me desafia na sala de reuniões e geme meu nome no quarto. Mas não gosto dessa versão aqui. — Fez um gesto com a cabeça, como se a examinasse. — Carregada de drama, expectativa e carência.
Ela sentiu as palavras entrarem como facas afiadas. Quis gritar. Quis socar o peito dele. Mas apenas sorriu… aquele sorriso triste de quem entendeu tudo da pior maneira.
— Então é isso que eu sou pra você?
Heitor se aproximou devagar, como um animal selvagem prestes a ser enjaulado. Colocou uma mão em sua cintura, outra em sua nuca. O toque era firme, mas contido. Controlado.
— Você é minha. Enquanto quiser ser.
Mas se começar a me cobrar como se fôssemos um casal... a gente acaba aqui.
Silêncio.
Laura engoliu o orgulho, a dor, o nó na garganta.
— Então talvez a gente já tenha acabado.
Porque eu… eu não sei mais ser só isso.
Heitor não disse nada. Apenas a soltou. Lentamente. Como quem se forçava a não ceder.
E ela… se virou e saiu. Sem lágrimas. Sem drama.
Mas com o coração em pedaços.
Heitor ainda estava parado no meio da sala.
As mãos apoiadas na borda da mesa, o olhar perdido na porta fechada que Laura atravessara minutos antes. O silêncio era cortante. Cada respiração dele era pesada, carregada de algo que doía mais do que qualquer chicotada ou decepção.
Laura.
Era óbvio agora. As cobranças, o olhar ferido, a dor não dita por trás de cada palavra…
Ela estava apaixonada por ele.
E isso o apavorava mais do que qualquer ameaça, traição ou inimigo.
Passou a mão pelos cabelos, irritado com o que acabara de perceber. Sentia o coração martelar dentro do peito, teimoso, tentando fazê-lo ceder. Mas Heitor era um homem de razão. De controle. De domínio. E, mais do que tudo… de cicatrizes.
Depois de Patrícia, ele prometeu a si mesmo que nunca mais amaria.
Nunca mais confiaria.
Nunca mais se entregaria a ponto de depender de alguém.
Patrícia tinha sido tudo para ele. Amor, desejo, confiança cega. E foi justamente essa cegueira que o fez ser traído da pior forma possível — usada, manipulada, armando contra ele e contra seu pai por puro interesse.
Ela o destruiu. E ele nunca mais foi o mesmo.
Agora… Laura.
Doce e forte.
Sensual e intensa.
Submissa, sim. Mas com um coração que batia por ele com mais do que prazer.
Ela queria mais.
Mais do que ele podia — ou estava disposto — a dar.
Heitor apertou os olhos com força. Sentia uma fisgada no peito. Uma dor estranha.
Quase como… saudade. E ela ainda estava no mesmo prédio.
— Droga… — sussurrou para si mesmo, caminhando até a janela, como se o mundo lá fora pudesse dar a ele alguma resposta.
Mas não dava.
A única resposta que ele tinha era amarga.
Precisava se afastar.
Antes que fosse tarde demais.
Antes que se envolvesse a ponto de não conseguir mais sair.
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