Proibida para Mim: Apaixonado pela filha do meu amigo romance Capítulo 130

Matheu Rossi

A preocupação começava a me corroer por dentro.

A casa estava cheia de convidados, risos soltos no ar, música suave preenchendo os espaços — mas dentro de mim só existia o som ensurdecedor da ausência da minha filha.

Aurora havia sumido.

Num momento, ela estava ali, sorrindo com Isabella, soprando as velas, cercada de carinho e lembranças. No instante seguinte… nada. Nenhuma pista, nenhuma palavra, nenhum bilhete. Como se o mundo tivesse engolido aquela menina que ainda era tão pequena pra suportar o peso que a vida insistia em jogar sobre os ombros dela.

— Já revirei o jardim inteiro, os fundos da casa, até a garagem — disse Isabella, com a voz trêmula, os olhos marejados. — Ela não tá em lugar nenhum, Matheu!

Meu peito apertou.

— Vittorio, tem certeza que não viu nada? Nem sinal do Lorenzo?

Ele balançou a cabeça, claramente angustiado.

— Não, Matheu… mas… — hesitou. — Você sabe o que eu penso, mas preciso ser honesto: será que isso não tem o dedo do seu filho?

Quis dizer que não. Que Lorenzo não seria tão irresponsável de tirar minha filha da festa sem nos avisar. Mas as lembranças do passado se agitaram feito sombras nos cantos da memória. Os dois tinham história. História mal resolvida.

E apesar de tudo, apesar da dor que ainda me corroía quando pensava neles dois juntos de novo… uma parte de mim sabia que ele ainda a amava. Talvez sempre tivesse amado.

Mas será que Aurora…

— Lorenzo me disse que não viria — falou Vittorio, como se tentasse aliviar meu receio. — Disse que respeitaria o espaço dela, que não queria deixá-la desconfortável. Ele parecia firme nisso. Triste, mas firme.

— E você sabe onde ele tá agora?

Vittorio me olhou com aquela expressão que só irmãos conseguem decifrar.

— Onde mais estaria, Matheu? Na adega. Desde que terminaram, ele se enterra lá. Diz que é pelo trabalho, pelo vinho… mas a gente sabe que é porque ele não sabe lidar com a ausência dela.

Dei um passo à frente, pronto pra descer até lá eu mesmo, mas fui interceptado por Rhuan — o encarregado da propriedade, de confiança, atento a tudo.

— Senhor Matheu — disse ele, firme — acabei de sair da adega. Fui verificar a climatização das barricas, como o senhor pediu esta manhã. Lorenzo estava lá. Sozinho. Em silêncio, como sempre. Não há sinal da senhorita Aurora lá dentro.

Suspirei, frustrado. Queria que Rhuan estivesse errado. Queria, de algum modo, encontrar um motivo simples, fácil, para justificar o desaparecimento da minha filha. Mas ele não estava.

— Você tem certeza? — insisti, num fio de voz.

— Absoluta, senhor. Entrei, cumprimentei o Lorenzo, ele apenas acenou. Estava mexendo nos registros da fermentação. Nada fora do comum.

Virei o rosto e vi Isabella olhando em volta, como se a qualquer momento Aurora pudesse simplesmente aparecer correndo pelo jardim com os cabelos ao vento e os olhos brilhando de riso.

Mas ela não aparecia.

E a angústia aumentava.

— Precisamos ampliar a busca — falei, mais para mim do que para os outros. — Rhuan, chame os seguranças. Quero todo o perímetro da casa vasculhado. Floresta, estábulos, trilha do lago. Tudo. Vittorio, pode nos ajudar?

— Claro — ele respondeu, já pegando o telefone. — Vou acionar o pessoal da vinícola também. Se ela estiver em qualquer lugar dentro dessas terras… a gente vai encontrá-la.

Assenti, tentando conter o medo crescente que me apertava o peito. Tentei manter o controle por Isabella. Pela nossa filha.

Mas algo dentro de mim dizia que esse sumiço… não era só uma fuga de criança. Não era só um impulso inconsequente.

Era algo maior.

E, por mais que eu tentasse negar, o nome dele não saía da minha cabeça.

Lorenzo.

Se não estava com ela… por que meu instinto gritava que os dois estavam exatamente onde não queríamos que estivessem?

Juntos.

E se esse fosse o caso… que tipo de verdade estaríamos prestes a encarar?

Amanheceu como se a noite anterior não tivesse nos atravessado feito lâmina.

A casa estava silenciosa, estranhamente silenciosa.

Isabella não dormiu — e eu tampouco. Passamos a madrugada esperando, olhos fixos na porta, telefone ao alcance, cada farfalhar de folhas nos fazendo levantar num sobressalto. Mas Aurora não apareceu.

Ela havia sumido.

E por mais que tentássemos racionalizar, pensar que era só uma adolescente que precisava de espaço, de ar, de tempo… o medo era maior. O medo era de perder. De não saber onde erramos.

De que Lorenzo tivesse algo a ver com aquilo.

Tomei o segundo café do dia sem nem sentir o gosto. Estava sentado à mesa da varanda, olhando para o vinhedo ainda úmido do orvalho da manhã. O ar cheirava a terra e silêncio.

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