A cena pareceu congelar no instante em que o alçapão foi escancarado e a figura de Caliu surgiu, segurando Lyra como se fosse apenas uma boneca quebrada. O vento frio da floresta noturna cortou o silêncio repentino, misturando-se ao cheiro forte de sangue e terra molhada, foi como se o tempo parasse por um segundo.
River ficou congelado. Seus músculos ainda vibravam da batalha, mas o mundo não importava mais, a luta não importava mais, a única coisa que importava era Lyra. Sua Lyra. O estado em que ela estava fez algo dentro dele se despedaçar. O corpo nu e pálido, coberto de hematomas, tremia de dor, o sangue fresco escorria do pescoço sob as garras afiadas do ancião, que perfuravam sua pele fina cada vez mais, ameaçando rasgá-la totalmente.
Um rosnado profundo e gutural nasceu no peito do Supremo, sacudindo seu corpo imenso. Seus olhos ardiam, misturando fúria e desespero, e cada fibra de seu ser gritava para avançar e destroçar o inimigo que ousava tocar em sua companheira, mas não podia não ainda atacar agora a colocaria em risco e nenhuma vingança valia a vida do seu grande amor.
— Solte-a… — a voz de River ecoou, lenta, monstruosa e gutural. — Agora.
Caliu sorriu com escárnio, a expressão soberba como quem canta vitoria mesmo no meio da batalha.
— Dê mais um passo e eu rasgo a garganta dela! — Ele pressionou as garras contra a pele frágil de Lyra, fazendo um filete de sangue escorrer pelo pescoço dela. — Quer ver a sua Luna morrer bem aqui e agora?
River deu um passo à frente, os músculos tensos, os pelos eriçados pelo ódio que sentia. Ele rosnou tão forte que fez os lobos ao redor estremecerem.
— R-River… — a voz de Lyra saiu fraca, quase um sussurro, mas suficiente para atingi-lo com força.
Os olhos dela encontraram os dele, e naquele momento, nada mais existia.
Precisava apenas de um segundo.
Caliu apertou ainda mais a garra contra o pescoço de Lyra, mas naquele instante, algo mudou, e ele não percebeu. A proximidade entre Lyra e River renovou um pouco as forças da Luna, apenas um pouco, mas aquela pequena lufada de ar em meio ao cheiro sufocante do veneno foi o suficiente, aquela pequena fagulha de força era a única coisa que ela precisava. Com um enorme esforço, Lyra moveu o braço para trás e acertou uma cotovelada certeira no estômago do ancião.
O impacto não foi suficiente para derrubá-lo, sequer o machucaria de verdade, mas o choque e a velocidade súbita de loba fizeram com que ela se soltasse e rolasse pelo chão alguns metros antes de cair, exausta. O mundo girava para ela, e o corpo não respondia, não mais, havia chegado ao seu limite, mas aquilo foi o suficiente para distrair Caliu, e aquilo era tudo o que precisava.
— SUA VADIA! — rugiu o ancião, os olhos faiscando de raiva. — Eu vou acabar com você!

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...