O sol começava a desaparecer atrás das montanhas, tingindo o céu de tons avermelhados e o vento soprava seco nas terras dos renegados, carregando o cheiro de sangue, metal e fumaça.
A tenda de Atlas estava silenciosa, um silêncio denso, quase sufocante. Ele entrou, afastando o tecido da entrada com um gesto impaciente, o colar com a pedra verde ainda brilhava no peito dele, pulsando como se tivesse vida própria. O brilho estranho refletia no rosto de Lyra, que permanecia caída no chão, o corpo fraco, mas os olhos abertos e atentos.
Atlas se aproximou, a sombra dele cobrindo o corpo dela e, com a ponta da bota, empurrou o ombro da loba, fazendo-a se mover.
— Ainda viva, Luna? — provocou, o tom debochado. — Achei que já tivesse desistido.
Lyra gemeu baixo, tentando levantar a cabeça. A prata das correntes brilhava com as fagulhas da fogueira, e o cheiro do mata-lobos impregnava o ar.
— Um pouquinho de veneno... — ele disse, se abaixando diante dela, os olhos cheios de desprezo. — E a grande Lyra da Lua Sangrenta já tá no chão.
Ela o olhou com raiva, o peito subindo e descendo com dificuldade.
— Você... não vai... vencer. — falou entre os dentes, a voz fraca, mas firme.
Atlas riu, a risada fria e arrogante.
— Ah, mas eu já venci. — endireitou o corpo, o colar brilhando com mais força. — Hoje à noite, sua filhinha vai ser minha e, se ela for comportada, talvez eu deixe ela viver.
Lyra rosnou, mostrando as presas, mesmo com o corpo tremendo.
— Se encostar nela... eu mesma arranco sua cabeça.
— Admiro seu ciumes de mãe… — ele se inclinou, o rosto quase tocando o dela. — Mas você não vai estar lá pra ver.
Ele deu dois tapinhas leves na bochecha dela, como se zombasse, e se levantou.
— Fica aí, descansando. Eu vou vencer uma guerra e já volto.
Atlas saiu, empurrando a cortina da tenda com força. Do lado de fora, dezenas de lobos esperavam, armados, em formação. Ele ergueu o braço e a tropa respondeu com um uivo uníssono, o som ecoando por quilômetros.
— Avancem! — ele rugiu. — Hoje, a Lua Sangrenta cai!
O chão pareceu vibrar quando eles começaram a marchar, a poeira subindo sob as patas e botas e antes de desaparecer na neblina, Atlas olhou por cima do ombro e chamou quatro soldados.
— Fiquem de olho na prisioneira. — ordenou, seco. — Se ela tentar fugir... matem.
Os homens assentiram, e ele seguiu em frente, o rugido da alcateia misturado ao som distante dos tambores de guerra.
Dentro da tenda, Lyra cerrou os dentes, respirando fundo, o corpo ainda doía, mas a dor também era força, pois tinha fé que não ia morrer ali, não antes de vê-lo cair.
***
Na Lua Sangrenta, o acampamento vibrava de tensão, os guerreiros estavam em posição, as barricadas reforçadas, os rádios funcionando, e o cheiro de metal e óleo de arma impregnava o ar. O céu escurecia rápido, e a floresta parecia prender o fôlego.
As crianças e os mais velhos já tinham sido levados para o esconderijo subterrâneo atrás da colina, junto com os feridos e os lobos mais fracos e agora, só restavam os que estavam dispostos a lutar até o fim.
Lua estava na área principal, observando os lobos se prepararem, o peito apertado. A cada batida do coração, o medo crescia, mas ela tentava disfarçar.
Caleb passou por entre os soldados e parou ao lado dela, ajeitando as luvas pretas, enquanto o olhar dele estava fixo no horizonte, onde o vento trazia o cheiro do inimigo.
— Tá perto. — ele disse, baixo.
Lua assentiu.
— Eu sei.



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Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...