(Nick)
— Nem ouse sequer pensar nisso! — Ethan vociferou ao meu lado.
Talvez ele tivesse visto meus punhos cerrados e pensado que eu fosse perder o controle de novo e socar as portas do elevador dessa vez... Mas não era isso. Eu estava furioso ao vê-la usando o anel dele, porém decidi não fazer nada. Doía tanto que cheguei a ficar entorpecido.
Eu não sabia o que fazer, só queria voltar para casa e beber até perder os sentidos…
— Eu não ia fazer nada.
Ethan, ao me lançar um olhar cético, tirou as mãos dos bolsos e as deixou cair ao lado do corpo, como se estivesse pronto para o que quer que acontecesse. "Se ao menos soubesse que a única estupidez que eu pretendia cometer era beber até morrer…"
Logo, as portas do elevador se abriram, revelando minha mãe. Ela pareceu surpresa ao me ver, mas não disse nada, apenas se moveu para o lado, permitindo que entrássemos. Com isso, entramos em silêncio e ficamos ali.
— O que aconteceu com a sua mão? — Lancei um olhar rápido para ela, mas permaneci calado, encarando à frente, esperando que as portas se abrissem para que eu pudesse sair dali o quanto antes.
Como se tivesse me ouvido, o elevador se abriu e eu saí, ouvindo Ethan dizer enquanto me afastava:
— Ele brigou com a parede.
Mesmo assim, não me virei, e continuei andando. Era como se estivesse tendo uma experiência extracorpórea... Como se meu corpo não fosse meu enquanto caminhava.
Ao sair, vi o motorista de Ethan parado ali. Assim, caminhei até o carro e entrei, olhando pela janela. Logo depois, minha mãe e Ethan se juntaram a mim, mas eu nem sequer olhei na direção deles.
Tudo o que eu queria era enfiar a mão no peito, arrancar o coração e atirá-lo para fora daquela janela, acreditando, mesmo que ingenuamente, que o ar pudesse suavizar a dor que me destruía.
O fogo que ardia no meu peito era avassalador. Embora muitos dissessem que as dores provocadas por tiros ou facadas eram as mais intensas, essas pessoas, com toda certeza, jamais haviam amado de verdade.
Porque, apesar de eu já ter sido esfaqueado e até ter sobrevivido a dois ataques cardíacos, nada, absolutamente nada, chegava perto da dor lancinante que me dilacerava naquele instante.
"Sandra, desde o momento em que você apareceu, minha vida virou um inferno, e é por isso que eu te amaldiçoo! Se não fosse por você, minha esposa jamais teria me deixado."
Amaldiçoei aquela desgraçada em pensamento.
— Preparei sua comida preferida, e acho que você deveria ir para casa comigo para jantarmos juntos. Afinal, já faz tempo que não fazemos isso... Desde antes da morte do seu pai. — Ela estava tentando me manipular para que eu fosse com ela. Em qualquer outra ocasião, eu teria aceitado sem hesitar. No entanto, naquela noite, tudo o que eu queria era beber, apagar a mente, me anestesiar e parar de pensar em absolutamente tudo.
— Nick, ficar sozinho nessa fase só vai piorar as coisas. A casa é espaçosa e silenciosa demais sem você, então por que não volta a morar comigo?
Continuei em silêncio.
— Ethan, diga ao seu motorista para nos levar à minha casa.
Nesse momento, virei-me e a encarei com raiva.
"Ela jamais soube lidar com um não, insistindo repetidamente até alcançar o que queria. Porém, agora, as coisas não aconteceriam como ela queria... Eu simplesmente não tinha paciência para mais um de seus joguinhos." Ethan, por sua vez, permaneceu em silêncio, já entendendo perfeitamente o que eu planejava fazer ao chegar em casa.
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