A tarde caía devagar sobre a fazenda, tingindo o céu com um espetáculo de tons dourados, alaranjados e lilases que refletiam nos campos. A varanda principal estava envolta por uma luz suave que tornava tudo mágico, quase intocável. Isabella estava encostada no corrimão de madeira, com o olhar perdido no horizonte, mas o coração pulsava acelerado, como se pressentisse que aquele dia guardava algo especial.
À sua frente, uma cena que mais parecia saída de um sonho: Lorenzo, montado em seu cavalo, segurava Benjamim com cuidado. O bebê vestia uma roupinha de cowboy, calça jeans, camisa xadrez e um chapéuzinho minúsculo que insistia em cair sobre os olhinhos verdes. Ao lado deles, Aurora cavalgava orgulhosa sobre Pingo, com suas botinhas de couro, a calça bordada com flores delicadas e uma camisa florida que traduzia sua alegria natural.
O vento soprava suave, carregando o cheiro de grama recém-cortada, madeira úmida e flores silvestres. Isabella fechou os olhos por um instante, respirando fundo. O coração aquecia ao ver sua família ali, vivendo um momento simples, mas perfeito. Tudo pelo que havia lutado, todas as dores, todas as batalhas… finalmente, tinham valido a pena.
Então, ouviu uma vozinha clara cortar o ar:
— Mamãe! — gritou Aurora, levantando a mãozinha, com os olhos brilhando. — Olha o Benjamim! Ele é um cowboy de verdade!
O mundo de Isabella pareceu parar. Ver a alegria estampada no rosto da filha, o brilho nos olhos de Benjamin e o sorriso no rosto de Lorenzo era tudo o que precisava para ser feliz. Era grata a Deus pelo presente que ele havia lhe dado. Sorriu com os olhos marejados estendendo a mão para a filha num cumprimento animado e com a voz embargada apenas sussurrou:
— Eu amo vocês…
Nesse instante, Dona Flora aproximou-se, apoiada na bengala, com os olhos marejados e um sorriso pleno de ternura.
— Eu disse que esse dia chegaria, minha neta… — falou, com a voz baixa e firme. — Você trouxe luz para esta família. Devolveu o sorriso ao Lorenzo, devolveu a voz a e o brilho aos olhos da Aurora… e agora completa tudo com o pequeno Benjamim.
As lágrimas de Isabella desceram em silêncio. Caiu de joelhos diante da avó e a abraçou pela cintura, escondendo o rosto no tecido do vestido.
— Vó… eu que fui abençoada por essa família… eu nem sei se mereço todo esse amor…
Dona Flora acariciou os cabelos dela com delicadeza.
— Você merece isso e muito mais meu amor.
Antonella e Maria, que observavam tudo, se aproximaram com lágrimas nos olhos. Antonella, com a voz embargada, disse:
— Obrigada, Isabella… por trazer vida de volta ao meu filho… e à minha neta.
Maria segurou a mão de Isabella com carinho:
— Você não imagina o quanto isso significou para todos nós.
Do campo, Lorenzo observava tudo. Ele não ouviu as palavras, mas viu o gesto, sentiu o significado. Ele mais que qualquer outro era grato, pela chance de amar novamente.
Continuou galopando até a esposa e quando estava próximo, desceu do cavalo com cuidado enquanto Stefano ajudou Aurora a descer de pingo. Se aproximou da esposa e no meio do caminho, Giulia pegou o sobrinho nos braços e começou a beija-lo sussurrando:
— Cadê o cowboy lindo da titia? Cade? Cade?
— Ahh… Te.. Te… Pa… pa…
— Diz Titia… Titia….
Aurora correu até a tia e se aproximou do irmão que gritou animado ao ver a irmã.
— TE… TE… TE…
Lorenzo se aproximou de Isabella com um sorriso nos lábios e segurou na mão da esposa que arqueou uma sobrancelha, desconfiada.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: A Babá Virgem e o Viúvo que Não Sabia Amar