O céu escurecia devagar, e a brisa fresca da noite começava a soprar sobre a fazenda. O sol já havia se escondido por trás das colinas quando Lorenzo e Isabella retornaram do passeio a cavalo, ainda tomados pela emoção da descoberta. No caminho de volta, ela permanecia abraçada à cintura dele, em silêncio, tentando absorver tudo o que ouvira. Cada batida do coração dela ainda ecoava a promessa feita alguns minutos antes: “É aqui que vamos viver o resto das nossas vidas.”
Quando chegaram à fazenda, o cheiro irresistível de comida fresca invadiu o ar. Maria, Dona Flora e Antonella haviam caprichado no jantar daquela noite, preparando pratos típicos do interior: costela assada lentamente no forno a lenha, salada de folhas colhidas da própria horta, pão de queijo quentinho, purê cremoso de batatas e, para sobremesa, um bolo de fubá com goiabada que ainda esfriava na cozinha. Iam voltar para casa no dia seguinte e queriam se despedir do ar puro e da paz do campo com estilo.
Aurora foi a primeira a correr em direção ao pai, com o vestido rodando ao vento, os olhinhos brilhando de curiosidade.
— Papai! Papai! Onde vocês foram? — perguntou, ofegante. — A mamãe tá com o rosto de quem esconde um segredo!
Lorenzo sorriu de canto, abaixando-se para beijar a testa da filha.
— É uma surpresa, meu girassól. Mas logo você vai saber de tudo.
Aurora fez um biquinho, cruzando os bracinhos, mas acabou sorrindo de novo quando Isabella se abaixou para abraçá-la.
— Prometo que você vai adorar, minha princesa. — disse Isabella, com a voz baixa e doce.
Giulia e Beatriz, que estavam encostadas na varanda, observavam a cena com olhares desconfiados. Beatriz, sempre impossível de conter, foi a primeira a abrir a boca:
— Eu sei que tem alguma coisa acontecendo aqui. — disse, cruzando os braços e encarando Lorenzo. — Conta logo, porque eu odeio ser a última a saber.
Giulia sorriu, cutucando a amiga com o cotovelo.
— Deixa de drama, Bia. Meu irmão tá com cara de quem tá planejando alguma coisa grande… e romântica. Olha esse olhar?
Lorenzo apenas arqueou uma sobrancelha e passou um braço pelos ombros de Isabella, guiando-a para dentro da casa.
— Sejam pacientes. O jantar vai ser o momento certo.
A sala de jantar estava iluminada por luzes amareladas e velas delicadas sobre a mesa longa de madeira maciça. As travessas foram dispostas com cuidado, e o ambiente tinha um ar acolhedor, familiar. Todos já estavam reunidos: Antonella, Maria, Giulia, Beatriz, Theo, Stefano, Marco, Cristina e Dona Flora.
Benjamin, estava sentado no colo de Stefano, brincava com o cordão do avental de Maria, enquanto Aurora ocupava o lugar ao lado da madrinha, exibindo o desenho que havia feito mais cedo, uma família de quatro pessoas e um cavalo enorme ao lado.
Quando Lorenzo e Isabella entraram, todos se voltaram para eles. O clima parecia carregado de expectativa.
— Finalmente! — exclamou Beatriz, batendo as mãos. — Não aguento mais de ansiedade, contem logo o que estão escondendo!
— Bia, calma. — disse dona Flora, segurando o braço da neta, mas com um sorriso no rosto. — Vamos ouvir.
Lorenzo tomou o assento à cabeceira da mesa, e Isabella sentou-se ao lado dele. Ele olhou para todos, respirou fundo e, antes de falar, buscou a mão dela sob a mesa, entrelaçando os dedos.
— Tenho algo importante pra contar… — começou ele, com a voz baixa e firme. — Algo que muda a vida da nossa família.
As conversas cessaram, e os olhares se voltaram para ele.
— Hoje levei Isabella para um passeio a cavalo até a fazenda vizinha… — disse, pausando para criar suspense. — E quero que todos saibam que agora… ela é nossa.
O choque foi geral. Beatriz arregalou os olhos, levando a mão à boca.
— O quê?! — ela gritou, quase derrubando a taça de suco. — Lorenzo Vellardi, você COMPROU uma fazenda e não falou nada pra ninguém?
Giulia, por outro lado, colocou a mão no peito e sorriu largo.


Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: A Babá Virgem e o Viúvo que Não Sabia Amar