RODRIGO
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O processo correu rápido demais, um dia eu estava bem, no outro eu estava em uma cela, recebendo tratamento diferenciado apenas por ser rico e formado, mas nada mudava o fato do meu nome ter sido jogado na lama junto com a minha dignidade.
O Demétrio e o meu pai eram as únicas pessoas que iam me visitar, e chegava a ser vergonhoso eu ter que passar por esse constrangimento.
A minha empresa, eu sabia que estava sendo bem cuidada, bem administrada, e pelo menos isso eu sabia que eu iria ter quando eu saísse da prisão.
Eu não falava com a minha mãe desde o dia que tudo aconteceu, eu até tentei falar com ela algumas vezes mas não consegui, ela jamais iria me perdoar.
O que eu sabia era que ela gastou uma grana alta pra fechar a boca da imprensa pra que o nome da família não caísse na boca do povo, isso abalaria a carreira dela, carreira essa que ela lutou pra ter.
Tudo o que eu sentia era raiva, e o fato de eu estar preso não mudava em nada e nem diminuiu a minha vontade de quebrar o Diego e o Matheus por terem ajudado a Melissa e a Yanka a acabarem com a minha vida, eu seria preso de qualquer forma, se não fosse por isso, seria por matá-los.
Eu tinha recebido a ajuda de um psicólogo novamente, a pedido do meu pai, pra me ajudar a lidar com os meus sentimentos.
Não estava sendo fácil, eu sentia saudades, e não era qualquer saudade, era uma saudade cortante, massacrante, uma saudade absurda pela Yanka.
Eu não sei o que aconteceu com todo o sentimento que eu sentia pela Melissa, aos poucos eu fui aceitando que a nossa história já tinha dado o que tinha de dar, que nós havíamos vivido o que tínhamos pra viver, mas com a Yanka era diferente, eu não consegui esquecê-la.
Eu tentava lidar todos os dias com o ódio em saber que ela podia estar com o Matheus, que ele podia estar fodendo ela, pegando naqueles peitos que me faziam perder todo o controle, e beijando aquela boca dela que me fazia perder a respiração.
Eu não sabia o que havia mudado em mim, mas eu dormia e acordava pensando nela, e nos motivos que a levaram a fazer aquilo comigo.
Eu vi o quanto ela estava sofrendo por ter tomado a atitude que tomou, mas naquele dia, a minha raiva, o meu rancor, não me permitiram levar isso em consideração.
Nem o Demétrio e nem o meu pai me davam informações sobre como ela estava, e quando eu finalmente saísse da prisão, eu não poderia chegar perto dela e nem da Melissa.
A pior prisão, era a da minha mente.
Eu estava preso no dia que a conheci, no dia em que ela me olhou pela primeira vez.
Estava preso nas inúmeras oportunidades que tive de amá-la, mas não amei por puro egoísmo, egocentrismo e mal caráter, e olhando pra tudo isso, eu consegui ver a mulher que eu perdi.
"O que eu posso esperar daqui a dois anos e meio? Uma mulher casada? Com filhos? Uma família formada por outro homem?"...
Pensar nisso estava me deixando cada vez pior, nem a terapia estava dando jeito pra tantos conflitos internos.
A Yanka me levou à loucura, aceitar que eu a amava, foi a parte mais dolorosa que vivenciei, e saber que esse amor jamais seria possível de ser vivido, me fazia querer morrer.
Todos os dias eu tinha direito a duas ligações, e todos os dias eu ligava pra ela, eu descobri que o número continuava sendo dela, ela apenas não queria me atender.
A primeira vez que liguei, eu ouvi a voz dela, mas quando ela ouviu a minha, ela ficou em silêncio, eu praticamente implorei pra ela me ouvir, pra ela não desligar, mas ela acabou desligando, desde então, eu tentei incansavelmente fazer ela me ouvir, e tudo que consegui foram dez segundos da respiração cortante dela.
Se ela não sentisse mais nada por mim, ela nem me atenderia, mas ela me atendia, escutava a minha voz e sem falar nada, ela desligava.
Às vezes eu achava que ela sentia vontade de me responder, mas não respondia por puro medo, talvez medo de eu fazer tudo outra vez, de eu magoá-la uma outra vez, de tratá-la da forma como eu a tratei.


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