YANKA
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Eu havia descansado o suficiente, quando acordei, pensei ter perdido o horário do jantar, mas eu ainda tinha tempo.
Coloquei um vestido branco, fiz uma maquiagem leve, coloquei o cabelo de lado, que realçava muito bem o meu rosto, me perfumei e fui.
Quando entrei, a casa parecia silenciosa demais, eu senti algo estranho, eu não sabia explicar.
Foi quando percebi uma claridade diferente perto da piscina.
Dei mais alguns passos e então meu mundo parou.
As luzes suaves em volta do jardim, as velas acesas com cuidado, o perfume de flores, a delicadeza do cenário e ele.
Era o Rodrigo parado a poucos metros de mim, me observando com a mesma intensidade que eu tantas vezes fingi esquecer.
Meu corpo congelou, não podia ser. Aquilo era uma brincadeira cruel? Meus olhos varreram o espaço como se procurassem por uma câmera escondida, por alguém que dissesse que era uma pegadinha, mas não era.
No mesmo instante lembrei da última carta dele, ele estava se referindo a minha vontade de querer reencontrá-lo, mas não tinha como ele saber se eu queria ou não...Eu queria?
O fato era que ele estava ali, no mesmo jardim que, um dia, foi palco de tantas memórias.
Na hora, tudo pareceu se misturar dentro de mim, a surpresa, o medo, a raiva, o impulso de correr e o impulso de ficar.
Meus olhos se encheram de lágrimas, e eu não sabia se chorava pelo susto, pela saudade mal resolvida ou pelo caos que se reabriu em mim sem aviso.
Ele não se moveu, só me olhava.
E eu, mesmo com o coração, batendo forte, fui me aproximando. Como se precisasse ter certeza de que era real. Como se, em algum lugar obscuro e tolo do meu peito, eu tivesse esperado por esse momento.
Quando cheguei mais perto, vi que ele estava emocionado, o peito arfando, os olhos marejados. Havia algo diferente nele, uma suavidade que nunca vi, uma culpa exposta, sem máscaras.
— Me perdoa.
Ele disse...
— Eu preciso que você me perdoe, pra que eu possa te tocar de novo.

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