Eu e o Rodrigo juntamos nossas roupas e fomos tomar banho juntos no antigo quarto dele, e novamente nós trepamos, como se não houvesse mais tempo para ser desperdiçado, como se inconsciente eu tivesse aproveitando o momento antes de tudo ruir novamente, antes dele me decepcionar novamente, antes dele partir o meu coração de uma forma irreparável.
Ele parecia outro, mas eu não tinha nenhuma garantia de que ele realmente era, parecia de fato arrependido, mas arrependimentos podem evaporar com o sol do dia seguinte.
Voltamos para o jardim, e jantamos juntos, enquanto ele me olhava como se estivesse me venerando e ao mesmo tempo buscando em mim resquícios de dúvidas.
— Porque você está me olhando assim?
Rodrigo: Acho que devemos ter uma conversa sobre tudo. Estou vendo que você quer me perguntar algo, mas não está conseguindo. Pode perguntar o que quiser Yanka, eu vou responder qualquer coisa.
— Você ainda ama a Melissa?
Rodrigo: Posso ser muito sincero com você?
— É o que eu espero.
Rodrigo: A Mel era o tipo de mulher dos meus sonhos, esforçada, dedicada, pés no chão, não se importava com o meu dinheiro, sempre buscando a independência dela. Por muito tempo, ela foi o meu chão, meu equilíbrio, a pessoa que colocava ordem na minha vida. Nós teríamos conquistado o mundo juntos. Mas quando você chegou, e eu me vi lutando contra meus sentimentos, eu percebi que o que eu sentia pela Melissa não era amor, porque amor não deixa dúvidas, amor não machuca, não trai, não engana. Eu só precisava de um tempo longe de tudo e de todos para colocar a minha mente e o meu coração em ordem, lidar com os meus traumas de frente. Eu criei com a Melissa uma versão da vida que eu gostaria que os meus pais tivessem. Então, não...Eu não amo a Melissa, mas devo a minha vida a ela. Aquela garota está em um nível muito acima do meu, como pessoa.
— Nossa! Você deve a sua vida a alguém apenas por ter sido seu equilíbrio por alguns anos? Não sei se consigo entender essa parte.
Rodrigo: Você ainda não sabe né?
— Está se referindo ao quê? Rodrigo: Enquanto eu estava na cadeia, minha mãe e seu pai me deram um gelo, não pisavam lá para me ver, o único que ia lá era o Demétrio. Eu me senti sozinho, depressivo, quase enlouqueci sentindo sua falta, enfim...Foi horrível. Certo dia, a Melissa foi me visitar.
— Eu entendo, e confesso que não esperava por isso. O meu pai e a Laura também nunca comentaram nada comigo. Mas ouvindo você falando assim, eu consigo compreender o que você está sentindo.
Rodrigo: E o Matheus? O que aconteceu exatamente entre vocês dois?
Quando ele me perguntou sobre o Matheus, eu fiquei apreensiva, eu não sabia se eu poderia ser completamente sincera com ele. O Matheus também parecia o cara perfeito para mim, mas ele vacilou feio comigo.
Rodrigo: Yanka? Você não quer falar sobre isso agora? Se não quiser, eu vou respeitar.
Eu sorri, pois aquela simples frase que ele disse sobre me respeitar diante de uma indagação sobre alguém que ele odiava, me deixava bem mais confiante.

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