YANKA
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O Rodrigo não conseguia mais disfarçar o quanto a minha presença o incomodava.
Apesar de saber que o fato dele ficar longe era o melhor pra nós dois, nossos pais já estavam percebendo a mudança no comportamento dele.
Assim que ele saiu para jantar na casa do Demétrio, começou o interrogatório na mesa.
Laura: Você sabe o que o Rodrigo tem? Ele tá estranho.
— Não sei, não vi ele o dia todo.
Pyter: Também notei isso, você realmente não sabe, filha?
— Ele deve ter brigado com a namorada dele, sei lá.
A Laura me olhou com desconfiança, mas não falou mais nada.
Terminamos de jantar, e depois conversamos sobre a viagem deles, que me rendeu boas gargalhadas.
Era tão bom ver o meu pai feliz, sem aquele peso que ele carregava com as responsabilidades do trabalho.
Ele trabalhava tanto, que esquecia de se divertir, de viver a vida.
A Laura com certeza estava fazendo um bem danado a ele.
Fui para o meu quarto e pesquisei outras faculdades que eu iria visitar ao longo da semana.
O período do vestibular iria começar, e eu precisava me decidir.
Quando me dei conta, já tinha passado bastante tempo.
Fui tomar banho e escovar os dentes, depois deitei na cama esperando que o sono chegasse.
O que não chegou tão cedo.
Existia algo dentro de mim que não estava se encaixando.
Eu não pensava no Rodrigo com raiva, eu pensava nele com outro sentimento que eu não sabia definir o nome.
Eu sabia que me apaixonar por ele seria um enorme erro, e algo impossível de ser vivido.
Eu teria que investir no Diego, pois ele parecia ser um cara legal, e combinava perfeitamente comigo, e talvez ele tiraria o Rodrigo da minha cabeça.
Os pensamentos estavam embaralhados, quando o sono finalmente resolveu chegar.
Amanheceu, e eu tive a surpresa de encontrar o meu pai e a Laura no café da manhã, o que era estranho ao mesmo tempo, pois eles sempre saíam bem cedo.
Nós estávamos conversando sobre o início das obras da empresa do meu pai quando o Rodrigo apareceu.
Quando a Laura o chamou para merendar, ele pareceu um pouco relutante, mas aceitou, acredito que pelo fato de ser raro merendarmos todos juntos.
A conversa mudou de rumo com a chegada do Rodrigo, e eu fiquei extremamente perdida quando o meu pai falou sobre a mudança do Rodrigo, sobre o bairro que ele gostaria de morar.
"Que mudança? Que bairro? Desde quando ele estava planejando se mudar?"... Várias perguntas apareceram na minha mente.
Eu o encarei, na tentativa de ver nos olhos dele as respostas para todas essas perguntas.
Eu fiquei totalmente em choque quando ele disse para mãe dele que era preciso, e olhou pra mim, deixando claro que o motivo era eu.
Eu não consegui esconder o quanto eu fiquei magoada e triste ao constatar isso, eu simplesmente pedi licença e levantei da mesa.
Eu fui pro meu quarto sem conseguir nem segurar o choro, meu rosto já estava todo molhando quando finalmente cheguei nele.
Deitei na cama e extravasei o que estava guardado dentro de mim.
Eu não conseguia entender o porque isso me afetou tanto.
Eu estava me sentindo rejeitada.
Mas não foi isso que falei pra ele? Que me afastaria?
Mas não fui eu mesma que mandei ele ir atrás da namorada dele?
Não foi eu que disse pra ele esquecer que um dia tivemos algo?
Diego: Serei um livro aberto pra você Yanka, eu também quero conhecer você melhor. Vamos marcar nosso próximo encontro? Posso te levar em outro lugar que gosto muito.
Concordei se o lugar que ele me levasse fosse tão maravilhoso quanto o último.
Finalizei a ligação com ele e percebi que o Rodrigo estava me olhando e que provavelmente teria ouvido a minha conversa.
Levantei na intenção de ir pro meu quarto.
Mas o Rodrigo me impediu.
Pra quê ele queria saber se as coisas com o Diego estavam ficando sérias ou não? Que diferença iria fazer se tudo o que ele estava tentando fazer era ficar longe de mim?
Era exatamente esse tipo de atitude que me deixava completamente confusa.
Ele não queria, mas não suportava a ideia de alguém me querer.
Se a gente fazia tanto mal assim um para o outro, porque ele não me deixava em paz?
Ele me chupou uma vez e passou a achar que tinha poder sobre mim. Ele podia trepar com a namorada dele, mas eu não podia trepar com ninguém.
Deixei esses pensamentos saírem em voz alta.
Eu já não estava com paciência pra essa indecisão do Rodrigo, então mandei ele se foder e dei as costas.
O que fez com que ele me puxasse pra perto dele, e assim eu pude sentir o pau dele duro.
Os lábios dele encostaram nos meus e ele falou sussurrando que não conseguia manter o controle quando estava perto de mim.
Eu esperei desesperadamente que ele me beijasse.
Eu queria que ele me beijasse.
Mas na mesma velocidade que ele me puxou, ele me soltou, e saiu de perto de mim, entrando na casa.
Ele simplesmente me deixou sozinha, e eu tive que reprimir os meus desejos, e senti mais uma vez as lágrimas molharem o meu rosto.
Ele devia ter lembrado que não valia a pena se sujar de novo nesse monte de merda.
E que de mim deveria manter distância.

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