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A Redenção do Ogro romance Capítulo 19

Camila Coelho -quatro meses depois

-É não deu certo de novo? - pergunto.

-Não... -Ele fala concentrado na caixa de comida.

-Eu acho que ele tem que mudar a forma de escolher suas submissas.

Ele enruga o nariz e mete os pauzinhos na comida chinesa, enchendo a boca de frango xadrez. Deixando escorrer molho nos lábios. Pego o guardanapo e limpo onde escorreu.

Hoje é sexta feira. Amanhã é dia de jogos.

E eu estou animada.

A semana foi tranquila ... E agora Bernardo está me contando que mais uma vez Paulo está sozinho.

Estamos sentados na sala, mais precisamente no tapete. Usamos o sofá de dois lugares de encosto. Estamos ouvindo música e conversando sobre a vida dos outros. Existe coisa melhor?

Eu gosto muito de Paulo e Arthur, mas tenho um carinho especial pelo Paulo. Ele merece uma submissa que entenda ele... Paulo é preocupado com as pessoas que ama. Atencioso! Mas acontece que ele sempre leva um pé na bunda.

Porque? Eu tenho minha opinião formada... Acho que ele copia o estilo de Arthur e Bernardo. Acaba escolhendo meninas com um perfil completamente diferente do dele, e se lasca depois.

Ele não dá o que elas precisam, e elas cancelam o contrato.

-Ele é um bocó! Já disse isso a ele.

Submissas não gostam de ser tratadas como princesas! Se elas quisessem isso, elas procurariam uma relação baunilha, não Bdsm. Fora que é mole! Mole demais…

Bernardo e sua forma carinhosa de falar dos irmãos.

-Depende mestre...-olho para ele lambendo meus lábios.

-Do que?

-Nenhuma pessoa é igual a outra. Ele só precisa achar alguém que não seja masoquista. Mas pra isso, precisa aceitar que não é sádico, como o mestre e o Arthur.

Ele fica um tempo me observando sem falar nada, e eu me mantenho concentrada na minha caixa de comida. Como sei que está me observando? Eu sinto…

Já estamos juntos há um bom tempo. E a cumplicidade que desenvolvemos é muito maior do que a cumplicidade que eu tinha com Dominique. Acho que é porque Bernardo só tem uma submissa. Dominique tem um harém, e por mais que a gente se esforçasse não conseguimos criar vínculos.

Bem, eu nem tentava criar vínculos com ele... E nem com nenhum outro…

Porém, era impossível não criar vínculos com Bernardo. Ele era intenso demais... E sempre me levava ao limite…

Eu nem me importava mais com os carinhos do aftercare, mesmo porque ele não era enjoativo! Ele só fazia o que ele julgava dever dele.

Foi o único que me fez abaixar as armas.

Volto para a sala, quando ele diz:

-Porque diz isso?

-Porque é meio óbvio... A última submissa me disse que ele não sabia nem castigar ela. E que ela, muitas vezes infringiu regras, para ser castigada, e não acontecia nada.

-Aquela fofoqueira da Aline. Eu vou investigar ela pra saber se ela saiu falando mal do japonês... E se falou vou expulsar ela da comunidade. -fala ele raivoso. Não mexa com os irmãos dele.

Ele pode falar mal dos irmãos, mas os outros não. Essa lealdade que eles têm é tão linda!

-Você não tem esse poder mestre.

-Mas meu pai tem, é só dizer pra ele que tem uma submissa denegrindo a imagem do "menino de ouro".

Eu reviro os olhos…

Muito filhinho de papai... E de mamãe também…

Conheci a família dele depois de um mês de contrato. E vou te falar... Dona Irene é uma santa, pra aguentar o pai do Bernardo. O homem está sempre emburrado e quando puxa uma conversa, parece que está brigando, e não conversando.

Ele de uma certa forma, lembra o Bernardo. Poderia ser um pouco mais bem humorado. Ver a vida com leveza!!!!

Já D. Irene é um fenômeno da natureza. Sempre está com um sorriso nos lábios. E é irritantemente grudenta.

Quando vamos lá, ela não me dá um minuto de sossego. Eu sou na minha... Eu não sinto necessidade de ficar falando o tempo todo, rindo o tempo todo. Gosto de observar, mas ela… misericórdia! Sempre que vamos lá chego em casa esgotada mentalmente.

Retorno a conversa, porque nitidamente ele ficou irritado com minha fofoca.

-Calma mestre! Ela me contou naquela vez que fui ao banheiro com ela no clube. Foi em tom conspiratório, então eu acredito que ela não vá sair espalhando por aí que mestre Paulo, não sabe castigar.

-Ele sabe Camila... Mais como você disse... Ele faz diferente! Eu já falei isso pra ele, Arthur também, que ele não tem que se basear em nossas escolhas... Mas isso é algo que ele tem que resolver consigo mesmo. Então, até quando ele vai ficar cometendo o mesmo erro, eu já não sei…

-E Arthur?

-O quê tem ele?

-Está sozinho de novo?

-Sim... Mas ele já é de se esperar…

Segundo Bernardo, Arthur é volúvel. Eu não acredito, pois ninguém é volúvel porque quer ser. Talvez ele procure algo que nem ele ao menos sabe o que é.

-Outro que devia mudar seu perfil para submissas.

-Não Camila... O Arthur é assim... Ele é frio, enjoa fácil das submissas... Acho que o perfil está certo. Ele gosta de meninas experientes e masoquistas, como eu.

-Depende... Ele sempre procura mulheres lindas, experientes, que sabem o que querem com uma constituição física e emocional pronta. E se enjoa delas, quando elas não conseguem manter o padrão que ele exige.

-Que é submissão total…

-Pois é. Acontece que submissas com uma certa experiência já tem seus vícios, suas manias... E mudar é difícil... Eu por exemplo não conseguiria obedecer suas exigências por muito tempo.

Ele gargalha... Mais gargalha de sair água do olho.

-O quê disse de tão engraçado?

- falo emburrada.

-Você com essa língua felina que tem, não ficaria com Arthur nem três dias, quanto mais três meses.

Eu reviro os olhos. Não daria certo mesmo. Sou submissa na cama, jogando, mas quando se trata em pensar por mim mesmo e ter minhas próprias opiniões, ninguém me tira esse direito de escolha.

-Pois é... E eu tenho o perfil dele, se formos pensar pelo físico e pela experiência.

-Tô entendendo o que quer dizer…

-Hummm, que bom! -eu sorrio, botando mais uma porção de frango na boca

-Você acha que uma submissa novinha sem muita experiência combinaria com ele?

Capítulo 19 Fofoca 1

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