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A Redenção do Ogro romance Capítulo 32

Bernardo Thomson

-Olá D. Irene.

-Meu amor... A que devo sua visita em dia de semana …

-Saudade da mamãe... -falo sorrindo.

-Hummm...-ela me abraça com carinho, e sinto logo Penélope nos meus pés... -Será que é saudade do colo aqui mesmo, ou tem algo a ver sobre o que seu pai conversou com você no último almoço. Aquele almoço foi um fiasco, meu filho... Logo eu que sou uma ótima organizadora de eventos. - ela faz uma careta engraçada e eu sorrio.

Pego Penélope no colo e sou obrigado a concordar com ela.

Quando meu pai praticamente me intimou a ir naquele dia em sua casa. Eu sabia que vinha uma merda. Eu sabia que seria mais uma de suas imposições absurdas que eu odeio.

Bom... Não existe uma alma neste mundo que consiga esconder das mães, o que passa no nosso íntimo.

Eu tenho remoído a ideia de que meu irmão voltará ao Brasil, nesses dias todos. E confesso que não me sinto confortável com isso.

Não porque eu estou com medo de perder as ações ou com medo das ameaças de meu pai. Foda-se as ações!

O que me incomoda de verdade, é que o filho pródigo resolve roubar meu lugar diante deles. Quando eu era uma criança eu já via isso constantemente.

Willian se dá muito bem com meu pai, e ele é muito mais parecido com ele do que eu.

Segundo o Sr. Max, eu sou a ovelha negra da família, aquele que sempre deu trabalho na juventude, aquele que tem pavio curto e que não admite que seus pais digam a ele o que quer fazer.

Confesso que sou um pouco assim... Já fui pior , mas com o tempo e com a maturidade eu fui mudando.

Quando escolhi ortopedia, foi para confrontar meu pai... Porque desde pequeno eu ouvia ele dizer que seus filhos seriam os melhores neurologistas do mundo. Melhores até que ele.

Eu achava um absurdo, porque nunca tive vocação para ser neuro.Eu nunca quis fazer medicina, na verdade. Fiz porque se não fizesse, eu acho que estaria deserdado agora. Na época eu queria fazer arquitetura, mas sempre soube que isso era praticamente impossível, na minha família.

Eu venho de uma família de médicos. E na Irlanda, é meio que tradição os filhos seguirem os passos dos pais. A tradição cultural não abandonou o meu pai quando ele veio morar no Brasil.

Mas no final ele estava certo numa coisa, e que ele nunca ouça eu falar isso. Eu não tenho muita vocação para ser arquiteto. Eu descobri que o fascínio pela arquitetura era só mais um motivo para contrariar meu pai.

A medicina salvou minha vida, e a ortopedia, mais ainda!

Apesar de eu ter escolhido Ortopedia para me rebelar, no final foi o melhor caminho que poderia seguir. É a minha vocação.

-Um pouco das duas coisas mãe. Preciso saber detalhes sobre essa vinda do Willian, que meu pai não me contou.

Ela confirma com a cabeça e nos sentamos no sofá de sempre na sala.

-Seu pai não está, foi numa reunião, então podemos conversar aqui sossegados.

-Sim... O que sabe sobre isso?

-O quê ele disse a você... Esse ano não vamos viajar no aniversário do Willian. Ele resolveu vir ao Brasil, e disse que tem um projeto para desenvolver com o hospital daqui...

-Que projeto mãe?

-Eu não sei meu filho, mas ele disse que vai ser importante para o hospital. Vai deixar o nome do hospital em destaque, além de alavancar a carreira dos médicos envolvidos.Parece que ele passou uma temporada na Suíça, desenvolvendo o projeto lá, e agora o projeto está na fase final.

Eu bufo... Então ele vem mesmo com intenções de envolver o hospital na sua carreira e passar uma temporada no Brasil.

-Eu não vou participar dessa mãe.

Ela me olha contrariada.

-Bernardo…

-Não... As ações não são minhas, então eu não posso fazer nada para evitar que ele desenvolva o projeto no hospital. Mas não contem comigo... Eu e Willian nunca nos demos bem... Ele foi embora porque não me aguentava…

-Ele foi embora porque os hormônios estavam no ápice... Se continuasse aqui vocês iam se matar…

-Ele quebrou meu braço só porque eu chamei ele de chorão, que corria para o papai. E eu ainda levei a culpa na época…

-Porque você é um debochado... Levava seu irmão ao limite dele…

-Eu só tinha 13 anos, mãe…

-Eu sei meu filho... Na verdade, o culpado de tudo é o pai de vocês... Não é você e nem ele. Vocês são irmãos e adultos agora... Os dois... Seu irmão já construiu família, meu filho... Não é o mesmo a muito tempo... E nem você… Não conhece seus sobrinhos e nem sua cunhada. Até quando isso vai continuar desse jeito?

E quem disse que eu quero conhecer alguém? O que não vejo, o coração não sente. Essas pessoas são como fantasmas pra mim. Eu não quero fazer parte da vida delas. Será que eles não entendem isso?

-Então você concorda com meu pai que eu deva ciceronear a chegada do príncipe no Brasil??? O que vocês querem, que eu estenda um tapete vermelho no hospital para recepcionar ele?

Me levanto do sofá sentindo meu rosto esquentar.

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