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A Redenção do Ogro romance Capítulo 60

Bernardo Thomson

Um mês depois

-Você realmente não vai para o Brasil conosco amanhã?

-Não tio, preciso ir para a Irlanda. Despachar o resto da mudança e resolver algumas coisas do hospital.

-Você não disse o que vai fazer com seu hospital.

-Kate que o administra, aliás foi assim que nos conhecemos. Eu precisava de uma assistente competente e ela de um emprego. Ela é uma executiva brilhante! E tem experiência com multinacionais. Às vezes precisará viajar, mas já está acostumada . Há dez anos que me divido entre Irlanda e Suíça, e ela também.

-Coragem de abandonar tudo aqui para ir morar no Brasil. Eu amo meu país, mas te digo que é dureza morar lá.

-É só uma experiência, tio, se não nos adaptarmos, voltamos para Irlanda. Sinto falta de estar perto da família. Sei que o clima é diferente, a cultura e até as pessoas. Mas sinto falta desse calor humano. Em nenhum lugar tem isso, só no Brasil.

-Verdade.

Eu continuo tomando meu whisky e ouvindo a conversa dos dois.

Nesses dias que se passaram não conversamos sobre o nosso passado, nem tão pouco tocamos no assunto que tanto incomoda. Apenas falamos de trabalho. Então é natural eu ouvir a conversa dos dois e não dar um pio.

E nesse tempo posso dizer que eles fizeram muito isso. Talvez seja manipulação do Tio Armando. Ele nunca perdeu uma oportunidade de pôr a vida do Willian em pauta, nessas conversas em que eu não participo, apenas ouço.

E assim fiquei sabendo de muitas coisas que rolaram na vida de meu irmão, nesses vinte e poucos anos. Ele é muito parecido comigo, tanto que chega a me irritar.Parece que a influência da Dona Irene fez morada ali também.

Ele também gosta de projetos sociais e contou todo orgulhoso sobre uma parte do hospital da Irlanda onde ele criou uma clínica sem fins lucrativos. Eu fiquei muito curioso para saber de detalhes, já que a saúde gratuita, fora do nosso Brasil, é praticamente nula. Mas não perguntei... Porque eu sou Bernardo... Teimoso igual uma mula... Não vou dar o braço a torcer.

Eu também descobri que ele conhece minha carreira e meus prêmios. Tio Armando fez questão de puxar esse assunto com ele.

E posso dizer que as coisas que descobri me fizeram baixar a guarda um pouco, mas não totalmente.

Willian é um cara sensacional! Bem parecido com os meus manos de vida. Poderia dizer que a única coisa que é igual ao meu pai, é a genialidade e a profissão. Ele é um cara sensível como eu. O que não entendo, é como meu pai não percebeu isso ainda.

Talvez porque ele more longe e não há convivência.Mas é muito doideira voltar para o Brasil.

Tá certo... Eu não moraria nesse lugar frio, que chega a doer os ossos. Já sentiram frio a ponto de doer os ossos?É assim que me sinto na Suíça. Aqui nenhum casaco é o bastante. É necessário doses constantes de whisky.

Nada se compara ao clima ameno de São Paulo. Saudades dos meus banhos de piscina.

E a Irlanda ainda é pior. Um lugar úmido, frio e chuvoso. A chuva faz parte de nossas vidas. O clima de lá muda igual mudamos de roupa. Eu também não me mudaria para lá.Então eu entendo do que ele sente falta.

Mas ele não está raciocinando direito. Ele não se tocou que morando perto do meu pai, ele vai começar a interferir em sua vida, da mesma forma que ele interfere na minha?

Sei lá... Acho que vou falar para o tio Armando lembrar ele, porque acho que ele vai estar fazendo escolhas bem erradas.

Termino a dose e faço sinal para o garçom pedindo mais uma.

Estamos no bar do Hotel. Viemos jantar e agora estamos tomando um aperitivo antes de cada um ir para o seu quarto.

Esse final de semana acontece o noivado do japonês. Então temos que voltar ao Brasil. Mais deu para curtir bastante a Europa. Tiramos um final de semana para ir em Paris, conhecemos algumas pessoas bem legais. E o laboratório do Willian é fantástico, conhecer o projeto de perto foi sensacional. Deu pra ver e ter uma dimensão do tanto , que aqueles Chips irão dar uma qualidade de vida a milhares de pessoas. E confesso que já estou cheia de ideias. Só falta nos reunirmos com o pessoal gabaritado para o serviço. E assim que chegarmos ao Brasil, daremos início a tudo.

Volto à mesa quando meu tio diz:

-Vou me recolher, não exagere na bebida, amanhã temos que ir embora cedo.

-Tio, eu vou com você…

-Não amor, tome seu whisky que acabou de pedir. Eu sou um velho e já estou com sono. Vocês ainda tem um tempo para aproveitar.

Ele sorri e sai andando e eu bufo. Duvido que ele não tenha esperado eu pedir uma nova dose para sair de mansinho e me obrigar a conversar com o Willian. Eu amo meu tio, mas ele é um velho manipulador.

-É impressão minha ou ele armou isso?

Como se não soubesse né, prodígio.

-Talvez você tenha armado com ele.

Ele suspira.

-Precisamos conversar.

-Não quero falar sobre o passado Willian.

-Então vamos falar sobre o futuro. Podemos deixar nossas diferenças de lado e recomeçar... Aos poucos…

-William isso tudo é porque você tem medo que eu conte para sua esposa e para o Sr. Max, que você gosta de apanhar na bunda e ser sodomizado?

-Nossa, falando assim, parece que é um crime ter uma personalidade submissa.

-Eu realmente não me importo com suas opções sexuais. E nem tô aí que você até hoje, não tenha assumido os seus gostos. Mas você não acha muito arriscado se mudar para o Brasil? Quanto tempo você acha que vai conseguir guardar esse segredo de um Dominador experiente, como nosso pai? Você até disfarça bem, mas tá na cara que a sua esposa não é uma submissa.

-Meu pai sabe que eu não tenho um relacionamento BDSM com Kate.

-Ele imagina então, que você não tem mais esse estilo de vida?

Ele confirma com a cabeça.

-Tava curioso sobre isso né?!

-Pra te ser sincero sim... Porque uma coisa Sr. Max não é: bobo... E você só conseguiu esconder isso de todo mundo, porque foi morar fora…

-É... Eu sei que os meus gostos sexuais vão vir à tona. E estou disposto a assumir o que sou. Eu já tenho 41 anos, Bernardo. Tá mais do que na hora do meu pai saber que o seu filho mais velho não é um dominador, e sim um submisso.

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