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A Redenção do Ogro romance Capítulo 65

Bernardo Thomson

-Boa tarde Doutor

-Boa tarde Doutor.

Hoje resolvi depois de alguns dias marcar uma sessão de terapia. Eu ando meio arredio em relação a ela. Acho normal… Tem época que eu não tô a fim de me abrir com ninguém.

Mas por causa dessa dor constante no peito, como se tivesse algo pesado ali, e depois de um eletrocardiograma feito por um Arthur muito contrariado, eu resolvi pôr pra fora. Quem sabe ele não me dê uma solução?

Eu faço terapia desde a adolescência, às vezes paro por um tempo e depois retorno. Então o doutor Cesar me acompanha há bastante tempo. Ele está por dentro de tudo que rola comigo, e não fica me pressionando a tomar atitudes sensatas. Ele só me faz refletir… E tem dado certo. Eu sempre marco no meu consultório, porque é mais prático. Se eu tivesse que me deslocar até a ala da saúde mental do hospital, eu não iria.

Me sento no sofá do consultório e ele se senta na minha frente e diz:

-Faz tempo que não temos uma sessão. A última vez foi quando?

-Acho que foi por chamada de vídeo, eu estava na Suíça.

Ele olha suas anotações e diz:

-Isso, você dizia que estava sendo pressionado por seu tio a falar com seu irmão.

-Não diria pressionado, e sim manipulado.

-Entendi...E como vão as coisas desde então.

-Estamos bem... Não somos melhores amigos e nem nos abraçamos e cantamos na chuva, mas estamos bem. Conheci os gêmeos siameses e a minha cunhada de perna fina, está mais sociável comigo. Ele retornou da Irlanda há poucos dias, não tivemos mais contato, mas as coisas estão se encaminhando.

-Então você conversou com ele sobre o passado?

-Uma vez na Suíça.

-Que grande avanço, doutor. E entendeu o ponto de vista dele?

-Sim…

-E ele, entendeu seu ponto de vista?

-Acho que ele já havia me compreendido antes mesmo de voltar ao Brasil. Enfim, Willian não é mais uma ameaça para mim.

-Que notícia ótima! E a ligação com seu pai?

-Continua na mesma.

-Mas vocês voltaram a se falar?

-Eu nunca parei de falar com meu pai. Doutor, na verdade eu não quero falar sobre a minha família genética, hoje eu pedi uma sessão por outro motivo.

Ele anota no caderno.

-Então fale…

-Eu estou sentindo uma dor no peito, sabe? Ela fica constantemente ali... Como se tivesse um peso em cima. Claro que ela não me limita a respirar nem nada... Mas ela continua ali... Eu já fiz exame com Arthur. E ele não achou nada de anormal. Então eu tô achando que tem algo a ver com o meu psicológico.

-Tipo um ataque de pânico?

-Não... Não chega a tanto... É só algo que continua ali.

-O quê aconteceu por esses dias que te fez sentir esse incômodo?

-Não entendi.

-Parece ser angústia o que está sentindo, uma angústia profunda. Então me diz o que aconteceu para se sentir angustiado?

Eu olho para ele e suspiro. Claro que foi Camila que me deixou desse jeito. Com aqueles olhos gelados e vazios. Eu estou preocupado com ela.

E sou orgulhoso o bastante para não perguntar aos meus irmãos se ela está bem. Bom, ninguém me falou nada... Então ela deve está bem, não é?

-Eu tive uma discussão com uma amiga querida. E ela tem alguns traumas emocionais. Talvez seja isso... Preocupação…

-É talvez... Como está Camila?

Ele me pergunta olhando sério.

Será que eu sou tão transparente assim?

-Como sabe que é da Camila que eu estou falando?

-Eu não sabia, até você me confirmar agora. -Ele suspira. -Eu só deduzi... Você já tinha me dito que ela tem problemas com as síndromes da alma.

-Nós discutimos e eu percebi que estava fazendo mal a ela.

-Mas vocês voltaram?

-Não. Mas éramos amigos.

-Porque deixaram de ser?

-Por causa disso. Eu estava fazendo mal a ela.

Ele confirma com a cabeça.

-Imagino que seja por causa de todas as coisas que você vive enumerando. Possessivo, machuca as pessoas, não sabe amar, egoísta, invejoso, não sabe dividir, sarcástico demais...- e ele continua lendo.

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