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A Redenção do Ogro romance Capítulo 66

Bernardo Thomson

Ele entra sorridente com a sonsa no consultório, e diz:

-Qual o problema?

-Nenhum japonês. Como vai meu afilhado, Sabrina?

-Bem... Mas ainda não sei se é afilhado ou afilhada.

-Como certeza é afilhado.

-Você até alguns dias atrás estava rindo da minha cara dizendo que era menina e eu ia me estrepar.

-Ele pega o telefone na mesa e diz. -Alô, aqui é do consultório do Dr. Paulo Niko, pode mandar almoço para três?

Eu reviro os olhos. Como ele sabe que eu não almocei?

-Mudei de ideia... Se for menina vai sobrar pra mim. Então que seja um menino.

-Vai vir o que Deus mandar. Não me importo! - ela diz sorrindo. -Mas eu ia amar uma garotinha.

Eu e Paulo falamos juntos.

-Não…

Ela gargalha.

-O que o mestre quer falar comigo?-Já passamos dessa fase, Sabrina é da família agora, e "mestre" será apenas quando estivermos jogando ou num evento de BDSM. E vai demorar muito a acontecer novamente por motivos óbvios, isso se voltar acontecer. Porque esse olhar de possessividade que o japonês anda lançando sobre ela, acho que ele não tolerará mais compartilhamentos. Levanto uma sobrancelha para ela, e ela logo se lembra.-É força do hábito Bernardo, desculpe…

-Queria notícias da Camila…

Falo logo antes que eu desista de perguntar. Se César estiver certo, essa pressão que sinto no meu peito vai melhorar depois que eu saber se está tudo bem. Então deixar meu orgulho de lado na frente dos dois, que me escolheram como padrinho de seu filho, é o máximo que eu consigo.

Paulo levanta uma sobrancelha para mim, mas eu ignoro.

Continuo olhando para Sabrina.

-Não entendi…

Merda! Ela não podia facilitar as coisas? É só dizer se está bem ou não. É uma pergunta simples, eu não pedi detalhes.Eles deviam ser mais compreensivos.

Eu não posso mais olhar a câmera da loja dela, eu não tenho mais relatórios da Fernanda. É normal eu querer saber como ela está, não é? Até um tempo atrás eu sabia de todos seus passos.

-Eu quero saber como ela está... É só dizer se ela está bem ou não.

-Porque você não pergunta a ela? Vocês não tinham se tornado amigos? -Pergunta Paulo.

Eu me levanto do sofá e vou para frente da janela atrás da mesa dele. Já estou passando por cima do meu orgulho e perguntando, eles não precisam ver que eu estou sofrendo sem notícias dela.

-Eu resolvi me afastar novamente. Acontece que da última vez que a vi eu percebi que ela estava bem abalada, e nós discutimos.

-O que você fez, Bernardo?

-Nada demais japonês. Ela retirou a Fernanda da minha folha de pagamento. Eu só fui perguntar porque ela fez isso.

Há um silêncio na sala constrangedor. Até que escuto Sabrina falar.

-Eu estive com ela ontem Bê, e ela parecia estar bem! Eu estou ajudando ela com algumas coisas no ateliê. Não vi nada demais.

Eu me viro e olho para Sabrina. Automaticamente eu sinto um alívio no meu peito. Então ela está bem…

-Ela não está com aquele olhar vazio?

-Que olhar vazio?

-Aquele que ela costumava ter quando morava no internato. Você também percebeu a mudança dela desde aquela época? Quer dizer que não era só coisa da minha cabeça…

Me sento ao lado dela. E ela me olha com compaixão.Merda! Eu odeio que sintam pena de mim! Será que eu estou tão desesperado assim que mereço esse olhar?Logo me sento ereto, voltando ao meu controle.

-Quer saber se Camila está tendo crises de pânico novamente?-Ela diz baixinho.

-Isso…

-Ela estava bem ontem... Estava muito animada, porque conseguimos encomenda de mais três vestidos. A clientela está aumentando, e isso está deixando ela feliz. Ela diz que tem dias bons e dias ruins, mas é assim mesmo, não é... eu mesma tenho dias que eu não quero sair da minha cama. Tem dias que sinto medo de tudo, sinto medo do meu filho nascer morto e é um medo paralisante. Acho que quem tem uma dessas síndromes vai ser sempre assim. É uma luta constante.

Paulo se senta ao lado dela e a abraça beijando a sua testa. E eu sorrio, pelo menos ela tem alguém ao lado dela.

E Camila? Tem Fernanda e agora Daniel.

Volto à realidade e pergunto.

-Acha que ela está escondendo algo de você?

Ela sorri...

-Todos nós temos nossos esqueletos Bê... Sei que Camila tem os dela. Desde o internato ela é viciada em dor, então talvez seja isso que esteja a incomodando ou não.

Eu suspiro.

-Posso te pedir um favor?

-Eu não vou espiar Camila, Bê. Ela é minha amiga.

-Não vai mesmo. Você não quer mais nada com a menina e nem ela... Deixa ela seguir em frente.-Paulo fala me olhando.

-Mas e se ela tiver sofrendo novamente?

-É uma escolha dela, Bernardo. Ela te disse com todas as letras que não queria renovar. Ela cortou laços com você definitivamente, quando tirou a Fernanda do seu controle. Ela não quer que se meta na vida dela.

-Mas porque? Me dê uma motivo? Me convença…

-Isso ela não fala... -Sabrina fala baixinho. -ela só repete o que te disse . Que não há futuro para vocês, que não quer mais viver no mundo do Bdsm. Acho uma escolha justa!

-Nem tão justa! Camila estava feliz comigo. Ela ficou meses sem ter uma crise de pânico sequer. E ela mudou de uma hora para outra. Ela nunca tocou nesse assunto de se livrar de seu vício, de abandonar esse mundo. E olha que conversávamos sobre tudo! Ela gostava desse mundo, porra! Então se não está apaixonada por outra pessoa, porque mudou de uma hora para outra?

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