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Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 148

Cheguei em casa com o coração ainda leve, cheio, transbordando. Desde o hospital, eu não parava de reviver o momento em que o médico disse que o câncer praticamente havia desaparecido. Meu pai estava livre e aquele nó no peito que me acompanhava há anos… finalmente começou a se desfazer.

Decidi que hoje o jantar seria especial.

Preparei a mesa com calma, escolhendo a melhor louça, acendi umas velas que estavam guardadas há tempos e fiz questão de cozinhar eu mesma.

Um risoto de cogumelos com filé ao molho madeira é o prato favorito dele. Também deixei uma garrafa de vinho tinto separada, uma das que Rafael trouxe da última viagem. Queria celebrar. Não só pela saúde do meu pai, mas por me sentir viva de novo.

Quando ouvi o barulho da chave na porta, virei sorrindo.

— Larissa? — Rafael apareceu na entrada da cozinha, com uma mala na mão e o cabelo meio bagunçado. — O que tá acontecendo? Parece jantar de novela.

Sorri, sentindo os olhos brilharem, e me aproximei dele.

— Aconteceu uma coisa maravilhosa. O médico viu os exames do meu pai hoje… e ele tá praticamente curado, Rafael. O câncer sumiu quase todo. Agora ele só vai precisar de um tratamento por mês, e se continuar assim... vai estar totalmente livre.

Ele largou a mala e me puxou para um abraço apertado, forte.

— Meu Deus… isso é incrível! Incrível, Lari! — ele falou no meu ouvido, e eu senti o alívio na voz dele também.

Assenti, abraçando mais forte. A gente dividia tanta coisa juntos que era impossível ele não sentir o peso que aquilo carregava comigo.

— Eu tô tão feliz — confessei, com um sorriso bobo. — Eu precisava disso, sabe? De uma notícia assim. De paz.

— Você merece, Lari. Seu pai também.

Meu logo apareceu e Gabriel também se juntou a nós. Nos sentamos, a comida foi elogiada e naquele momento eu me sentia tão bem e completa. Parecia que meu corpo também se curava de tanta tensão que acumulou nos últimos meses.

Rafael contou um pouco sobre a viagem, sobre os preparativos da nova filial da empresa dele aqui na cidade. Mas, por mais que o assunto fosse sério, tudo naquela noite parecia leve.

Enquanto eu recolhia os pratos, ele insistiu pra me ajudar, e a gente acabou rindo juntos como há tempos não fazia.

***

A xícara de café ainda estava quente entre minhas mãos quando o celular vibrou em cima da mesa. Pensei que fosse alguma notificação da empresa, mas quando olhei a tela, meu coração deu uma leve tropeçada.

“Reservei o jantar para hoje às 20h. Vou te buscar às 19h30. Prometo que vai ser tranquilo.”

— Alessandro.

Respirei fundo. Ok. Não era como se ele tivesse me pedido em casamento, era só um jantar. Um jantar, entre dois adultos que já foram casados e têm um filho.

E… droga.

Dei um gole no café tentando me convencer de que estava tudo sob controle, mas minha mão foi parar no cabelo automaticamente. Me olhei no reflexo da janela ao lado da cozinha e percebi: eu estava me arrumando. Sozinha, às sete e meia da manhã, por causa de uma mensagem.

Revirei os olhos e murmurei um "Você não é mais uma adolescente, Larissa", antes de soltar um suspiro e me obrigar a sentar de novo. Não podia me deixar levar.

Antes que eu pudesse me afundar mais nos próprios pensamentos, ouvi gritinhos animados vindo da sala. Gabriel corria com os dois amiguinhos da escola, João e Mateus, que vieram passar a manhã com ele.

Me levantei imediatamente e fui até a porta.

— Meninos, com calma, hein! — chamei. — O Gabriel ainda está se recuperando, nada de pular ou correr muito.

— A gente tá só brincando de detetive, tia! — disse João, com os olhos brilhando.

Gabriel olhou pra mim e fez aquele sorrisinho sapeca. — Prometo, mamãe. Eu tô bem.

— Eu sei que tá, mas promessa não custa nada reforçar, né?

Voltei pra cozinha e comecei a preparar um lanche pra eles. Bolo simples, suco natural, e uns biscoitinhos coloridos que eu sabia que eles amavam. Quando servi tudo, os três vieram correndo pra mesa e se sentaram como verdadeiros anjinhos.

Era até engraçado ver como meninos tão elétricos podiam ficar tão comportados na frente de um prato.

— Tá gostoso, mãe — Gabriel disse, com a boca meio cheia. — Obrigado.

Beijei o topo da cabeça dele com carinho.

— De nada, meu amor. Sejam bem-vindos, meninos.

Fiquei ali com eles um pouco, ouvindo a conversa sobre dinossauros, carrinhos e uma "super missão" que tinham que cumprir na varanda. Depois fui para o escritório revisar uns relatórios pendentes da empresa. Mas mesmo com as planilhas abertas na tela, tudo que minha mente conseguia repetir era: 19h30.

Pus as mãos no teclado, depois tirei. Abri o W******p e fui direto na conversa com Cathe.

Larissa: "Amiga, acho que enlouqueci. Aceitei jantar com o Alessandro hoje."

Demorou menos de um minuto pra ela responder:

Cathe: "VOCÊ O QUÊ???? 😱"

Larissa: "Ele me mandou mensagem de manhã. Só um jantar, calmo. Segundo ele."

Cathe: "Você ainda sente algo por ele?"

Demorei uns segundos antes de responder.

Larissa: "Sinto. Mas não sei o que é e isso me assusta."

Cathe: "Então tenta. Se for amor, ótimo, se for decepção de novo, você já provou que é forte o suficiente pra se levantar. E eu vou estar aqui com vinho e brigadeiro se precisar."

Sorri. Aquela mulher podia ser uma doida, mas era a minha doida. Respirei fundo e deixei o celular de lado, voltando aos relatórios.

***

O espelho me encarava com mais sinceridade do que eu gostaria. Respirei fundo e passei mais uma vez o batom, como se isso fosse acalmar meu coração, que estava numa disputa séria com meu cérebro: um dizia "vai", o outro gritava "cuidado".

Ouvi passinhos se aproximando e logo Gabriel surgiu na porta do quarto, abraçado ao ursinho de pelúcia.

— Tô descendo.

Desliguei e me virei para pegar a bolsa quando ouvi Rafael cochichar com um sorrisinho no canto da boca…

— Só não esquece a camisinha, hein?

— Rafael! — dei um soco de leve no braço dele, rindo e envergonhada. — É só um jantar!

— Por enquanto...

Revirei os olhos, mas sorri. Me despedi de Gabriel com outro beijinho, pedi para ele se comportar com a Julia e, com o coração disparado e um frio bom na barriga, fechei a porta atrás de mim.

Era só um jantar, mas parte de mim sabia... Podia ser o começo de algo muito mais.

Quando abri a porta do prédio, não imaginei que meu coração fosse dar uma pirueta dentro do peito. Mas deu.

Alessandro estava encostado no carro, de terno escuro, camisa branca, a gola um pouco aberta, o suficiente pra mostrar um pedaço do peito que eu já conhecia bem demais. O relógio caro no pulso, os músculos marcando sob o tecido… Ele sempre foi bonito, mas hoje… estava um absurdo.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele se aproximou com um buquê de lírios brancos nas mãos.

Lírios.

Minha flor preferida.

Ergui uma sobrancelha, surpresa.

— O que é isso?

— Tentando fazer as coisas do jeito certo — ele respondeu, me entregando as flores com um sorriso meio tímido. — Achei que você merecia ser conquistada como deveria ter sido desde o começo.

Peguei o buquê com cuidado, sem saber onde esconder o sorriso bobo que insistia em nascer. Ele se aproximou devagar, deixou um beijo leve na minha bochecha e aspirou sutilmente perto do meu pescoço.

— Ainda adoro o seu cheiro... — murmurou.

Senti um arrepio subir pelas minhas costas e meus joelhos, por um breve segundo, vacilaram.

— Você também tá... muito bonito — falei, antes que ele dissesse algo, quebrando o silêncio que ameaçava ficar íntimo demais.

Ele sorriu de lado e foi até a porta do carro, abrindo pra mim com toda gentileza.

— Sua carruagem, senhora.

— Que cavalheiro — brinquei, tentando disfarçar o nervosismo, enquanto me acomodava no banco.

Ele fechou a porta, deu a volta e entrou no carro. Ajeitou o cinto, ligou o motor e seguimos. O silêncio se instalou entre nós, só quebrado pelo som baixo do rádio, e pela confusão que era meu peito naquele momento. Eu não sabia como agir com essa versão dele. Educado, gentil, cuidadoso.

Era novo e perigoso. Porque estava me ganhando.

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