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Amargo Contrato de Casamento romance Capítulo 197

Em um lugar desconhecido

O quarto era frio, iluminado apenas por uma lâmpada pendurada lançando sombras nas paredes de concreto. Elizabeth permanecia sentada na cadeira, os pulsos marcados pelas cordas que a prendiam. Tentava manter a calma, mas a dor e o cansaço já começavam a cobrar o preço.

Um dos homens entrou, o rosto coberto por uma máscara preta. Seus passos pesados ecoaram pelo chão de cimento. Sem dizer palavra, inclinou-se e começou a desamarrá-la.

Elizabeth o observava, atenta, o coração acelerado. O simples fato de sentir as cordas se soltando a fez respirar um pouco mais fundo, mas não ousou se mover. Sabia que qualquer reação precipitada poderia ser usada contra ela.

Antes que pudesse perguntar algo, a voz conhecida soou, ecoando pelo ambiente.

— Minha querida Elizabeth… — disse David, surgindo das sombras com aquele tom de falsa delicadeza que lhe causava repulsa. Ele trajava um terno escuro impecável, contrastando com a sujeira do lugar. Ao se aproximar era possível vê-lo mancando — Como você está se sentindo?

Elizabeth ergueu o queixo, apesar do cansaço.

— Você sabe que quando John o encontrar, ele pode acabar com você

David riu baixinho, andando em círculos ao redor dela, como um predador analisando sua presa.

— Sempre tão valente… até mesmo agora. Isso me diverte. — Ele se aproximou, inclinando o rosto próximo ao dela. — Você não tem ideia do quanto planejei esse momento. O quanto sonhei em ver John ajoelhado, sem saída, sentindo a mesma impotência que um dia eu senti.

Elizabeth manteve o olhar firme, sem desviar.

— Você nunca vai vencer. John vai me encontrar e você vai ser preso.

— Oh, eu conto com isso. — David se afastou, sorrindo friamente. — Mas até lá… quero que entenda que você não está aqui por acaso. Cada detalhe, cada peça, foi cuidadosamente colocada. Inclusive… a próxima companhia que terá agora.

Ele estalou os dedos, e a porta de metal se abriu com um rangido.

Elizabeth virou o rosto na direção do som e, por um instante, seu coração quase parou. Lily entrou no cômodo, com expressão séria. Pela mão, trazia Mary, que parecia confusa, mas não assustada.

— Mamãe!

Mary souto a mão de Lily e correu até Elizabeth

Elizabeth se ajoelhou instintivamente, abraçando a filha com força, sentindo o calorzinho do corpo dela contra o seu. As lágrimas finalmente escaparam de seus olhos, caindo sobre os cabelos de Mary.

— Minha princesa… — sussurrou, apertando-a contra o peito. — Eles a pegaram, meu Deus não.

Mary a olhou, inocente, sem entender a gravidade da situação.

— Mamãe. Esse moço disse que era uma brincadeira…

As palavras da filha cortaram Elizabeth por dentro. Ela ergueu o olhar, e seus olhos marejados encontraram os de Lily. A incredulidade estampada em seu rosto superava até mesmo o medo.

— Lily… como pôde? — sua voz era um fio, quase um soluço. — A Mary te ama, confiou em você… nós confiamos…

Ao fundo, David aplaudiu lentamente, com um sorriso satisfeito.

— Agora sim. Que cena comovente… do jeito que eu queria.

Elizabeth manteve Mary apertada contra o peito, o corpo inteiro trêmulo, enquanto seus olhos fixavam-se em Lily. A incredulidade estampada em seu rosto era maior que o próprio medo.

— Lily… — sua voz quebrou. — Eu te recebi na minha casa, confiei em você, deixei que convivesse com meus filhos… Como pôde me trair desse jeito? A Mary é só uma criança.

As palavras atingiram Lily como facadas invisíveis. Por um instante, seus olhos vacilaram, refletindo uma sombra de arrependimento. A imagem da pequena Mary aninhada nos braços da mãe trouxe lembranças de quando ela própria buscava carinho e segurança. O peito apertou, quase como se quisesse correr e desfazer tudo.

Mas então, a voz fria de David ressoou atrás dela, como uma corrente invisível que a prendia:

— Não se deixe enganar, Elizabeth. Lily só se aproximou de vocês por causa de dinheiro

Elizabeth apertou Mary ainda mais, como se quisesse protegê-la do veneno que impregnava aquelas palavras. Seus olhos não desgrudaram de Lily, cheios de dor.

— Essa não é você… — disse, quase num sussurro. — Eu vejo nos seus olhos. Ainda existe algo bom aí dentro, mas está se deixando destruir e acabar com o que ainda tem de bom em você.

Lily desviou o olhar, incapaz de sustentar aquela acusação. Suas mãos tremiam levemente, mas ela as fechou em punho para disfarçar. David, percebendo a hesitação, pousou uma mão em seu ombro.

— Não dê ouvidos a ela. — sua voz era baixa, quase sedutora. — Você sabe o que está em jogo, Lily.

Ela respirou fundo, tentando se recompor. Quando voltou a encarar Elizabeth, sua expressão estava novamente endurecida, fria, como se tivesse erguido uma barreira.

— Eu tenho minhas razões. Você nunca entenderia.

Elizabeth sentiu as lágrimas queimarem nos olhos. Então segurou Mary pelos ombros, fazendo-a olhar diretamente para Lily.

— Então diga a ela, Lily. Diga para essa menina, que te via como uma amiga… que tudo não passou de uma mentira.

Mary piscou, confusa, o olhar indo da mãe para Lily.

— Tia Lily?…

O coração de Lily despedaçou. Por um instante, quis correr, abraçar as duas e pedir perdão. Mas a mão de David em seu ombro parecia de ferro.

— Basta, Elizabeth! — sua voz explodiu, mais alta do que pretendia, quase um grito nervoso. — Cuide da sua filha. É tudo que lhe resta agora.

David sorriu, satisfeito, e fez um gesto com a cabeça.

— Já chega. Vamos.

Capítulo 197 1

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