“Fernando”
Fui direto para casa, a Melissa ficaria muito feliz com a notícia de que eu havia me demitido, mas como ela geralmente sabia das coisas, eu só poderia pensar que ela percebeu antes de mim que eu estava insistindo em algo que não deveria. Eu deixaria para falar com ela depois, precisava tomar outras providências antes.
Eu tirei as malas do carro e entrei no elevador, mas antes que a porta se fechasse alguém mais entrou, alguém que eu não queria ver agora. Pra ser sincero, não queria ver hora nenhuma.
- Boa tarde, Nando. – O Rafael me cumprimentou com a cordialidade de sempre.
- Boa tarde. – Eu respondi simplesmente.
Eu queria me restringir a responder o cumprimento, mas por dentro eu tinha tanta coisa fervilhando, que eu não me contive por muito tempo. Assim que o elevador parou no andar dele, antes que ele pudesse sair, eu resolvi dar o alerta.
- Rafael. – Eu chamei e ele se virou. – Fica longe dela!
- Desculpe? – Ele me encarou como se não tivesse entendido.
- Você entendeu, fica longe da Melissa!
- Aah! – Ele deu um longo suspiro. – Você não tem com o que se preocupar. Boa tarde, Fernando.
Ele se virou e as portas do elevador se fecharam. Talvez eu tenha sido um idiota, mas agora ele sabia que eu sabia e pensaria muito antes de fazer alguma gracinha.
Eu entrei no apartamento e peguei meu celular, assim que liguei ele começou a tocar, era a Jennifer, eram muitas notificações de ligações perdidas, todas da farmacêutica ou de pessoas de lá, várias do Bóris e uma quantidade meio exagerada da Jennifer.
Eu comecei a bloquear os números, um por um enquanto as chamadas ainda estavam entrando. Demorei mais do que gostaria fazendo isso, mas quando terminei, finalmente pude sentir o silêncio e a quietude do apartamento vazio.
Me acalmei, fiz um lanche, tomei um banho e liguei para o meu tio. O momento que a família inteira havia tanto me cobrado chegou. Não era exatamente o que eu queria, mas era o que me restava. Minha idéia de fazer as coisas por mim mesmo e trilhar o meu caminho por meus próprios esforços foi um fracasso.
- Sobrinho! Que bom falar com você. – Meu tio era sempre afetuoso e gentil.
- Tio Álvaro, tem um minuto? – Eu perguntei, sabendo o quanto ele era ocupado.
- Para a família sempre tenho mais que um minuto. Algum problema? – Meu tio tinha sido um exemplo para mim a vida toda, assim como meu pai, e quando me mudei para esta cidade, ele foi um grande apoio.
- Deixei a farmacêutica. – Eu dei a notícia de uma vez.
- Não vou dizer que sinto muito. – Eu sabia que ele diria isso, sempre sincero.
- Eu sei que não, não somos hipócritas. – Eu dei um sorriso, eles sempre me ensinaram a ser sincero e verdadeiro, mesmo que fosse difícil.
- Está pronto para assumir o seu lugar? – Ele foi direto ao ponto.
- Podemos conversar primeiro? – Eu ainda tinha dúvidas.
- Eu estou em casa, quer vir aqui ou quer me encontrar em outro lugar? – Ele foi gentil em oferecer de me encontrar em outro lugar, mas eu não o tiraria do conforto da sua casa.
- Eu vou até aí. – Eu decidi.
- Que pena! Eu adoraria esfregar na cara do Alessandro que eu tenho a maluca psicopata e o ajudante dela trabalhando pra mim. Com vocês dois aqui, eu poderia até me aposentar. – Ele não estava brincando. – Mas se você não fechar com o Álvaro, lembre-se que eu te ofereci primeiro, porque eu tenho certeza que quando o Alessandro descobrir que você está no mercado ele vai te fazer uma proposta. Droga, o Don também.
- Pode deixar, Heitor, se não der certo com o meu tio eu te aviso.
- Prostituto, eu vou lá pra casa da sua mãe com o Nando. Se vira aí sem mim, mas vê se cumpre o horário de trabalho. – A Melissa avisou ao chefe e ele concordou.
- Deixa eu sair um pouco mais cedo, Mel? – O Heitor resmungou.
- Não! Você fica! – Melissa mandava mais no Heitor do que a própria Samantha.
Nós saímos da empresa do Heitor juntos. A Melissa deixou o carro dela lá para ir comigo. No caminho nós fomos conversando e ela me perguntava o que eu estava planejando fazer, como conduzir minha carreira à partir dali. Mas não tinha muito o que pensar, eu sabia que chefiaria o departamento de farmácia do hospital pelo resto da vida.
- Por que você se refere a isso como se fosse um castigo, Nando? – Ela me perguntou.
- Porque parece monótono, massante e não era o que eu queria fazer. Meu pai fez isso por anos, Mel. E é tão chato que ele se aposentou muito cedo. – Eu respondi.
- Ah, Nando, o seu pai se aposentou porque a sua mãe queria viajar por aí. – A Melissa riu.
- Viajar por aí com você é bem interessante. – eu acabei sorrindo me imaginando aposentada tão cedo quanto o meu pai.
Mas a Melissa não era a minha mãe, ela gostava do trabalho e provavelmente trabalharia para o Heitor pelo resto da vida, mesmo que o pai dela reclamasse dizendo que ela renegou a empresa da família. Mas ela encontrou o caminho dela e estava feliz. No meu caso, era bem diferente eu estava voltando para a família com o rabinho entre as pernas.
Mas estava na hora de parar de reclamar e encarar a realidade. O hospital estava a minha espera e a minha vida mudaria muito. O lado bom é que meu relacionamento com a Melissa também melhoraria depois dessa mudança.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......