“Fernando”
Era tão estranho ter aqueles dois na sala do meu apartamento, eu não conseguia pensar em nenhum motivo para que eles estivessem ali, principalmente o dono da farmacêutica, o que se achava todo poderoso.
- Fernando, a Jennifer me informou da sua saída da empresa, um tanto quanto abrupta, depois de anos integrando a nossa equipe. – Ele começou aquele discurso que eu tinha certeza que culminaria em alguma baboseira corporativa.
- Não foi abrupta, senhor, penso que a minha estadia em sua empresa tenha sido até muito longa. – Eu não precisava dar a ele o privilégio de saber que me ofendeu.
- Ah, Nandinho, fala a verdade para o titio. Você ficou chateado porque tem mais tempo de empresa e eu é que fui promovida. Mas, Nandinho, eu não tenho culpa se me destaquei mais. – A Jennifer falou de maneira condescendente.
- É Fernando, Jennifer! – Eu a corrigi e me virei para o titio. – O senhor e eu sabemos que a promoção da sua sobrinha não teve nada a ver com ela ter se destacado ou mérito, não é mesmo?!
- Fernando, talvez você não consiga compreender por não ter uma situação como a dela, mas é óbvio que a família tenha tratamento diferente dentro da empresa. Isso só é crime da máquina pública, Fernando. – Aquilo para ele era o óbvio.
- Na verdade, senhor, eu compreendo perfeitamente e, embora o senhor tenha direito de fazer o que bem entende na sua empresa, eu não me sinto à vontade para trabalhar em um lugar onde os funcionários são considerados conforme vínculos familiares e não por mérito. – Eu o encarei.
- Vou ser franco com você, Fernando, eu sei muito bem que a Jennifer não está preparada para o cargo.
- Titio! – A Jennifer olhou para o tio horrorizada.
- Quieta, Jennifer! – Ele a olhou de lado e ela murchou. – Ela não está preparada, mas ela vai aprender, desde que tenha o mentor certo. Eu não vou te dar a chefia, Fernando, mas vou te oferecer a oportunidade da sua vida.
- Acho difícil. – Eu respondi, estava até curioso para saber qual seria, na visão dele, a oportunidade da minha vida.
- Você atuará como braço direito da Jennifer e eu vou dobrar o seu salário. Veja bem, você não vai conseguir nada melhor no mercado e, sendo namorado de uma Lascuran, precisa de um bom emprego. Consiguirá até se mudar para um apartamento melhor, talvez uma cobertura. – Ele olhou em volta com certo desdém.
Eu quis rir, mas eu vi a raiva brilhando nos olhos da Melissa e achei melhor conter a situação antes que ela voasse no pescoço do homem.
- Muito generoso da sua parte, senhor. Mas eu gosto do lugar onde eu moro e, em relação a farmacêutica, minha decisão já foi tomada e eu não vou voltar atrás. – Eu o encarei e percebi a surpresa em seu rosto.
- Ora, rapaz, não se faça de difícil, você sabe que é uma excelente oferta. – Ele sorriu, será que pensava mesmo que eu estava só querendo me valorizar?
- Sim, é uma boa oferta, mas eu devo recusá-la. – Eu repeti.
- Nandinho, não faz isso, você vai ficar desempregado e sabe lá quanto tempo vai demorar para conseguir um novo emprego. – A Jennifer tinha que se manifestar.
- Cansei! Olha só, fulaninha sirigaita, para de tentar fingir uma intimidade que você não tem com o meu namorado! – A Melissa não se aguentou. – E quanto ao senhor, se veio aqui para ofender a nossa casa e o Fernando, pode ir se levantando do meu sofá e caminhando para a rua. Que palhaçada é essa? Se deu conta de que fez uma grande burrada e agora vem aqui, precisando de ajuda, pedindo para o Fernando continuar fazendo o trabalho da fulaninha sirigaita e ainda nos ofende? Mas isso está demais.
- Não, senhorita, por favor não me leve a mal... – O homem se empertigou, sem saber como responder a resposta da Melissa que estava cheia de verdades incômodas para ele.
- Não, eu levo a mal sim! É claro que você sabe que essa fulaninha é uma incompetente ou não estaria aqui. E é óbvio que você sabe que precisa do Fernando. Mas chega aqui com esse discurso arrogante de classe privilegiada e nepotista! – A Melissa estava com os braços cruzados à frente do corpo.
- Não, Sr. Domani, não houve nenhuma falha. Eu não uso o meu sobrenome para conseguir nada, eu trabalho, muito, e esperava ser reconhecido por isso. O que não aconteceu. Agora eu aceitei a minha posição no hospital e não vou voltar atrás. – Eu frisei e ele balançou a cabeça e olhou para a Jennifer com desgosto.
- Bom, então eu acho que devo desejar-lhe boa sorte. – Ele sorriu e estendeu a mão para me cumprimentar, uma grande mudança já que não fez isso quando chegou.
Eu apertei a sua mão a contra gosto, mas prevalecendo em mim a boa educação que a minha mãe me deu. Assim que eles saíram eu fechei a porta e a Melissa parecia em transe, de boca aberta.
- Como você trabalhou tanto tempo para esse babaca? – A Melissa perguntou e eu ri.
- É, parece que eu estava meio ocupado com o trabalho para prestar atenção nele. – Eu ri e olhei o relógio de pulso. – Abelhinha, eu preciso ir ou vou me atrasar.
- E o meu príncipe nunca se atrasa! – Ela colocou os braços em volta do meu pescoço. – Boa sorte, príncipe, vai lá e arrasa!
Ela me deu um beijo que foi ficando mais intenso e profundo até que eu a coloquei contra a porta e puxei suas pernas para a minha cintura, a segurando com o peso do meu corpo preso ao dela.
- Gostosa! À noite eu vou deixar o lobo mau vir te comer. – Eu falei no ouvido dela, que deu um sorrisinho.
- Adoro o lobo mau! – Ela riu e eu dei uma mordidinha leve em seu pescoço, antes de soltá-la.
Eu tinha que correr, seria imperdoável me atrasar no primeiro dia, pareceria que eu era um herdeirinho que não levava o trabalho a sério, coisa que eu odiava que pensassem.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Amei saber que terá o livro 2. 😍...
Que livro lindo e perfeito. Estou amando e totalmente viciada nesse livro. Eu choro, dou risadas, grito. Parabéns autora, é perfeito esse livro 😍...
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......