“Fernando”
Depois da joalheria eu resolvi dar uma passada no hospital. O Enzo tinha avisado que a Melissa havia saído para almoçar e eu poderia apostar que ela passaria pelo hospital só para não incriminar a Hana como delatora.
- Oi, Hana, alguma novidade? – Eu perguntei como quem não quer nada, esperando que ela me dissesse que a Melissa estava em minha sala.
- Não, nenhuma. – Ela respondeu meio desanimada.
- Você falou com a Melissa hoje? Eu preciso falar com ela, mas não estou conseguindo. – Eu precisava saber se já tinha sido delatado. A Hana estreitou os olhos pra mim.
- Pergunta logo. – Ela falou com um ar meio mandão que me fez rir.
- Você já contou pra ela que eu não estava aqui, não é? – Eu sorri e ela sorriu em retribuição.
- Eu almocei com ela e ela está no consultório do seu tio. Se você correr, talvez salve a sua pele. – Ela sugeriu e eu ri.
Saí correndo em direção aos elevadores e fui direto para o consultório. Eu acalmaria a curiosidade dela e ainda falaria com o meu tio sobre os sintomas exagerados da TPM dela. Mas quando eu cheguei à recepção do consultório ela estava vazia, eu teria que esperar a secretária voltar ou a porta do consultório ser aberta.
Eu me sentei na cadeira em frente a mesa da secretária e respirei fundo, descansando um pouco da corrida que fiz do meu andar até o consultório. Havia um único papel sobre a mesa e o nome na parte superior me chamou a atenção e mais ainda o “urgente” escrito em letras vermelhas, meu coração disparou, era um formulário médico com o nome da Melissa. Será que ela estava doente e estava me escondendo? Será que era grave?
Eu não deveria, mas eu estava preocupado, então eu peguei o formulário e comecei a ler. O urgente se referia a uma série de exames que ela havia feito e aguardava os resultados, as anotações pareciam ter sido feitas às pressas e a letra do tio Álvaro era uma coisa lastimável, mas eu consegui decifrar algumas palavras e à medida que eu ia decifrando uma coisa ou outra o meu coração disparou e eu senti a boca ficar seca e um desespero se instalou em mim. Eu estava com dificuldade para respirar e meus olhos estavam ardendo. Aquilo deveria ser um engano, não podia estar acontecendo, não com a Melissa. E onde é que eu estava que eu não tinha percebido nada?
Eu senti uma mão no meu ombro e minha cabeça girou na direção. Meu tio estava parado ao meu lado. Ele respirou fundo e me olhou com cautela.
- Me espera no consultório. – Ele sugeriu, mas eu nem sabia se minhas pernas me manteriam de pé.
- Fernando! – A Catarina me chamou e eu me virei para encará-la. Ela já sabia, mas as outras pareciam não entender o que estava acontecendo.
- Deixa, comigo, Cat. Mas não fala nada com ela, por favor, foi um erro meu deixar o relatório ali para a secretária lançar no sistema, eu não imaginei que ele fosse aparecer, ele nunca vem aqui. – O meu tio pediu e eu ouvi a Catarina concordar. Ele as dispensou, pegou o papel em minhas e apontou para a sua sala. – Você quer um chá para se acalmar? Eu não tenho conhaque aqui. – Ele perguntou ao fechar a porta.
- Eu estou calmo. – Eu respondi, mas não era verdade. – Eu vou me sentar e te ouvir sobre isso.
- Ela vai ficar muito chateada comigo. Mas o meu computador deu um defeito logo hoje e eu voltei a era das cavernas. – Meu tio lamentou, mas eu achava impossível que a Melissa se chateasse com ele.
- Tio Álvaro, me explica. – Eu pedi e ele respirou fundo.
- Melissa está grávida, Fernando. De dois meses. – Ele respondeu.
- Isso eu entendi. O que eu não entendi é como isso aconteceu com a Melissa, que nunca esqueceu um único dia o anticoncepcional e que quando acontecia algo que pudesse diminuir o efeito da pílula me obrigava a usar preservativo. – Eu o encarei porque sabia que ele tinha a resposta.
- É, ela nunca esqueceu e essa gravidez não foi proposital. – Ele falou como se alertasse para os meus pensamentos. – Ela chegou aqui muito assustada, Fernando, e ela está muito assustada, embora tente esconder isso. Eu troquei o anticoncepcional da Melissa uns meses atrás, troquei por um fabricado pela Domani.
- Sim, eu me lembro. Ela estava com vários sintomas colaterais e eu falei mil vezes para te procurar. – Eu comentei.
- Ela procurou e eu insisti no medicamento que era mais moderno e prometia um efeito muito positivo sobre a TPM, você sabe que a Melissa tem sintomas horríveis. Nós fizemos exames e eu concluí que fosse apenas a adaptação à medicação, nós decidimos tentar mais um pouco e se não melhorasse eu trocaria o remédio de novo. E eu associei um medicamento específico para a TPM, também da Farmacêutica Domani. – Ele explicou.
- E daí? – Eu estava me controlando para não pular logo para a parte em que eu perguntava por que ela não me contou.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......