Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque romance Capítulo 1096

“Enzo”

Eu precisava colocar fim na história que eu mesmo criei antes que ela se tornasse um problema, mas quando eu tive a idéia, eu não imaginei que fosse dar nisso. Eu achei melhor falar com a Melissa em outro momento e tomar providências logo.

- Nós precisamos conversar. – Eu falei com o José Miguel quando o elevador se fechou.

- Ah, lá vem! – Ele suspirou. – Toda vez que você me diz isso dentro de um elevador eu tenho até medo, Enzo.

- Não seja ridículo, Perfeito! – Eu reclamei.

- O que você quer dessa vez? – Ele se virou para me encarar.

- Melissa! Pode parar de fingir que está interessado. – Eu falei e ele começou a rir.

- Mas eu não estou fingindo. Não mais! – Ele me encarou.

- Nós tínhamos um acordo. – Eu o lembrei.

- E deu muito certo pra você. – Ele comentou e tinha razão, tinha dado muito certo.

- É, mas já chegamos onde eu queria. – Eu respondi. – Olha, Perfeito, você é um cara gente boa, perfeito, bonitão, tem um monte de mulher atrás de você que, como combinamos, eu estou mantendo longe. Mas a Mel não. A Mel é daquele príncipe que andou meio sapo um tempo, mas agora já é príncipe de novo.

- É, ela é dele. – Ele suspirou. – Mas você não deveria ter me feito olhar pra ela, Enzo, ela é uma mulher linda e interessante.

- E você está apaixonado por ela por acaso? – Eu quis saber, isso complicaria tudo.

- Não. Felizmente ela é inteligente demais e colocou um muro intransponível entre nós. Eu apenas me interessei em conhecê-la melhor. – Ele revelou. – Mas, já que ela vai se casar, não faz sentido continuar interessado.

- Muito bem, garoto! Então pode parar de ficar dando em cima dela. – Eu bati a mão no ombro dele.

- Sabe, eu achei muito curioso quando você me propôs, dentro desse mesmo elevador, que eu fingisse estar apaixonado pela Melissa para que o namorado dela ficasse com ciúmes. Por que, Enzo? Por que se meter nisso? Eles são seus amigos, eu sei, mas porque não deixar que eles se resolvessem? – Ele me perguntou e eu sorri.

- Mas eles se resolveram! Eu só mostrei ao Nando que a Mel tinha opções muito interessantes. – Eu sorri.

- Sei, mas porque isso? Por que se dar ao trabalho de armar esse plano maluco? – Ele insistiu.

- Porque eles se amam, desde sempre. Estão juntos desde adolescentes. São os primeiros e únicos na vida um do outro. – Eu respondi.

- E por que isso é tão importante pra você? – Ele insistiu.

- Porque eu tenho um amor assim, Perfeito. – Eu suspirei pensando na minha Luna. – Em tempos modernos isso é muito raro, os amores são fugazes e muitos se perdem por causa de ilusões. Um dia, alguns anos atrás, eu perguntei para a Melissa se um amor de juventude poderia durar a vida inteira. Ela me garantiu que sim, que ela e o Fernando seriam assim.

- E você ama a sua namorada tanto assim! – Ele respirou fundo e fechou os olhos, contendo alguma emoção dentro de si mesmo. – Sim, garoto, amores de juventude podem durar a vida inteira.

- Foi por isso que quando percebi que os dois estavam se perdendo eu achei que precisava ajudar, porque se fosse eu, eu gostaria que me ajudassem, eu não iria querer perder a Luna por uma bobagem, como a que o Fernando estava cometendo. – Eu expliquei.

- Você tem o coração no lugar certo, garoto! – Ele sorriu, mas não foi um sorriso feliz. – Mas por que eu, Enzo? Você poderia ter pedido isso pra qualquer outro, nós mal nos falávamos antes disso.

- E agora somos ótimos amigos! Tinha que ser você, porque você é perfeito! É o tipo príncipe que a Srta. Lascuran adora! – Eu sorri. – Então, estamos resolvidos, você parou por aqui? – Eu perguntei para ter certeza.

- Sim, Enzo, eu parei por aqui, mas você vai continuar cumprindo a sua parte no acordo. – Ele respondeu e eu ri.

- Fácil e divertido. Pode ficar tranquilo que eu continuo espantando as mulheres que querem um pedaço de você. – Eu respondi com uma risada. – E eu ainda estou de olho na diretora de recursos humanos, mas ela não vai voltar a te atormentar.

- Aquela mulher é sem noção, uma inconveniente. Olha, esse acordo com você valeu a pena só por me livrar dela. – Ele estava aliviado, porque a diretora de recursos humanos era uma predadora e andava irritando o José Miguel e todo o departamento financeiro com sua insistência sem noção. – Como você conseguiu isso?

Eu estava interessado na cena divertida em minha frente, a assistente desajeitada e sem graça que tentava abrir o pacote de açúcar e o Sr. Perfeito, que estava olhando para ela com toda a reprovação, pegou o pacote das suas mãos delicadas, tirou uma tesoura da gaveta onde ele estava encostado, abriu o pacote e devolveu a ela.

- Sim. E você é o Enzo. – Ela sorriu pra mim, toda simpática.

- Isso aí, se precisar de alguma coisa é só me dizer. – Eu me aproximei e abaixei o tom de voz. – Inclusive sou eu quem faz o contrabando aqui.

- Contrabando? – Ela me olhou sem entender.

- Os biscoitos amanteigados. Sou eu quem os traz do departamento comercial pra cá. – Eu murmurei e ela riu. A moça era bonita. – Mas não conta para o seu chefe, ele não gosta dos amanteigados.

- Eu prefiro os de chocolate, seu boca grande. Mas agora o departamento já pede os amanteigados na administração e o máximo que você anda contrabandeando são as balinhas da recepção. – O José me encarou tentando não rir.

- São as melhores, são de fruta e macias. – Eu brinquei e a Eva sorriu ainda mais.

- Eu gosto das de maçã. – Ela confidenciou e eu tirei duas do bolso e a entreguei disfarçando o que a fez dar uma risada mais alta.

A Eva era adorável mesmo e eu notei o jeito como o Perfeito estava observando a cena, com um interesse que ele tentava esconder. Ela me agradeceu, encheu o pote de açúcar e devolveu para o lugar, serviu um café, me deu um tchau e já ia saindo.

- Ei, você não adoçou o seu café. – Eu falei apontando para o açúcar.

- Eu gosto puro. – Ela sorriu e se foi.

- Puro, ouviu. – Eu falei para o Perfeito e servi duas canecas de café, adocei o meu e me virei para ele. – Quantas colheres para você?

- Idiota! – Ele franziu as sobrancelhas para mim e pegou a caneca que não estava adoçada. – Você sabe que é puro!

Ah, algo me dizia que eu precisava mudar para esse departamento e me divertir um pouco!