“Fernando”
Os dias pareciam estar passando tão rapidamente quanto chuva de verão, aquela que vem e logo vai embora. Com os preparativos para a formalização da nova diretoria do hospital, o lançamento do projeto do centro de cuidados integrados e a reformulação de vários protocolos, o dia voava no hospital e em casa, a rotina com a tropinha nem podia ser chamada de rotina, era uma completa loucura, uma bagunça generalizada que a Melissa tentava controlar com os diários de cada um e começando a antecipar coisas como a mamadeira ou o banho antes que tivéssemos seis sirenes ligadas a todo vapor.
Mas finalmente tinha chegado o dia do coquetel para anunciar a posse e arrecadar fundos e apoiadores para o nosso centro, cuja construção do prédio anexo já estava a todo vapor e seria concluída em breve.
- Eu estou um pouco nervoso. – Eu falei com a Melissa antes de entrarmos no salão do hospital onde estava acontecendo o evento.
- Nervoso porque? Você já está brilhando nessa diretoria, seu pai e o tio Álvaro estão muito orgulhosos e eu mais ainda. – A Melissa ajeitou a minha gravata e me deu um beijo.
- Mas todas essas pessoas hoje vão estar prestando atenção em mim, em tudo o que eu disser e fizer. – Eu acrescentei e ela sorriu.
- Nando, apenas seja você. Você é sedutor, cativante, envolvente. Você nem percebe que você atrai as pessoas com esse seu jeito calmo, tranquilo. Além do mais – ela se aproximou para falar no meu ouvido –, eu vou segurar a sua mão até você não sentir mais medo.
- Como você fez quando a gente tinha dez anos e você obrigou a Catarina e eu a assistirmos “Poltergeist” com você! – Eu sorri e dei um beijo em seu rosto. – E à partir de então você sempre segura a minha mão quanto eu estou nervoso e com medo.
- E você segura a minha. – Ela me deu um beijo no rosto e se afastou. – Estamos prontos?
- Você nasceu pronta, abelhinha!
Nós nos viramos e caminhamos até a porta. Quando entramos no salão eu fiquei paralisado por alguns segundos. O que o meu tio tinha feito? Eu esperava um coquetel pequeno para alguns empresários e profissionais da área de saúde, mas o meu tio tinha organizado um verdadeiro baile, até a imprensa estava ali.
- Gente, a Haydèe arrasou! – A Melissa comentou ao meu lado. – Olha, eu sou boa em organizar eventos, mas a Haydèe, ela é a diva suprema quando o assunto é evento! Eu vou ter que dar um jeito de me infiltrar naquele clubinho secreto dos pais.
- Mel, isso aqui é muito mais do que eu estava esperando. – Eu comentei ainda surpreso com o que eu via.
Era um mar de gente naquele andar do hospital que geralmente era usado para conferências e encontros entre profissionais da saúde. Vários telões estrategicamente posicionados passavam o tempo inteiro a história do hospital contada em fotos e vídeos e legendas elaboradas. Havia tudo o que uma festa elegante poderia ter, e um grupo de cordas tocava uma música instrumental suave. Era bonito, elegante e pomposo. As risadas das pessoas chegavam aos meus ouvidos.
- Nós podemos fugir agora? – O Vinícius parou ao meu lado, tão impressionado quanto eu. – Quando seu tio me convidou para a direção clínica do hospital eu não imaginava isso. Achei que era só lidar com a equipe e as formalidades médicas, mas não pensei na importância que isso teria.
- Quer saber, nem eu. – Eu respondi. – Eu só pensei que era trabalho, puro e simples, e pensei muito no que significava para a minha família, mas não pensei no que o hospital representa publicamente.
- Cara, como o Álvaro fez isso por tanto tempo? – O Vinícius estava como eu, um tanto assustado se dando conta da nossa responsabilidade.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......