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Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque romance Capítulo 1231

“Giovana”

Eu olhei para a porta e o Rubens havia parado a dois passos dela, do mesmo jeito que ficava no bar do meu pai, pernas abertas, mãos juntas à frente do corpo, cara de poucos amigos. Ele era sempre gentil comigo quando eu ia ao bar com o meu pai e ele sorria e quando sorria parecia a pessoa mais divertida do mundo. Mas agora ele não estava sorrindo.

- Rubens! – Eu chamei e ele se virou em minha direção, sem sorrir, apenas aquela seriedade. Também não disse nada, apenas me olhou e esperou. – Você está namorando a minha tia?

- Nós estamos nos conhecendo. – Ele falou simplesmente, sem nenhum sorriso ou brincadeirinha que ele fazia sempre e já estava voltando a sua posição.

- Rubens! – Eu chamei de novo e ele me olhou outra vez. – A minha tia é muito legal.

- Sim, ela é! – Ele falou mais uma vez de forma mecânica e voltou a sua posição.

- Rubens! – Ele se virou para mim, mas dessa vez colocou a cabeça de lado. – É verdade que o pai do Anderson morreu e ele trabalha para ajudar a família?

- Quem te contou isso? – Ele perguntou, ainda com aquela voz mecânica, quase sem vida, sem entonação nenhuma.

- O Anderson. – Eu respondi e ele ergueu as sobrancelhas demonstrando surpresa.

- Curioso! O garoto não costuma falar disso. – Eu tive a impressão de que o Rubens não falou comigo. – É verdade! Esse garoto é muito responsável e carrega um fardo muito grande, mas ele é um filho amoroso, gentil e se preocupa com a família.

- Você o chama de garoto. Ele não se importa? – Eu achei graça.

- Por que se importaria? Ele é um garoto! Tem idade para ser meu filho. É uma forma carinhosa, Giovana. – Ele explicou com a mesma seriedade.

- Você tem filhos? – Eu nunca havia perguntado nada da vida pessoal dele.

- Não, não tenho! – Ele respondeu, ainda seco e sem humor e voltou para a sua pose de segurança.

- Rubens! – Eu chamei mais uma vez e ele se virou, então eu me aproximei. - Me desculpe! Eu descontei em você, que não tem nada a ver com o que está acontecendo. – Eu dei um sorriso sem graça. – Você pode voltar a me tratar como antes? Eu gosto mais do Rubens que sorri.

Era um pedido de desculpas sincero, porque eu realmente não gostava do que estava acontecendo, eu não gostava daquele Rubens distante, assim como estava sofrendo porque a Melissa deixou de ser minha amiga. Eu não queria perder as pessoas das quais eu gostava, eu só queria que eles me entendessem, como a Hana me entendeu hoje e eu nem sei como ela conseguiu, eu não esperava que logo ela soubesse como eu me sentia.

- Giovana, posso te falar uma coisa? Sem que você grite, brigue ou faça uma tempestade? – Ele perguntou e eu fiz que sim. – Olha, eu tenho quarenta e cinco anos, quase três vezes a sua idade, já vi muita coisa na vida. Já vi jovens como o Anderson se perderem e não terem uma segunda chance. Já vi meninas como você caírem em má sorte porque não aceitaram conselhos de quem já viveu mais, meninas como a Hana, que caíram na mão de bandidos, agressores, a pior escória, e não tiveram a proteção e o amor que você tem aqui. A própria Hana, quase morreu e a mãe não se importou, sorte dela que tem um tio que se preocupou com ela ou estaria morta. Você tem pais amorosos, uma tia que te adora, a Hana que é uma pessoa muito especial, tem a mim que vou te proteger independente do meu vínculo com o seu pai. E arrisco dizer que você tem o Anderson. Por que, Giovana, você não experimenta esse caminho que nós estamos te oferecendo? Tenta! Se for tão ruim assim, você senta com os seu pais e conversa, porque é conversando que as coisas se resolvem e não gritando.

Eu prestei atenção a cada palavra que o Rubens disse, cada coisa e eu estava olhando para ele como se todas aquelas palavras girassem dentro da minha cabeça.

- Mas e se eles não me ouvirem? – Eu perguntei.

- Quando você fala e argumenta de forma razoável todo mundo ouve. Adultos ignoram pirraça e gritos. – Ele me olhou como se tivesse me contado algo muito importante.

- Rubens, eu posso contar com você? – Eu perguntei e ele me olhou com um meio sorriso.

- Claro que pode! – Ele respondeu com a voz um pouco mais suave.

- Você não vai voltar a me chamar de menina? – Eu perguntei, olhando para o chão.

- Não, já sei que você não gosta! – Ele respondeu simples assim.

- Eu não me importo. É uma forma carinhosa, não é? – Eu falei sentindo a vergonha de ter sido tão cruel com ele.

- Sim, é uma forma carinhosa, menina! – Ele respondeu com aquele sorriso que eu gostava. – Vem cá, me dá um abraço.

Eu fui até ele e o abracei, eu senti o carinho no abraço que ele me deu, senti tudo o que ele falou ali, inclusive senti a preocupação. O Rubens tinha um abraço de urso, parecia que envolvia a gente e deixava quentinha e confortável. Era um abraço que parecia acalmar as minhas angústias. Eu fechei os meus olhos e apoiei a cabeça nele e senti sua mão fazer um carinho na minha cabeça, igual o meu pai fazia.

Eu pensei que talvez eu pudesse voltar a usar as minhas coisas com cheiro de algodão doce, eu também não gostava do cheiro daquelas coisas que a Aisling escolheu para mim.

- Bruto ridículo, vira essa poltrona pra cá. Eu estou sem sono, quero conversar um pouco. – Eu falei e ele não se moveu.

- Não sou seu escravo! – Ele falou e eu sabia o que ele queria.

- Bruto ridículo, por favor, você pode virar a poltrona e conversar um pouco comigo? – Eu pedi gentilmente.

- Não sei, não quero invadir o seu espaço. – Ele falou.

- Ai, Anderson, eu estou pedindo para você conversar um pouquinho comigo, por favor, o que te custa! – Eu falei e ele riu, estava brincando comigo de novo.

- Pedindo assim, até falando o meu nome, eu não resisto! – Ele se levantou e virou a poltrona, me olhou por um momento e se sentou. – Posso perguntar uma coisa?

Eu fui até a cama e peguei o pote de doces e ofereci a ele. Ele tirou um pirulito colorido e eu tirei outro igual. Então eu me sentei na cama, e esperei a sua pergunta, que veio depois que ele colocou o pirulito na boca.

- Por que você pintou o seu cabelo de verde? Você tinha um cabelo tão lindo! – Ele comentou e eu peguei as pontas do meu cabelo curto com tristeza.

Eu não tinha gostado daquilo, mas foi um desafio, para entrar na turma, e a Aisling disse que o cabelo comprido me deixava com cara de menininha. Ela tinha o cabelo curtinho e me convenceu que o meu, comprido como era, era feio e coisa de criança. E depois ela me convenceu a mudar a cor. Eu estava num lugar diferente e eu queria ser aceita, então eu fiz, porque eu queria ser da turma dela, ser descolada, mas eu nunca contaria isso para ninguém.

- É só uma cor. – Eu dei de ombros.

- Não combina com você, parece que você está doente. – Ele falou simplesmente e eu achei que ele fosse um daqueles implicantes que não achavam que uma garota pudesse pintar o cabelo, mas ele me surpreendeu. – Acho que o rosa ficaria melhor, acho interessante cabelo rosa, mas o preto do seu cabelo era lindo!

Eu fiquei pensando sobre isso. E mesmo durante o tempo em que nós ficamos conversando sobre coisas aleatórias e colorindo aqueles livros que a Hana trouxe, sim ele coloriu comigo, mesmo durante esse tempo o cabelo verde não estava só do lado de fora da minha cabeça, também estava dentro.

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