“Hana”
Era como se eu estivesse acordando em um pesadelo, eu estava me sentindo desorientada, totalmente sem noção de tempo e de lugar, confusa, com a visão embaçada e meus braços e pernas estavam pesados como chumbo e isso me deixou nervosa. Eu não conseguia me lembrar o que estava acontecendo. Ao meu redor as vozes pareciam abafadas, como se eu estivesse debaixo d’água. Então eu tentei me fixar na voz aguda de uma mulher que parecia estar sentada ao meu lado.
- Já disse senhora, nenhum paciente sai sem apresentar o sumário de alta. – A mulher parecia impaciente.
- Mas isso é um absurdo! Você está nos mantendo aqui contra a nossa vontade! – Uma voz familiar parecia gritar ao meu redor, mas eu não conseguia identificar quem era, então eu tentei prestar atenção àquela conversa, mas eu estava tão zonza.
- O que está acontecendo aqui? – Eu ouvi a voz de um homem se aproximando e um vulto branco parou em minha frente. Era só um borrão diante de mim.
- Doutor, eu estou explicando para o casal que preciso dos crachás e do sumário de alta da paciente que eles estão levando. – A primeira voz que eu havia ouvido voltou a falar, mas eu não entendia do que eles falavam.
- Por questões de segurança vocês não podem sair sem apresentar o sumário de alta da paciente. – O homem repetiu o que a mulher já havia falado.
- Sai da frente, porque nós vamos sair. – A mulher que gritava continuou gritando e a voz dela, embora me parecesse familiar, era desagradável.
- Sinto muito, mas isso não será possível! Chame a segurança. – O homem diante de mim falou com a voz muito firme e se abaixou em minha frente. – Mas é a Hana! – Ele falou e tirou algo do meu rosto que pareceu deixar tudo mais claro. – Chama a segurança e prendam esses dois, é a Hana! – Ele continuou falando e uma confusão pareceu acontecer ao meu redor.
Tudo o que eu consegui perceber foram braços me segurando e me levando para um lugar com uma luz muito branca e me colocando deitada. No minuto seguinte havia mais gente ao meu redor e aquele mesmo homem continuava falando comigo.
- Hana! Hana! Foca em minha, na minha voz. Você está me ouvindo? – Ele perguntou, a sua voz era agradável, mas dava comandos firmes. Eu fiz que sim e ele continuou. – Ótimo, querida! Presta atenção na minha voz. Sabe quem eu sou, onde você está? – Eu fiz que não. – Eu sou o Vinícius, Hana, seu amigo e médico. Você está no hospital que você trabalha. – Meus olhos se fecharam era tudo estranho e eu nem conseguia me lembrar quem era ele, mas eu sentia que podia confiar. – Hana, mantenha o foco na minha voz. Eu vou te examinar, está bem? Descobrir porque você está assim. – Ele falou e eu fiz que sim, mas mantive os olhos fechados.
Eu senti a picada em um braço, depois um aperto no outro, algo foi colocado no meu peito, outra coisa no dedo e eu fui sentindo mais um sem fim de coisas pelo meu corpo, até que uma máscara foi colocada em meu nariz e uma corrente de ar fresco invadiu os meus pulmões.
- Hana, isso é para te ajudar a se sentir melhor. Eu estou aqui com você, está bem? Você consegue se lembrar o que aconteceu? – A voz daquele homem era tão agradável, mas eu não me lembrava de nada, era tudo confuso, apenas fragmentos de acontecimentos confusos em minha mente. – Tudo bem, querida, feche os olhos e respire fundo, você vai ficar bem. Eu vou ficar aqui com você.
Ele segurou a minha mão e eu senti que estava tudo bem. Eu fechei os olhos e respirei fundo como ele disse, tentando me lembrar do que aconteceu, de quem era ele, eu o conhecia, mas eu não conseguia ligar o nome a pessoa. De repente uma outra voz, mais preocupada e agitada irrompeu naquele lugar.
- Ela está aqui! Ah, que alívio! Ela está aqui, chefe, com o Dr. Vinícius! – A voz masculina parecia agitada, mas aliviada e era uma voz que eu gostava de ouvir.
Eu abri os meus olhos e o rosto em minha frente estava desfocado, mas eu identifiquei um sorriso.
- O que aconteceu, doutor? – Ele perguntou e tocou o meu rosto.
- Ela foi drogada, com o quê eu ainda não sei, mas já coletamos material e eu pedi urgência nos exames ficam. Mas ela parece confusa, sonolenta, sem controle dos membros superiores e inferiores, a pressão está baixa, a pele muito pálida, pulso lento e as pupilas também demoram a reagir a luz, então eu tenho uma suspeita do que pode ser, mas temos que esperar para ter certeza. Se eu estiver certo, dentro de uns trinta minutos ela vai começar a se sentir melhor. – O outro homem respondeu. – Mas ela vai ficar bem, só temos que aguardar. Vamos ver o que os exames de sangue nos dizem.
- Pequena, eu estou aqui com você, seu brutamontes, viu?! Vai ficar tudo bem. E o seu psicogato já está vindo. – O segundo homem falou comigo com carinho e aquela palavra “psicogato” dançou na minha mente como se espalhasse uma sensação boa e feliz por todo o meu corpo. Eu me agarrei a ela e fechei os olhos outra vez, tentando me lembrar.
Era tudo tão confuso, imagens soltas rodando a minha mente como um flash, tudo desordenado e caleidoscópico. Enquanto eu tentava encontrar a coerência e a ordem em minha mente, eu ouvia bipes, zumbidos, vozes abafadas. Aquele homem apertava a minha mão e era reconfortante. O outro continuava ao meu lado também, como se prestasse atenção nas coisas. Então mais uma confusão irrompeu perto de mim.
- Minha flor, eu cheguei! Cheguei! – Outro homem se aproximou, parecia angustiado, mas a voz dele foi como se me aquecesse por dentro e quando ele pegou a minha mão que o outro soltou eu senti algo tão bom que eu queria que ele me abraçasse.
Ele se abaixou e beijou o meu rosto, passando a mão gentilmente pelo meu cabelo e foi como se eu pudesse voltar a sentir cada pequena parte de mim. Meus olhos se fixaram nele, que ainda era uma imagem distorcida, mas eu queria vê-lo e queria que ele não me soltasse.
- Dr. Vinícius, quanto tempo isso ainda vai durar? – Ele perguntou aflito para o homem que havia chegado primeiro.
- Eu estimo que entre trinta minutos e uma hora, Rafael. – O outro respondeu e o nome que ele disse, ah, eu sabia quem era, era o meu amor.
Eu me esforcei o máximo que pude e apertei a mão do meu amor na minha, a segurei bem firme e fechei os olhos, sentindo uma calma me invadir. Ele se abaixou ao meu lado falando palavras doces e gentis e me garantindo que eu ficaria bem. Não sei quanto tempo durou aquilo, aquela sensação de desconforto e total desconexão da realidade. Mas aos poucos minha mente foi clareando como o céu depois da tempestade e meu corpo e minha mente voltaram a me obedecer.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......