“Raíssa”
Foi bom ter saído um pouco, me lembrar que eu sou uma mulher adulta e não apenas mãe. E como o Bóris me lembrou bem disso! Mas hoje eu tinha que fazer algo que eu tinha evitado o máximo que pude, algo que se eu pudesse eu continuaria evitando, visitar a minha mãe, porque ela daria um chilique quando soubesse que nós estávamos de volta. E olha que isso era tudo o que ela ia saber, que estávamos de volta, os detalhes a Rúbia e eu não contaríamos. Já seria complicado explicar que nós tínhamos namorados e isso, teríamos que explicar, porque nenhum dos dois abriu mão de nos acompanhar.
- Vamos lá, mana, nós somos mulheres adultas, bem resolvidas, corajosas, empoderadas e podemos enfrentar a D. Arlete. – A Rúbia falou, mas eu me sentia uma criancinha que tinha quebrado a porcelana preferida da mãe outra vez.
- Nós não podemos continuar fingindo que estamos em outro país? – Eu me virei para a Rúbia, que estava olhando fixamente para a casa de paredes brancas.
- Mana, isso é muita doideira até pra mim. Vamos lá enfrentar a fera. O que ela pode fazer? Gritar? Isso ela vai fazer! – A Rúbia respondeu.
- Ela pode fazer a minha filha me odiar de novo. – Eu lamentei.
- Ela pode, mas o gracinha faz a ferinha te amar outra vez com dois beijos. – A Rúbia riu. – Anda, vai ser chato e desagradável, mas depois que ela colocar pra fora o ressentimento por não ter podido opinar, melhora.
Eu respirei fundo e toquei a campainha. A minha mãe apareceu na porta, com o cabelo desarrumado e a roupa desalinhada o que não combinava muito com ela, que andava sempre impecável. Os olhos dela pareciam que iam saltar das órbitas quando nos viu ali no portão e antes que ela pudesse reagir, uma voz masculina soou dentro da casa.
- Dispensa logo, Letinha, e volta aqui pro sofá que eu quero te dar mais uns beijos antes de irmos a missa.
Eu olhei para a Rúbia e ela me olhou e de repente nós tínhamos tudo o que precisávamos para acalmar a nossa mãe ou pelo menos para mantê-la fora das nossas vidas!
- Ô, Letinha, fala pro gatão que não vai dar pra dispensar não. – A Rúbia gritou do portão.
- Olha o respeito, Rúbia Helena! – A nossa mãe gritou e eu estava me segurando para não cair na risada, enquanto ela voltou para dentro de casa.
- Não ri, não, Raíssa Fernanda, mamãe está nervosa! Atrapalhamos o encontrinho dela. – A Rúbia falou divertida. – E agora nós temos o controle sobre a D. Arlete!
- E vamos usar isso a nosso favor! – Eu sorri aliviada pela primeira vez desde que acordei essa manhã.
- E eu que achei que ia surpreender a sogra! - O Bóris comentou e nos fez rir.
Nossa mãe saiu novamente, com os cabelos penteados e a roupa arrumada. Abriu o portão e nós entramos a abraçamos e apresentamos o Rubens e o Bóris como nossos namorados. Ela nem era louca de começar a fazer perguntas ou nos recriminar, considerando o que encontramos ali. E o que encontramos foi o Sr. Geraldo, o viúvo que morava sozinho na casa no fim da rua, de pé no meio da sala, parecendo muito sério e formal. Ele era um homem muito sério e estava viúvo há muitos anos. Todas nós havíamos conhecido a finada esposa dele que inclusive tinha boas relações com a nossa mãe.
- O Sr. Geraldo, mãe? A senhora não é fraca não, hein?! – A Rúbia encarou a nossa mãe que estava com a cara fechada e nem nos olhava direito, mas quase respondeu a Rúbia. – Como vai, Sr. Geraldo?
- Rúbia, querida, há quanto tempo! – Ele cumprimentou a Rúbia com um sorriso e dois beijos no rosto e depois se dirigiu a mim. – Raíssa, que bom te ver. Mas onde está a Gigi?
A forma carinhosa como ele se referiu a Giovana me chamou a atenção.
- Está na casa do pai, Sr. Geraldo. – Eu sorri.
- Ah, eu quero muito vê-la e agradecer por ter me dado coragem para me aproximar da sua mãe. Espero que vocês não se oponham ao nosso namoro, meninas, minhas intenções são sérias e respeitosas. – O Sr. Geraldo comentou sarisfeito.
- Sérias e respeitosas, Sr. Geraldo? O senhor estava dando um belo amasso na mamãe bem aqui no sofá! – A Rúbia comentou e eu comecei a rir, não dava mais pra segurar.
- Agora chega! Todos vocês, sentados! – A nossa mãe ordenou com aquele jeito autoritário que não deixava margem a discussão e até o Sr. Geraldo se sentou caladinho. – Muito bem! Rúbia Helena, mais respeito, porque eu sou sua mãe!
- Ué, mãe, mas tava mesmo dando uns amassos no sofá! – A Rúbia repetiu. – Vai, conta pra gente, o Sr. Geraldo manda bem?
- Quieta, Rúbia! – Nossa mãe falou e a Rúbia se calou mordendo os lábios. – Raíssa Fernanda, por que você não trouxe a minha neta?
- Porque ela andou aprontando e está de castigo. E porque eu quero falar com a senhora primeiro e o Rafael mandou um recado muito claro que é para você não se meter na educação da Giovana Maria! – Eu avisei e ela bufou.
- Vocês não sabem criar filhos! – Ela reclamou.
- Ah, porque você sabe! Você que queria nos manter na barra da sua saia pra sempre. Você que não respeita as nossas decisões e que tanto se meteu na vida da Rai que fez a filha dela pensar que a mãe não a amava! Você sabe! – A Rúbia descarregou de uma vez só, não seria o primeiro embate das duas, mas dessa vez eu resolvi interromper. Eu fiquei de pé e encarei a minha mãe.
- É o seguinte, mãe, senta aí que eu tenho umas coisas para te informar e agora quem vai impor os limites sou eu! – A minha mãe sentou de boca aberta, sem acreditar que eu estava usando o tom autoritário dela contra ela mesma.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......